Alan De Nadai (*)
Convidado especial do Gastronomix
Cresci na serra do Espírito Santo, mas hoje não moro mais por aquelas
bandas. Troquei de cidade e de estado, então o que não me falta é saudade.
Desde que me mudei os invernos sempre me trazem boas lembranças. Recordo-me do
fogão à lenha da minha avó. De ajudá-la a pegar a lenha seca e ascender o fogo
para aquecer o corpo. Hoje essas memórias aquecem a alma.
No almoço de domingo, legumes e verduras eram colhidos na horta, e o
resto feito pelos meus próprios avós, assim, tudo tinha um gosto especial.
Explico isso porque eu poderia falar sobre qualquer restaurante que
visitei em algum outro lugar distante, mas tenho paixão por comida caseira. Por
isso me lembrei de que meu lugar favorito não era preferido à toa. Ele fica bem
perto de onde cresci.
Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante são municípios da região
serrana do Espírito Santo, possuindo excelentes opções de hospedagem e
gastronomia. A principal atração fica por conta da Rota do Lagarto, composta
por cafés e restaurantes, que atendem a todos os gostos, e de onde sempre se vê
a exuberante Pedra Azul.
De todos que já visitei naqueles municípios, a Fazenda Saúde me encanta
pela culinária despretensiosa e tão caseira quanto a da minha avó. Criado pela
família Caliman, o restaurante forma um dos vários agronegócios familiares da
região e, ainda, divide espaço com a casa da própria família.
O lugar possui um grande salão aberto, sem paredes, o que permite total
contato com a natureza ao redor, sendo possível sentir a brisa fria que sopra
na montanha. As mesas compridas e de madeira maciça, formadas a partir de
troncos rústicos, deixam tudo com um clima bem italiano, como uma grande mesa
de almoço em família. A água, que vem direto da nascente, cai em um tanque bem
simples na entrada do restaurante, formando uma pequena piscina de água
translúcida, limpa e gelada.
O restaurante ainda possui na decoração alguns objetos antigos da
própria família, e outros garimpados na região. A comida, simples e saborosa,
me leva diretamente para minha infância.
Do leite se aproveita tudo, faz-se o queijo e a puína, saborosíssimos.
A polenta forma aquela casquinha no interior da panela, que, com muita
criatividade, após aderir ao seu formato, é usada para colocar os deliciosos
bolinhos de arroz frito. Come-se até o prato.
O macarrão é de massa caseira, os legumes os mais frescos possíveis. A
polenta frita é feita ali mesmo, na chapa do fogão à lenha, onde o almoço é
servido.
O restaurante possui uma ampla aérea verde externa, composta por um
gramado - que mais parece um grande tapete - jabuticabeiras, goiabeiras,
palmeiras e eucaliptos. No centro há uma grande lagoa, refletindo tudo que a
vê.
Depois do almoço, não pense que acabou o programa. Deitar-se na grama
sob a sombra de uma árvore, ou mesmo sob o sol, sentindo-o aquecer levemente
suas roupas, é o que tradicionalmente se faz por lá. Eu, por exemplo, estendo
sempre minha toalha para aproveitar esse momento de total desconexão com
qualquer problema do mundo.
Os donos, que sempre estão trabalhando no restaurante, são extremamente
atenciosos, deixando qualquer convidado ainda mais à vontade. Essa simplicidade
e receptividade me faz retornar a este restaurante toda vez que volto ao meu
estado, toda vez que sinto necessidade de me reconectar com minhas lembranças e
com minha infância. Gostaria que todos tivessem esse canto mágico, que engorda e
faz tão bem.
Fazenda Saúde
Rod. Pedro Cola, 4
Venda Nova do Imigrante – Espírito Santo
Telefone: (28) 3546-1528
Fazenda Saúde
Rod. Pedro Cola, 4
Venda Nova do Imigrante – Espírito Santo
Telefone: (28) 3546-1528
(*) Alan De Nadai é bacharel em
direito.
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