![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLJKqVuM8h9rro293sBGBQBxJMWOJQfaSiOwMXWDImYtwgcxdeEaQvJeHBNuxEiqeLGAZ6t0njGfvCIBiONjpZtaf_wrotm_l0mETj2gDnySdX6oyMuPRrnoAOTi8ppn1xyd9iYTlKsgWU/s320/12710494_1.jpg)
Minha memória de vez em quando tem uns sobressaltos e me traz lá do fundo do baú umas coisas das quais eu nem lembrava mais que lembrava. Foi assim ontem à noite, quando me veio à cabeça, sem mais nem pra quê, um disco de Eliete Negreiros, chamado Ângulos, e eu fui cavucar a internet em busca do mesmo.
Achei não só esse, mas também Outros sons, o primeiro dessa cantora que (para quem não conhece) surgiu na chamada vanguarda paulista, dos anos 80, junto com Arrigo Barnabé, Vânia Bastos, Suzana Salles, Itamar Assumpção...
Ângulos abre com a faixa de mesmo nome, um elegante samba meio bossa composto por Caetano Veloso e Arrigo, tão maravilhoso em letra e música que é um pecado não estar até hoje disponível em CD. Mas o que me causou enorme surpresa nessas “escavações” musicais foi uma canção de Outros sons, chamada A felicidade perdeu seu endereço. Essa eu não lembro de ter ouvido algum dia. Encantado, fui atrás de saber de quem era e descubro que é, na verdade, bem antiga, composta por Pedro Caetano e Claudionor Cruz e gravada por Orlando Silva em 1940.
Fantástico isso: uma música de 1940, recriada nos anos 1980 e ouvida em 2011 e ainda assim mantendo intacta sua beleza. Quer dizer, soa clichê, mas é fato: música boa não envelhece. O presente da música é composto por substancial parte de passado (e o futuro também será), não só nas referências, influências e confluências que resultam no que a gente ouve hoje, mas também em termos de mercado, considerando o grande número de lançamentos em CD de discos gravadas no tempo do bolachão.
Esse pensamento é reforçado pela Bravo deste mês: Elton John e Stevie Wonder na capa, relançamentos de Marcos Valle e Zimbo Trio abrindo a seção de discos, mais uma resenha de uma caixa com raridades da Copacabana... E aqui, agora, entre CDs espalhados ao meu redor: relançamentos de Neil Young (International Harvesters), Paul Simon (Still crazy after all these years), James Taylor (James Taylor, o primeiro dele), mais uma caixa de CD/DVD de Ella Fiztgerald (Best of the BBC vaults)... Não há passado, presente, futuro. O tempo é um só... Pelo menos na música.
Nenhum comentário:
Postar um comentário