“O que você pensa quando escuta falar de hambúrguer? Um esferoide
robusto e suculento de carne moída, coberto por uma generosa porção de queijo
derretido, prensado por dois pães macios? Ou um isopor redondo produzido com
especificações industriais e servido por escravos assalariados para uma
população obesa? É cozinha ou mercadoria? É um ícone de liberdade ou a
quintessência da conformidade?
Não importa o que você pensa. O hambúrguer não é apenas um
sanduíche. É um nexo social. É um símbolo cultural. Ele é maior do
que a gastronomia – seu contexto apropriado, penso eu, é na política e na
sociologia.
O hambúrguer, tal como o conhecemos hoje, é um fenômeno dos EUA do
pós-guerra. As histórias sobre sua origem, na verdade, variam. Li que a
procedência do bife data do fim do século XVII, quando tribos nômades da
Ásia Ocidental desenvolveram a técnica de temperar a carne bovina, finamente
picada, a fim de evitar seu perecimento. Li também que teria sido levado aos
EUA pelas mãos de imigrantes alemães vindos dos arredores de Hamburgo.
Pouco importa. A criação, a popularização e disseminação do hambúrguer
são fenômenos americanos – e confunde-se com o desenvolvimento do país na
segunda metade do século XX. Confunde-se, igualmente, com o fenômeno recente da
globalização, que tantos ferozmente criticam.
Respeitável Burguer
Em 1961, a revista Time
descreveu o produto retirado dos drive ins do McDonald's como
"alimentação barata de linha de montagem" (low-priced assembly-line
feeding). Naquela época – e até hoje – algumas pessoas enxergam em hambúrgueres
apenas conformidade e baixo custo. O hambúrguer, como os EUA, seria símbolo da sociedade de massas e da homogeneização dos gostos. O fast food representaria tudo de ruim
sobre a América – sua padronização, sua conformidade, sua banalidade. É a
gastronomia sem identidade, plastificada e industrializada, alastrada pelo
mundo como uma praga.
Mas eu penso diferente. O hambúrguer pode também representar o melhor
do capitalismo contemporâneo. Verdade: ele é produzido e vendido em escala.
Entretanto, que outra forma haveria para alimentar, de modo simples, massas e
massas de indivíduos? Os maiores beneficiários são pessoas que, em outras
circunstâncias, jamais teriam acesso à iguaria. Mas o hambúrguer não se define
por sua padronização. Ele é, sobretudo, uma commodity, por meio da qual é
possível inventar novos produtos.
Twelve Bistrô
Onde quer que você vá, um hambúrguer significa uma esfera
de carne moída servida em um pão enriquecido branco. O hambúrguer tem um caráter
de inevitabilidade – é, nesse sentido, um ponto de referência gastronômico,
como o sushi, a pizza ou a batata. Mas sua essência básica pode ser
melhorada. Ele pode ser aperfeiçoado, de acordo com as tradições
e gostos locais – ou, até, individuais. Cada hambúrguer é, portanto, uma
experiência única, apesar de seu formato comum.
Z Deli
Experimente as variações.
Em Brasília, vá ao Houston Original Hamburgers e prove uma autêntica versão
americana. Ou, quem sabe, vá ao Respeitável
Burguer e exerça sua
criatividade, combinando ingredientes. Destaque também para a Hamburgueria do Francês e o trailer do Morceguinho. Foi a São Paulo?
Não deixe de ir ao Twelve
Bistrô, em Pinheiros, e
prove – com um pouco mais de aporte financeiro – uma versão com Foie Gras e
cebola em balsâmico. Vale também uma ida ao Z
Deli, nos Jardins, para versões mais simples e deliciosas, como o famoso Manhattan, que leva cheddar inglês,
picles, cebola roxa e tomate. Até as grandes redes possuem
variedades: um tradicional Big Mac não é igual a um Shake Shack ou a um Whopper.
O hambúrguer, afinal, não é apenas a plastificação da gastronomia. Sua
essência não está restrita à carne e ao pão. Falar de hambúrguer é falar de
reinvenção. O hambúrguer exerce fascínio porque é uma comida entendida
universalmente. Sua beleza está na forma como atravessa fronteiras sem perder a
essência, porém adquirindo novas identidades. Ele é um veículo, um símbolo e um
ícone – de um país, de uma época e de um mundo cada vez mais plano. Essa
simbologia, entretanto, é apenas o chiado; a real importância do hambúrger reside
na forma como eleajuda a interpretar a história do mundo – igualmente
deliciosa”.
Houston Original Hamburgers
412 Norte Bloco C Lojas 56 e 62
Asa Norte, Brasília
Telefone: (61) 3257.5004
Respeitável Burguer
Respeitável Burguer
SHC/S CL 402, Bloco B, Loja 25
Asa Sul, Brasília
Asa Sul, Brasília
Telefone: (61) 3224.8852
Twelve Bistrô
R. Simão Álvares, 1018
Pinheiros, São Paulo
Telefone: (11) 3562-7550
Pinheiros, São Paulo
Telefone: (11) 3562-7550
Z Deli
R. Francisco Leitão, 16
Pinheiros, São Paulo
Pinheiros, São Paulo
Telefone: (11) 2305.2200
Minetta Tavern
113 Macdougal St
New York, NY
Telefone: +1 212-475-3850
113 Macdougal St
New York, NY
Telefone: +1 212-475-3850
(*) Diogo Ramos Coelho, 28,
pernambucano, é diplomata, mora há dez anos em Brasília e é, óbvio, aficionado
por hambúrgueres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário