Rosualdo Rodrigues
Colunista de Música do Gastronomix
Colunista de Música do Gastronomix
Em entrevista
à finada revista Bravo, à época do
lançamento de Inclassificáveis, Ney
Matogrosso disse que não queria ser modelo para ninguém. No entanto, qualquer
pessoa de bom senso vai enxergar uma referência no vigor e na lucidez desse artista
ímpar e pensar.
Ney não
envelhece, apenas amadurece. E tira todas as vantagens que possam ser
oferecidas pela condição de maduro. Vivência e genuína curiosidade por tudo que
é novo conduzem sua carreira, e isso produz discos como Atento aos sinais.
Aos 72 anos,
ele impressiona pela energia que emprega na interpretação de músicas de autores
consagrados como Itamar Assumpção (Isso
não vai ficar assim, Noite torta), Vitor Ramil (A ilusão da casa), Lenine (Rua
da passagem) e Paulinho da Viola (Roendo
as unhas), ou novatos.
Neste
segundo time entram Caio Mendes (Incêndio),
Dani Black (Oração), Criolo (Freguês da meia-noite) e o pessoal das
bandas Tono (Não consigo, Samba do Blackberry)
e Zabomba (Pronomes).
Atento aos sinais segue a linha mais pop rock do cantor -- que costuma alterná-la com experiências mais introspectivas. E é nesses momentos que ele se sai melhor, mais Ney Matogrosso, mais atrevido. É com esse atrevimento que o cantor se apossa de todas essas canções e cria a unidade do disco.
Vale notar também que ao se aproximar desses novatos, Ney não quer apenas fazer pose de moderninho. O entusiasmo do artista se traduz na forma como ele mergulha na relação com os novos artistas.
Com Pedro Luiz e a Parede chegou a gravar um disco inteiro, o magnífico Vagabundo, há 10 anos. A vibração pelo trabalho do Tono é sentida no fato de ele escolher duas músicas do segundo disco da banda (não por acaso as melhores) para incluir neste álbum. Com o Zabomba, ele regravou Mente para o disco Vivendo no truque, do grupo.
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