Rosualdo Rodrigues
Colunista de Música do Gastronomix
Gravadas e regravadas, por cantores de diferentes estilos e
gerações, em português, inglês e outras línguas mais, as canções de Tom Jobim
oferecem um desafio a quem resolve interpretá-las: não parecer estar chovendo
em terreno alagado. Vanessa da Mata vence esse desafio com graça e leveza em
Vanessa da Mata canta Tom Jobim, disco que sai depois de uma série de shows que
ela fez, só com músicas do compositor, pelo projeto Natura Musical.
A cantora escolheu 16 músicas e não evitou cair em um
repertório óbvio. Ou seja, escolheu as clássicas – Fotografia, Só danço samba,
Eu sei que vou te amar, Dindi, Wave, Falando de amor, Só tinha de ser com você
e por aí vai. Mas, primeiro, tem a seu favor os criativos arranjos do (não por
acaso) incensado Eumir Deodato. Nem clássicos, nem moderninhos demais.
Deodato é capaz de criar uma levada mais pop quando encontra
oportunidade – como acontece, por exemplo, em Este seu olhar e Por causa de
você Mas não força a barra para soar diferente, simplesmente deixa fluir. Por
isso, algumas canções ganham arranjos mais previsíveis, a exemplo de Chovendo
na roseira, e nem por isso soam menos interessantes.
As interpretações de Vanessa da Mata seguem o mesmo caminho.
Ela canta aquelas conhecidíssimas canções como se fossem suas, dá novo tempero
com aquela voz doce e um jeito muito próprio de cantar. E é na maneira como
aproxima o trabalho da cantora da obra de Jobim, sem descaracterizar uma e
outra, que reside o grande mérito do disco. Deixe rolar no próximo jantar,
almoço ou reunião de amigos, que você não vai fazer feio.
PS -- Para quem não viu, o show Vanessa da Mata canta Jobim, gravado em Brasília, está na íntegra no YouTube:
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