sábado, 6 de outubro de 2012

ALMANAQUE // Entre doces e assassinatos


 A editora Lua de Papel anuncia como “suspense gastronômico” a série literária que começou com o lançamento, em abril, de O mistério do chocolate e continua agora com O enigma do morango. O slogan “um suspense de dar água na boca” também chama a atenção de quem gosta da mistura de culinária com ficção – bem explorada no cinema, em filmes como A festa de Babete e Como água para chocolate.

No entanto, o leitor afoito deve ser advertido: nos livros da série que tornou famosa nos Estados Unidos a autora Joanne Fluke, falta liga nessa mistura. Pelo menos no primeiro volume, as habilidades da protagonista, dona de uma loja de cookies numa pequena cidade norte-americana, não movem a trama, são um dado à parte. Isso depõe contra a pretensão do rótulo.

Hannah Swensen, a proprietária da Cookie Jar, poderia ser dona de uma floricultura que a história se desenvolveria da mesma forma. Para compensar, O mistério do chocolcate é recheado (sem trocadilho) com receitas supostamente feitas por Hannah em seu estabelecimento, enquanto se envolve voluntariamente na investigação do assassinato do entregador de leite da pacata cidadezinha.
O lado Agatha Christie se alterna com toques de O diário de Bridget Jones: Hannah é uma moça bonita, mas desajeitada, que tenta se desvencilhar das investidas da mãe para que ela se case com o dentista filho da amiga. Ganha contornos, portanto, de um desses modernos romances “para moças”. O que não impede que pessoas de qualquer sexo se interessem em consultar o volume para saber como se faz cookies de chocolate ou de gengibre, cookies vintage de açúcar ou delícias de cereja cobertas com chocolate.
Sendo assim, talvez valha mais a pena comprar logo um bom livro de receitas.

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