Hoje é dia de
estreia no Gastronomix. O chef e publicitário Gustavo Pereira participou duas
vezes da seção EU RECOMENDO, em que convidados escrevem sobre experiências
interessantes. Na primeira vez, falou sobre um belo restaurante
francês em Berlim. Na outra participação, um belo texto sobre um japonês em
Amsterdã. E os leitores do Gastronomix pediram mais dicas. Convite feito,
convite aceito. Gustavo escreverá a coluna POR AÍ, que será publicada
semanalmente, às quintas. Bom para nós!
Gustavo ama
viajar e cozinhar. A ordem pouco importa. Mas ele traz um olhar aguçado e uma
bela seleção de sabores e curiosidades por onde passa. Sem mais delongas, vamos
ao texto inédito e de estreia da coluna. A experiência que teve no Noma,
considerado por muitos, o melhor restaurante do mundo.
POR AÍ // 23
POR AÍ // 23
Gustavo Pereira
Colunista de Gastronomia do Gastronomix
Um restaurante que durante anos ocupou o posto de melhor restaurante do mundo. E não por acaso, mas com muita dedicação, pesquisa de ingredientes e novas combinações fizeram do restaurante Noma em Copenhagen um disputado restaurante na gastronomia mundial Atualmente, ele ocupa a terceira posição do ranking dos melhores restaurantes do mundo, pela revista Restaurants.
Colunista de Gastronomia do Gastronomix
Um restaurante que durante anos ocupou o posto de melhor restaurante do mundo. E não por acaso, mas com muita dedicação, pesquisa de ingredientes e novas combinações fizeram do restaurante Noma em Copenhagen um disputado restaurante na gastronomia mundial Atualmente, ele ocupa a terceira posição do ranking dos melhores restaurantes do mundo, pela revista Restaurants.
Para os amantes da gastronomia, ir a
Copenhagen e não visitar o Noma é como ir a Paris e não visitar a Torre Eiffel.
Digo isso com propriedade de quem teve a melhor experiência gastronômica por
lá, porque o Noma não é só uma referência para a gastronomia global, como é um
dos restaurantes mais influentes deste século levando a cultura e os
ingredientes escandinavos a outro patamar.
Claro que a
Escandinávia estava em meus planos de viagem algum dia, porém não imaginava que
seria naquele ano. Imaginava conhecê-la quando estivesse mais velho, mas quando
surgiu o convite de alguns amigos, decidi que o restaurante Noma tinha de estar
presente neste roteiro de qualquer maneira.
Primeira
etapa: convencer meus amigos a irem ao Noma, afinal não é um restaurante
barato. Prepare o bolso para o almoço ou o jantar mais caro da sua vida.
Segunda etapa: conseguir uma reserva no restaurante mais disputado de
Copenhagen. A primeira etapa não foi difícil, algumas matérias sobre o Noma e
tudo estava acertado. Já a segunda etapa durou uns três meses até próximo do
meu embarque. Foram vários telefonemas, tentativas frustradas pelo site do
restaurante e alguns emails depois, consegui finalmente uma reserva para 8
pessoas.
Não se esqueçam
da diferença de fuso horário, alguns dias tive que acordar as 5 da manhã para
conseguir fazer a reserva pelo site. No final das contas o que deu certo foi as
tentativas por telefone para o meu último dia de estada em Copenhagen.
Nem preciso
dizer que os dias que se antecederam a ida ao restaurante Noma foram de muita
expectativa. O ano era 2013, eles tinham acabado de cair para a segunda posição
do ranking e provavelmente estavam fazendo de tudo para voltar para a primeira
posição porque tudo, realmente tudo, estava perfeito.
Ao chegar lá,
fomos recebidos por toda a equipe na porta do restaurante, cumprimentando um a
um. Logo na entrada, a cozinha toda de vidro é o que mais chama a atenção no
restaurante que mais parece uma taberna. Chão de madeira, vigas cinzas aparente
, mobiliário na cor preta, ambiente bem iluminado, sem grandes requintes,
porque ali a estrela principal do restaurante é realmente a comida.
O garçom nos
levou até nossa mesa e explicou como funcionaria a orgia gastronômica. Ao todo,
seriam 23 pratos podendo ser harmonizados ou não com vinhos, e todos os
ingredientes são locais, muitos deles sendo cultivados na própria horta do
restaurante, e que o menu muda de acordo com a estação do ano. Como estávamos
no verão dinamarquês, os pratos servidos a seguir seriam bem mais leves com
muitas hortaliças locais. Um dos atendentes perguntou se alguém tinha alguma
restrição alimentar, eu que já tinha lido que o prato camarões vivos era comum
no Noma tratei logo de falar sobre eles. Com muito humor, ele disse que,
naquela estação, não teriam os famosos camarões vivos, mas, em uma das
sobremesas, teríamos formigas cultivadas no próprio restaurante.
Seria loucura da minha parte descrever os 23 pratos aqui, mas posso garantir que foi a experiência gastronômica mais fantástica que já passei. Conheci novos ingredientes, experimentei novos sabores, aprendi novas técnicas e, principalmente, descobri uma cultura nova por meio da comida. A cada prato apresentado, os garçons vinham até a mesa e não só descreviam os ingredientes como contava um pouco da técnica.
Seria loucura da minha parte descrever os 23 pratos aqui, mas posso garantir que foi a experiência gastronômica mais fantástica que já passei. Conheci novos ingredientes, experimentei novos sabores, aprendi novas técnicas e, principalmente, descobri uma cultura nova por meio da comida. A cada prato apresentado, os garçons vinham até a mesa e não só descreviam os ingredientes como contava um pouco da técnica.
Um a um até
completar os 23 pratos. O que se aprende ali, que tudo é possível. Que os
ingredientes bem feitos podem combinar com tudo. E que tudo pode ser local,
cultivado com cuidado. Eles aproveitam todas as partes dos ingredientes, sem
perder nada, sem descartar nada. Tudo é muito colorido, vegetais, hortaliças,
flores, frutas, tudo junto e misturado podem criar pratos memoráveis. A
apresentação dos pratos, isso é uma diversão a parte, nem tudo parece ser o que
é. E tudo estava ali perfeitamente pensado para confundir sua visão, fazendo o
paladar trabalhar mais para adivinhar o prato que você achava que era. Tudo
muito gostoso.
O ápice do
almoço foi descobrir que uma das várias sobremesas servidas era uma pasta de
formiga criada apenas com frutas vermelhas. E, acredite se puder, a pasta
formada apenas por formigas locais ao morder tinha um leve gosto de frutas
vermelhas sim.
Vale perder o
preconceito e experimentar sabores novos. Vale conhecer a cultura de um lugar
também pela gastronomia local e aprender muito com quem faz da comida uma forma
de conexão e experiência.
Por isso,
recomendo muito o restaurante que mudou a forma de eu me relacionar com os
ingredientes. E, claro que no final dessa experiência toda, o próprio Chef Rene
vai de mesa em mesa e nos leva para um tour em sua cozinha onde com a maior
maestria nos apresenta ao melhor da gastronomia Escandinávia atual.
Noma
Strandgade 93, 1401
København K, Dinamarca
Telefone: +45 32 96 32 97
Strandgade 93, 1401
København K, Dinamarca
Telefone: +45 32 96 32 97
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