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A noite mal tinha começado e o “japonês” de óculos já havia tirado umas três ou quatro damas pra dançar. Uma a uma, rodopiava com elas pelo salão, ora agarradinho, ora pegando-a pela mão, afastando-a e fazendo-a girar. A moça muito magra e muito alta de cabelo curtíssimo, tipo modelo, com jeito de frequentadora do Baixo Augusta, também já tinha trocado de par algumas vezes e dançava igualmente com visível prazer e invejável disposição. Fora da pista, a negra de flor no cabelo, que parecia saída de um quadro de Di Cavalcanti, batia papo com amigos e distribuía um sorriso que benza-deus, mas não demorou a ser convidada para dançar, e sair se balançando ao som de Jackson do Pandeiro.
Sábado, assistindo à movimentação no Canto da Ema, me ocorrem duas coisas (que, diga-se, não são nenhuma novidade): 1 ) “Paraíbas”, “baianos”, “cearás” e “cabeças-chatas” em geral têm uma participação nada modesta na definição do perfil cultural e comportamental de São Paulo (ainda que alguns paulistanos preferissem o contrário); 2 ) Forró sempre foi pop, por excelência. Só um país de autoestima baixa poderia relegar à periferia, a um gueto ou a um período específico do ano uma música tão rica, contagiante, quente, dançante... E a moçada que está ali sabe disso. Toca Jackson, Gonzaga, Maciel Mello, Marinês, Trio Nordestino, Flávio José... e a pista se mantém cheia.
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Curioso é que o público que vai curtir esse som tem, predominantemente, idade média de 20 a 35 anos e é bem eclético. Além de tipos como o japonês, a magrinha modernosa e a negra linda, tem mauricinho, patricinha, bicho-grilo, parrudo, perua, jovens comuns de classe média, uma ou outra pessoa mais velha... Uma mistura que, associada à animação natural do forró, cria um clima de altíssimo astral.
Para sentir esse clima, ouça:
1 ) Sala de reboco, na gravação de Luiz Gonzaga com Dominguinhos
2 ) Peba na pimenta, com Marinês
3 ) O Chevete da menina, com Genival Lacerda
4 ) Te pego na mentira, com Sivuca
5 ) Forró do xenhenhen, com Elba Ramalho
6 ) Não grude não, com Gilberto Gil
7 ) Caia por cima de mim, com Maciel Mello
8 ) Puxe o fole Zé, com Silvério Pessoa
9 ) Feriado, com Chico César
10 ) É sempre assim, com Flávio José
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