Por Alexandre
Rodrigues (*)
Convidado especial do Gastronomix
“Certamente, o melhor momento para explorar novas cozinhas é
uma viagem de férias. Você está relaxado, curioso e, sobretudo, sem hora
marcada para nada. Estão aí as condições perfeitas para aproveitar um bom
restaurante. Em maio de 2013, estive na longínqua Nova Zelândia. É longe para
nós e para quase todo mundo, já que as duas ilhas que formam o país são os
pedaços de terra mais isolados do planeta. As muitas horas no avião valem muito
a pena porque o turista encontra lá um país pequenino e nada pretensioso,
simpático e civilizado, dono de uma natureza exuberante e exótica. Muitas
espécies vegetais, animais e acidentes geográficos não têm similares em nenhuma
outra parte do mundo.
Minha primeira parada foi a pequenina Queenstown, na ilha
sul, destino obrigatório de adeptos de esportes radicais, como o bung jump.
Como não é essa a minha praia, ousei mesmo foi na hora de escolher um
restaurante. Não tenho muita paciência para aquelas letrinhas minúsculas de
guias de viagem. Gosto de fazer minhas próprias descobertas quase ao acaso ou
seguir a dica de algum amigo. Um que fiz na Austrália falou do Fishbone, um
pequeno restaurante no centro de Queenstown. Ouvi a sugestão, mas não fiz muita
fé. Eis que na hora do jantar, entrei numa rua ao acaso e dei de cara com ele.
E com o frio que estava fazendo, a melhor coisa a fazer era me refugiar logo
ali.
A casa especializada em frutos do mar sabe receber. Logo na
entrada, jovens garçons, sorridentes apontam uma das não mais do que dez mesas
do salão, simplesmente decorado com pratos de porcelana com desenhos de peixes
espalhados pelas paredes. Dá pra sentir de cara que as pessoas ali gostam do
que fazem. E fazem uma comida de altíssima qualidade. Eu não esperava tanto,
mas logo que a entrada que escolhi se materializou na minha frente percebi que
estava diante de uma cozinha especial.
Comi as lulas empanadas mais deliciosas da minha vida (salt & chilli calamari). Crocantes e
temperadinhas, eram de saborear de olhos fechados. O prato principal, um peixe
da região chamado Groper, era levemente grelhado, acompanhado de um risoto de
ervilha e limão que não era possível comer sem soltar um “hummm”.
Outra boa pedida eram os mexilhões de lábios verdes
(Green-lipped mussels), um prato típico do país, servido com batata chips. A
concha verde tem um molusco maior e você sente mais o gosto da carne, aguçado
pelo tempero especial de tomates, endro e vinho branco.
Deu para experimentar dois pratos principais porque, mesmo
tendo apenas três noites em Queenstown, fiz algo que adoro: voltei ao mesmo
restaurante no dia seguinte. Sei que deixei de conhecer outros, mas encaro isso
como um prêmio a mim mesmo por ter sido mais esperto que os guias de viagem. Se
a segunda experiência foi tão boa quanto a primeira (com direito a ser reconhecido
e mimado pelos garçons felizes pela preferência) é porque o restaurante é bom
mesmo. Sabe manter o padrão: comida incrível e atendimento nota dez.
Não, eu não esqueci de mencionar as bebidas. Esqueci mesmo
foi o nome dos vinhos que tomei. Mas a Nova Zelândia tem vinhos muito bons (e
baratos!) e a grande pedida é tomar o vinho nacional do dia recomendado pelo
Fishbone. Se estiver sozinho, pode pedir apenas um copo. Também não me esqueci
da sobremesa.
Para arrematar, não dá para pedir outra
coisa senão a tradicional pavlova, uma sobremesa típica da Oceania cuja
paternidade é disputada entre australianos e neozelandeses. É uma espécie de
suspiro, crocante por fora e macio por dentro, recheado e coberto por um creme
com frutinhas, como framboesa e kiwi. A pavlova do Fishbone é a marca
registrada do restaurante. É especialmente deliciosa, tanto que em determinado
horário da noite já não tem mais.
É bom pedir para reservar a sua logo na entrada! O segredo do sabor especial dessa sobremesa no Fishbone, dizem o cardápio e uma placa na entrada, são os ovos usados na receita, que vêm direto da fazenda dos donos do restaurante. Lá, as galinhas são criadas soltas na propriedade, num ambiente bem diferente das opressoras granjas. Por isso, a sobremesa do Fishbone é chamada oficialmente de The Happy Hen Pavlova, ou “a pavlova das galinhas felizes”. Segundo os garçons, as galinhas botam ovos mais saborosos sem estresse. Uma explicação lúdica e igualmente deliciosa que mostra o espírito e o bom humor do restaurante. Feliz mesmo fica o cliente quando sai dali.
É bom pedir para reservar a sua logo na entrada! O segredo do sabor especial dessa sobremesa no Fishbone, dizem o cardápio e uma placa na entrada, são os ovos usados na receita, que vêm direto da fazenda dos donos do restaurante. Lá, as galinhas são criadas soltas na propriedade, num ambiente bem diferente das opressoras granjas. Por isso, a sobremesa do Fishbone é chamada oficialmente de The Happy Hen Pavlova, ou “a pavlova das galinhas felizes”. Segundo os garçons, as galinhas botam ovos mais saborosos sem estresse. Uma explicação lúdica e igualmente deliciosa que mostra o espírito e o bom humor do restaurante. Feliz mesmo fica o cliente quando sai dali.
Sei que muita gente não coloca a Nova Zelândia no topo de
lugares que gostaria de conhecer, mas recomendo muito esse país. Recomendo
também dois ou três dias em Queenstown para desfrutar a vista de suas montanhas
incríveis decoradas com montinhos de neve na ponta. Uma vez por lá, vá ao
Fishbone, sem dúvida. Não tem pompa, não está nos guias estrelados, mas é
acolhedor e dono de uma comida muito bem feita. Sabe quando você como algo e
sente que foi feito de forma especial? Não tem preço uma sensação de felicidade
como essa. E não se preocupem: não é preciso pagar muito para ser feliz no
Fishbone.
O endereço e o menu (que muda todo dia) com preços em
dólares neozelandeses estão em http://www.fishbonequeenstown.co.nz/”.
Fishbone Bar and Grill
7 Beach Street
Queenstown – Nova Zelândia
Telefone: +64 3 442 6768
(*) Alexandre Rodrigues é atualmente repórter da Revista Exame. O jornalista se formou pela UFRJ e trabalhou nos jornais O Globo e Estado de S.Paulo.
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