Rosualdo Rodrigues
Colunista de Variedades do Gastronomix
O pisco está para o Peru como a cachaça para o Brasil. Portanto, o
pisco sour, mais famoso drinque feito a partir da bebida, seria a caipirinha
dos peruanos. E dos chilenos também. Sim, os chilenos garantem que o pisco sour foi criado lá. Só que o chef
Martin Morales, no livro “Ceviche” embola ainda mais a história e garante: o
inventor é um americano. E dá nome e data.
Segundo Morales, chef-proprietário do restaurante Ceviche, em Londres,
um certo Victor V. Morris saiu de Salt Lake City, Utah, para se estabelecer em
Lima e trabalhar numa ferrovia. Victor acabou abrindo o Morris’ Bar, onde criou uma variação do whiskey
sour, usando uma bebida farta no local, o pisco.
Ao que se sabe, os americanos já bebiam o whiskey sour (uma mistura de
bourbon, suco de limão, açúcar e clara de ovo) desde 1870 (é dessa data a
menção histórica mais antiga da bebida, encontrada Waukesha Plain Dealer, de
Wisconsin).
O senhor Morris, portanto, nada mais fez que substituir o uísque por
pisco. E agradou a sua clientela, formada por políticos, diplomatas, escritores
e artistas, que trataram de divulgar a receita.
Quando Victor V. Morris morreu, em 1929, o Morris’ Bar fechou, mas
muitos de seus funcionários, que já conheciam o modo de preparo do drinque,
foram trabalhar em outros estabelecimentos e levaram a ideia.
Logo, até os chilenos estavam familiarizados com o pisco sour. Hoje,
existem muitas variações do coquetel. O próprio Martin Morales criou uma
receita, o Soho Pisco, especialmente para seu restaurante, que fica no Soho
londrino.
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