Por
Guilherme Lobão (*)
Convidado especial do Gastronomix
“Sou um
brasiliense bairrista. E como tal, pode-se abrir restaurante, bistrô, bar ou
toda sorte de novos estabelecimentos na capital federal, que nunca deixarei de
frequentar e indicar os recônditos mais clássicos do Plano Piloto. Lugares para
onde íamos a pé em família, coisa rara de se fazer em Brasília.
São aqueles
restaurantes onde os garçons nos chamam pelo nome até hoje e sempre perguntam:
"Cadê fulano?". Ora, os funcionários são os mesmos de quando meus
pais se casaram.
Por mais
ensurdecedor que seja o burburinho de Coco Bambu, Mangai (e, agora, Pampulha),
os restaurantes familiares que me vejo sempre estacionando para um almoço de
domingo vêm lá dos anos 60 e 70, alguns dos pioneiros da capital.
Falo
especificamente do Restaurante Roma, Restaurante China, La Gioconda e Bar do
Amigão. Gostaria de incluir na lista o Kazebre 13, saudosa pizzaria da minha
infância que ficava na 504 Sul, substituída logo nos anos 80 pelo La Gioconda,
na rua das farmácias.
Depois que
criei interesse mais profundo e criterioso por comer fora, elenco uma lista
enorme de lugares que recomendo, mas não resisti essa oportunidade para fatiar
um grande pedaço de nostalgia da minha vida.
Demorei para
conhecer o cardápio a la carte do estabelecimento. Aliás, foi só na fase adulta
que fui olhar pela primeira vez o menu. Não é grandes coisas, mas sempre que
quero comer um paillard de filé mignon com guarnição francesa é para lá que eu
vou.
O China (ali
na 103 Sul) é até hoje meu restaurante do coração. É uma das comidas étnicas
que mais aprecio - embora o menu não contenha a diversidade da gastronomia
chinesa e se acomode em agradar o paladar brasileiro.
É onde você
encontrará o melhor e mais crocante rolinho primavera, o primoroso macarrão
frito chop suey e único em Brasília onde você pode deliciar o Pato à Xangai (o
bicho inteiro num molho com shoyo e broto de bambu) e o Pato à Pequim, que precisa
ser pedido com três dias de antecedência devido ao longo preparo para
desidratar a ave.
O Roma não
entrava nesta lista até começar a namorar minha esposa. Como todo brasiliense,
cada família tem um restaurante clássico que a representa. O dos meus sogros
era (e é) o Roma, na W3 Sul, altura da 511. Uma decoração antiga, imutável
desde o início dos anos 60, quando de sua inauguração. Os mesmos garçons e os
mesmos pratos.
O brilhante
de restaurantes como estes é que o sabor não muda. Atravessa as décadas e você
pode, a hora em que quiser, entrar na máquina do tempo e voltar aos banquetes
em família dos idos da infância.
Chego ao
Amigão. Este não está no baú de memórias olfativas da infância, mas é o almoço
que mais desejo naquele sábado de preguiça de encarar a cozinha, em que no
desencontro, ninguém vai almoçar na casa dos pais. Duro é escolher entre o
parmegiana e o joelho de porco. A feijoada é das melhores que já encontrei na
capital.
E enfim,
vamos ao Roma. Lá, nem olho o cardápio. Apesar de italiano, o menu é meio
brasileiro e de cozinha internacional genérica. Algumas massas e pizzas, mas o
prato da família é o tal Frango à Maryland. Este é o único prato com peito de
frango que ainda como (a ave produz coisas tão mais saborosas…).
Basicão: peito
grelhado, limão, ervilhas frescas, arroz branco, batata frita, farofa, banana à
milanesa, salada e o imbatível creme de milho adocicado que até hoje não
consegui reproduzir em casa. Está é a diferença da comida afetiva: simples e
única”.
Restaurante Roma
W3 Sul, CRS 511 - bloco B,
loja 61
Asa Sul - Brasília
Telefone: (61) 3346-3434 /7842
Restaurante China
103 Sul, bloco D - loja 2
Asa Sul - Brasília
Telefone: (61) 3224-3339 e 3226-9318
La Gioconda
102 Sul, bloco D - loja 35
Asa Sul - Brasília
Telefone: 3224-4989
Site: www.lagioconda.com.br
Bar do Amigão
506 Sul, bloco B - loja 46
Asa Sul- Brasília
Asa Sul- Brasília
Telefone: (61) 3244-1109
(*) Guilherme Lobão é jornalista e editor da Revista Chef.
(*) Guilherme Lobão é jornalista e editor da Revista Chef.
Nenhum comentário:
Postar um comentário