Difícil ouvir o primeiro disco solo de Johnny Marr sem imaginar a voz de Morrissey nele. E não é só por causa dos riffs de guitarra inconfundíveis. Todas as canções, do próprio Marr e produzidas em parceria com o baixista Eric Doviak, têm uma estrutura muito parecida com aquelas que tornaram The Smiths uma das melhores bandas de todos os tempos. Você põe The messenger para tocar na primeira vez e, a cada faixa que começa, parece que já a conhece de longa data.
Não, não é um dèja-vu. The
messenger não soa datado ou coisa parecida. A fórmula conhecida e eficiente
o bastante para resistir brava e dignamente ao tempo, aparece renovada, atualizada,
cheia de gás. Provoca incontida alegria reencontrar o guitarrista em tão boa
forma. Embora, reencontrar não seja bem a palavra, já que Marr nunca parou de
trabalhar. Digamos que o reencontro é com o “guitarrista dos Smiths”.
Desde o fim do grupo, Marr e Morrissey tomaram caminhos diversos.
Enquanto o vocalista solidificou a carreira solo e se manteve firme em seu
discurso anti-romântico, o guitarrista preferiu as ações coletivas, em projetos
com outros cantores e bandas, ao mesmo tempo em que criou sua prole e a
introduziu no mundo da música. O filho, Mile Marr, toca em European me, uma das faixas de The
messenger; a filha Sonny Marr já andou fazendo vocais para o pai em
apresentações ao vivo.
Cada um a seu modo, no entanto, continuou honrando o nome e
a fama da banda que os projetou. The messenger
– um disco do qual é difícil destacar alguma faixa, de tão coeso, de tão bom
que é ouvi-lo por inteiro -- não deixa de ser, de alguma forma, uma
continuidade da história do The Smiths. Quem sabe se não uma deixa para a tantas
vezes anunciada reunião dos ex-parceiros? E aí poderíamos ver concretizada essa
forte impressão de que as músicas de The messenger
cairiam como uma luva na voz de Morrissey.
Nenhum comentário:
Postar um comentário