Colunista de Café do
Gastronomix
Jantar de fim de
semana. Pizza. Você escolhe a dedo a pizzaria, elege aquela de massa fina, com
o melhor queijo, um bom molho de tomate, ingredientes de excelência, o forno a
lenha, o serviço exemplar. Tudo ótimo, você
come mais de uma fatia e ainda (fim de semana pode) pede uma sobremesa. Talvez
até uma pizza doce, já que a mão do pizzaiolo estava tão boa, né?
Pois é, assim como
não há boa pizza sem bom pizzaiolo, não há bom café sem um bom barista. Digo
isso porque o Brasil é terra de alguns dos melhores grãos de café do mundo.
Também temos em larga escala o hábito de consumo da bebida.
Mas a qualidade do
café servido, em muitos casos, é inversamente proporcional à quantidade
produzida no país. E talvez o elo perdido seja o número de bons profissionais
baristas, um ofício ainda incipiente em algumas cidades - inclusive Brasília,
viu? - mas super promissor.
É certo que
trata-se de uma cadeia produtiva, e como tal, há que se cuidar de todas as
etapas. O cultivo e seleção dos grãos, a embalagem, a torrefação, o uso de
máquinas adequadas ... mas nada disso funciona se o café não for preparado da
melhor maneira.
O bom barista tem
de saber regular o moinho a depender do grão utilizado; a temperatura certa da
infusão; o tempo de extração que preserve características como acidez, corpo e
doçura; a apresentação da bebida na xícara... ufa! Haja técnica e
sensibilidade.
O culto ao café
servido como bebida fina é, felizmente, um caminho sem volta, assim como o
vinho, o espumante e as cervejas premium. Dados da Abic, a Associação
Brasileira da Indústria do Café, dão conta de que o mercado de grãos especiais
cresce 20% ao ano no Brasil.
Mas o número de
baristas com certificados obtidos em bons cursos não aumenta na mesma
proporção. Taí o gargalo: não adianta ter o melhor grão sem a melhor mão.
Igualzinho ao pizzaiolo.
Afinal, de que
adianta comer a melhor pizza e a melhor sobremesa, se você vai sair do jantar
com o gosto amargo de um café mal tirado?
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