Rosualdo Rodrigues
Colunista de Variedades do Gastronomix
Colunista de Variedades do Gastronomix
Em se tratando de alimentos, torna-se difícil precisar como alguns deles
foram descobertos ou passaram a ser consumidos. Talvez por isso existam tantas
histórias míticas e lendas a respeito de certos ingredientes. Do café, por
exemplo, sabe-se que surgiu na Abissínia (ou Império Etíope, hoje
os territórios de Etiópia e Eritreia), lá pelo século 9.
Perdem-se no tempo as referências à existência da bebida, mas há na
África uma história que “explicaria” sua origem. Conta-se que um guardador
de cabras, chamado Kaldi, percebeu que seus animais, após ingerirem as
frutinhas vermelhas de uma planta desconhecida, ficaram muito agitados.
Curioso, resolveu experimentar ele mesmo. Ao comê-las, sentiu-se leve e
vigoroso.
Quando soube do episódio, o abade de um mosteiro nas proximidades
detectou ali artimanha do demônio. Pegou então as frutinhas e atirou-as ao
fogo. Foi então que se desprendeu das chamas um aroma tão agradável que deixou
todos em volta fascinados. Inclusive o abade, que no mesmo instante mudou de
ideia e passou a ver a planta como uma criação divina.
Interessante é que no início o café era apenas comido. Diz a história
que no século 10, as tribos nômades misturavam-no a gordura animal em pequenos
bolos, e era fascinadas pelo efeito estimulante da comida. O consumo do
café na forma líquida só começou a se popularizar no século 16, quando era
posto de molho em água fria. Os árabes foi quem se deram conta de que fervido
em água era muito melhor.
Aliás, as bagas vermelhas do café também despertaram fascínio e medo
entre os árabes. Alguns deles consideravam as propriedades da bebida contrárias
às leis do profeta Maomé (!).
Fonte:
Alimentos com História (uma edição portuguesa em fascículos). Foto: uma dessas
reproduzidas ad infinitum na Internet.
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