Por Rosualdo Rodrigues
Outra filha de Martinho da Vila se lança como cantora. Maíra Freitas tem 24 anos e toca piano desde os 9. Piano clássico. Mas ela diz que nos últimos quatro anos começou a diversificar. “Venho incluindo choro no repertório de recital, acompanhando cantores… Comecei a cantar com minha irmã e meu pai me convidou para gravar uma faixa no disco dele, O poeta da cidade. Aí, como muitas pessoas gostaram, acabei tomando essa direção”. A irmã a que ela se refere é Mart’nália, que produz e faz a direção musical do disco de estreia da irmã mais nova.
No álbum, Maíra canta, cria arranjos, toca piano e até guitarra em uma das faixas, As voltas. Composta por Qinho e Vitor Paiva, amigos da cantora-pianista, As voltas é exceção em um repertório que revela gosto musical curioso para uma garota da geração de Maíra. Ela recria composições de, entre outros, Joyce (Monsieur Binot), Paulinho da Viola (Só o tempo), Chico Buarque (Mambembe), Jacob do Bandolim (O voo da mosca), Gonzaguinha (Recado) e do pai, claro (Disritmia). Joyce e Martinho participam em suas respectivas criações como convidados especiais. “São músicas que gosto de cantar, que acho bonitas. Enfim, o motivo das escolhas é bem simples. A ideia do disco era mostrar quem eu sou, as várias faces dessa que se chama Maíra Freitas”, resume.
O CD, que leva apenas o nome da artista, poderia ser só o disco de mais uma jovem e “graciosa” cantora. Mas a intimidade demonstrada por Maíra com a música faz toda diferença. O desembaraço com que ela transita de uma a outra pequena ousadia, também. Apesar de ser Mart’nália quem conduz a produção do álbum de estreia da irmã, fica claro que a outra filha de Martinho da Vila tem domínio sobre o que faz.
Isso se vê nos arranjos criativos — como o que dá um ar de jazz ao samba O show tem que continuar (Arlindo Cruz, Sombrinha e Carlos da Vila), uma dessas “pequenas ousadias” —, na segurança com que conduz seu onipresente piano, na vivacidade com que usa a voz pequena, na boa qualidade das composições próprias — as bem-humoradas Alô e Corselet e a instrumental Se joga — , que deixam antever uma compositora promissora.
Pode-se notar no álbum um certo excesso de ideias, típico da ansiedade de quem entra em estúdio pela primeira vez querendo usar tudo o que sabe. Mas isso não chega a ser defeito neste caso. As qualidades sobressaem.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
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