Por
Sandro Farias (*)
Convidado
especial do Gastronomix
É a quantidade de café
espresso ingerida pelo jornalista no período de uma semana. Equivale a três
xícaras de 30 ml de café por dia, o volume permitido pelo médico.
- Qual o grão do dia?
- É o Sweet Collection,
do Ateliê do Café. Torra média.
- Ótimo. Um espresso,
por favor.
- Curto, ristretto,
longo ou carioca?
- Curto, sempre. E nada
de descafeinado porque café sem cafeína não é café.
O diálogo acima não é
obra de ficção. É texto que eu não imaginava tão natural há pouco mais de dez
anos, quando dava os primeiros passos em busca do café perfeito de cada dia –
em especial naquele parco período entre o almoço e o trabalho.
A verdade é que hoje, e cada vez mais, os termos fazem parte do vocabulário de quem aprecia um bom café. E, Oxalá eu esteja certo, é caminho sem volta: o mercado das cafeterias se expande e oferece uma verdadeira disneilândia de xícaras a nós, felizes e dedicados cafeinômanos.
A verdade é que hoje, e cada vez mais, os termos fazem parte do vocabulário de quem aprecia um bom café. E, Oxalá eu esteja certo, é caminho sem volta: o mercado das cafeterias se expande e oferece uma verdadeira disneilândia de xícaras a nós, felizes e dedicados cafeinômanos.
Senão, vejamos. Escrevi
um pequeno guia para este blog em meados de 2011. Ali, fazia apanhado de algumas
casas para se tomar um bom café. Curiosamente, de lá para cá houve um
verdadeiro boom de cafeterias gourmet pela cidade.
É preciso que se diga:
assim como reza a lenda urbana sobre a fala de um ex-presidente, esqueçam tudo
o que eu escrevi. Os melhores cafés, hoje, são servidos por casas que abriram
menos de um ano atrás. Em um minuto dá pra enumerar ao menos seis lugares novos
onde a excelência da bebida é, mais que um item no menu, o verdadeiro
carro-chefe do serviço.
CHARME
DESPRETENSIOSO
Começando pelo melhor, na modesta, mas não menos autoritária opinião desse
jornalista (afinal, o bom de fazer uma lista é que trata-se de exercício nada
democrático), elejo o café da loja Objeto Encontrado. Fica ali, escondidinho
nos fundos da 102 Norte. Pouca gente conhece ainda. E é muito provável que me
arrependa de sair espalhando por aí, porque daqui a pouco as mesas vão estar
cheias e periga de eu não conseguir lugar para sentar e ler o jornal.
Paciência, não dá pra ser feliz e amar ao mesmo tempo, como publicou o
centenário Nelson Rodrigues.
O café é capitaneado
pela prodigiosa Bebel Hamu, uma quase menina que sabe absolutamente tudo da
bebida. Tanto que trabalha com algumas das principais cafeterias da cidade como
representante das máquinas La Marzocco, as mais respeitáveis do mercado. Mas a
Bebel será assunto para uma próxima conversa.
O serviço do Objeto
Encontrado é tão novo que o cardápio ainda está em fase de definição. Mas o
café é mais do que bem resolvido. Há sempre duas opções de grãos: o bom e velho
Café Cristina e algum outro que a Bebel (de novo ela) seleciona a cada dia.
Destaque para uma variedade chamada ‘Catucaí Amarelo’, que tem o corpo ideal para quem gosta da bebida com mais presença, sem perder a doçura, com a preservação de todas as notas aromáticas e o (me lembrei de um grande amigo agora) poderoso aftertaste. Soma-se a isso a simpatia dos garçons, os pequenos doces e salgados feitos na própria casa e a atmosfera tão convidativa quanto despretensiosa. Vale a visita!
Destaque para uma variedade chamada ‘Catucaí Amarelo’, que tem o corpo ideal para quem gosta da bebida com mais presença, sem perder a doçura, com a preservação de todas as notas aromáticas e o (me lembrei de um grande amigo agora) poderoso aftertaste. Soma-se a isso a simpatia dos garçons, os pequenos doces e salgados feitos na própria casa e a atmosfera tão convidativa quanto despretensiosa. Vale a visita!
102 Norte bloco B
CAFÉ
DEMAIS - AMBIENTE DE MENOS
Outro exemplo, só que
este já bem conhecido do brasiliense, é o Grenat
que, além da matriz na 202 Sul, agora possui quiosque no Shopping Iguatemi. O Grenat original é o que oferece mais
opções de grãos gourmet em Brasília. A casa sabe explorar com competência o
melhor de cada puro arábica ou blend. Tem serviço corretíssimo e opções que
agradam a paladares diversos.
Mas há poréns. A loja é
cheia demais durante a semana, sobretudo na hora do almoço. E chega a ser
paradoxal, mas no sábado o ambiente não é convidativo. A culpa, já descobri, é
da arquitetura. O salão fechado com pé direito alto definitivamente não combina
com aquelas janelas venezianas tipo Minha
Casa Minha Vida. Mas vá pelo café. E se você não tem problema com
shoppings, prefira a unidade do Iguatemi.
202 Sul bloco A loja 4
NOVO
E CONSAGRADO
O Ernesto nasceu e já se criou. Antes mesmo de completar um ano, foi
eleito pela Veja Brasília o melhor café da cidade. Não é pouco. Nem
desmerecido. Entre as casas de boa cepa reina absoluto no fim da Asa Sul, mais
precisamente na comercial da 115. Ali é possível, com um pouco de sorte, tomar
o blend da casa, que mistura grãos em nome da excelência. Mas é questão de
sorte mesmo, porque a variedade nem sempre é oferecida, já que possui apenas um
moinho junto à sua indefectível La Marzocco. Sim, de novo a Bebel...
Outra vantagem do
Ernesto é sua arquitetura, um achado, com toques meio retrô tanto no mobiliário
quanto nas instalações. Há cobogós, mesas e cadeiras de diferentes padrões e
referências simpáticas a uma Brasília de que temos saudades, mesmo sem termos
vivido nela.
Nos fundos da loja, as
cadeiras praticamente flutuam debaixo de uma mangueira, convidando para uma
tarde inteira ali. Aproveite que cafeína não pega no bafômetro e pode abusar.
Escondido do médico, é claro.
Bom, eu prometi lá em
cima que ia dar uma lista com seis indicações em um minuto. Como sou prolixo,
esse tempo já passou. E é provável que você já tenha se cansado da leitura,
assim como já me cansei da escrita. Então que tal deixarmos o resto dessa conversa
para um próximo encontro? Se você ler, gostar e compartilhar, é bem possível
que os donos do blog mantenham meu emprego aqui. Bons cafés!
ABC
da Cafeína (um breve glossário para tirar onda quando o café chega à mesa)
-
Blend: é a mistura de dois ou mais grãos
-
Espresso: é a extração ideal, geralmente com 30 ml. A bebida dever ter crema,
ser densa e ter sabor equilibrado.
Reconhecido por ser a medida que melhor extrai todas as propriedades do
café. É o que o brasileiro chama de Curto.
-
Ristretto: é o curto mais curto de todos, com cerca de 15 ml
-
Longo: é a medida do café espresso mais conhecida no Brasil, com a xícara quase
cheia, em cerca de 50 ml da bebida e mais cafeína.
-
Carioca: um café curto com um shot a mais de água. É só para quem gosta de café
suave.
-
Arábica: a variedade de café mais comercializada no mundo, já que é a que desenvolve
mais propriedades de sabor, aroma e corpo. A outra variedade comum é o Robusta,
que possui mais cafeína.
-
Aftertaste: é o sabor que se prolonga na boca mesmo depois do café ser
ingerido. É um dos quesitos levados em consideração na hora de se eleger um bom
café.
(*)
Sandro Farias é jornalista e relações públicas de formação, mas artista por
vocação. Conhecido como DJ Biondo, o palco o arrebatou desde cedo e a música é
apenas uma das formas dele mostrar essa sintonia com o mundo. Mineiro de
nascimento, brasiliense de coração, Sandro Farias se tornou um dos principais
deejays de Brasília entoando seu house fino onde há bons ouvidos e
sensibilidade. Começou sua carreira no Rio de Janeiro, emprestou seu talento
para festas em SP e hoje é autor e criador da Kinda.
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