segunda-feira, 28 de setembro de 2015

EU RECOMENDO // Hambúrguer não é só gastronomia – é política e sociologia

Diogo Ramos Coelho
Convidado especial do Gastronomix

“O que você pensa quando escuta falar de hambúrguer? Um esferoide robusto e suculento de carne moída, coberto por uma generosa porção de queijo derretido, prensado por dois pães macios? Ou um isopor redondo produzido com especificações industriais e servido por escravos assalariados para uma população obesa? É cozinha ou mercadoria? É um ícone de liberdade ou a quintessência da conformidade?

Não importa o que você pensa. O hambúrguer não é apenas um sanduíche. É um nexo social. É um símbolo cultural. Ele é maior do que a gastronomia – seu contexto apropriado, penso eu, é na política e na sociologia.
 Houston Original Hamburgers

O hambúrguer, tal como o conhecemos hoje, é um fenômeno dos EUA do pós-guerra. As histórias sobre sua origem, na verdade, variam. Li que a procedência do bife data do fim do século XVII, quando tribos nômades da Ásia Ocidental desenvolveram a técnica de temperar a carne bovina, finamente picada, a fim de evitar seu perecimento. Li também que teria sido levado aos EUA pelas mãos de imigrantes alemães vindos dos arredores de Hamburgo.

Pouco importa. A criação, a popularização e disseminação do hambúrguer são fenômenos americanos – e confunde-se com o desenvolvimento do país na segunda metade do século XX. Confunde-se, igualmente, com o fenômeno recente da globalização, que tantos ferozmente criticam. 
Respeitável Burguer
Em 1961, a revista Time descreveu o produto retirado dos drive ins do McDonald's como "alimentação barata de linha de montagem" (low-priced assembly-line feeding). Naquela época – e até hoje – algumas pessoas enxergam em hambúrgueres apenas conformidade e baixo custo. O hambúrguer, como os EUA, seria símbolo da sociedade de massas e da homogeneização dos gostos. O fast food representaria tudo de ruim sobre a América – sua padronização, sua conformidade, sua banalidade. É a gastronomia sem identidade, plastificada e industrializada, alastrada pelo mundo como uma praga.

Mas eu penso diferente. O hambúrguer pode também representar o melhor do capitalismo contemporâneo. Verdade: ele é produzido e vendido em escala. Entretanto, que outra forma haveria para alimentar, de modo simples, massas e massas de indivíduos? Os maiores beneficiários são pessoas que, em outras circunstâncias, jamais teriam acesso à iguaria. Mas o hambúrguer não se define por sua padronização. Ele é, sobretudo, uma commodity, por meio da qual é possível inventar novos produtos. 
Twelve Bistrô
Onde quer que você vá, um hambúrguer significa uma esfera de carne moída servida em um pão enriquecido branco. O hambúrguer tem um caráter de inevitabilidade – é, nesse sentido, um ponto de referência gastronômico, como o sushi, a pizza ou a batata. Mas sua essência básica pode ser melhorada. Ele pode ser aperfeiçoado, de acordo com as tradições e gostos locais – ou, até, individuais. Cada hambúrguer é, portanto, uma experiência única, apesar de seu formato comum.
Z Deli

Experimente as variações. Em Brasília, vá ao Houston Original Hamburgers e prove uma autêntica versão americana. Ou, quem sabe, vá ao Respeitável Burguer e exerça sua criatividade, combinando ingredientes. Destaque também para a Hamburgueria do Francês e o trailer do Morceguinho. Foi a São Paulo? Não deixe de ir ao Twelve Bistrô, em Pinheiros, e prove – com um pouco mais de aporte financeiro – uma versão com Foie Gras e cebola em balsâmico. Vale também uma ida ao Z Deli, nos Jardins, para versões mais simples e deliciosas, como o famoso Manhattan, que leva cheddar inglês, picles, cebola roxa e tomate. Até as grandes redes possuem variedades: um tradicional Big Mac não é igual a um Shake Shack ou a um Whopper.
 Minetta Tavern
O hambúrguer, afinal, não é apenas a plastificação da gastronomia. Sua essência não está restrita à carne e ao pão. Falar de hambúrguer é falar de reinvenção. O hambúrguer exerce fascínio porque é uma comida entendida universalmente. Sua beleza está na forma como atravessa fronteiras sem perder a essência, porém adquirindo novas identidades. Ele é um veículo, um símbolo e um ícone – de um país, de uma época e de um mundo cada vez mais plano. Essa simbologia, entretanto, é apenas o chiado; a real importância do hambúrger reside na forma como eleajuda a interpretar a história do mundo – igualmente deliciosa”.

Houston Original Hamburgers
412 Norte Bloco C Lojas 56 e 62
Asa Norte, Brasília
Telefone: (61) 3257.5004

Respeitável Burguer 
SHC/S CL 402, Bloco B, Loja 25
Asa Sul, Brasília
Telefone: (61) 3224.8852

Twelve Bistrô
R. Simão Álvares, 1018
Pinheiros, São Paulo
Telefone: (11) 3562-7550

Z Deli
R. Francisco Leitão, 16
Pinheiros, São Paulo
Telefone: (11) 2305.2200

Minetta Tavern
113 Macdougal St
New York, NY
Telefone: +1 212-475-3850

(*) Diogo Ramos Coelho, 28, pernambucano, é diplomata, mora há dez anos em Brasília e é, óbvio, aficionado por hambúrgueres.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

DRINK_ME // Cool drinks

Juliana Raimo
Colunista de Drinks do Gastronomix
A chegada da primavera no Brasil praticamente se confunde com o verão. Meia estação é algo que o brasileiro não conhece. As temperaturas se elevam as pessoas saem para as ruas, os bares começam a encher novamente, então no quesito drinks, nada melhor que falar de coquetéis refrescantes.

Do meu livro de receitas “Shake, a new perspective on cocktails” que amo de paixão, selecionei três receitas que darão água na boca, ainda mais neste calorão. A pedidos, para agradar as “moças” em dieta que já se preparam para as férias de verão, selecionei um deles, não alcoólico, para tomar a qualquer hora do dia.


Rosemary Maple Bourbon Sour (r
ende dois drinks)
-     150ml de Bourbon
- 75ml de suco de limão siciliano
- 20ml de Maple Syrup
- 1 ramo de alecrim (+02 para guarnição)

Modo de preparo

Libere o aroma do alecrim dando uma batida no ramo entre as mãos e adicione a coqueteleira. Junto o Bourbon, suco de limão, maple syrup e pedras de gelo. Bata vigorosamente por 15 seg. Sirva (filtrando pela tampa da coqueteleira) em um copo baixo com 5 pedras de gelo. Decore com um ramo de alecrim.

Blackberry Fence Hopper (r
ende dois drinks)
- 100ml de Vodka
- 50ml de suco de limão siciliano
- 20ml de mel de flores silvestres
- 8 amoras negras frescas (+04 para guarnição)
- 2 fatias de limão siciliano para guarnição

Modo de preparo
Em uma coqueteleira adicione o suco de limão, o mel e as amoras. Macere suavemente. Adicione a Vodka e pedras de gelo e chacoalhe vigorosamente por 10 seg. Sirva em um copo baixo com 5 pedras de gelo. Decore com 4 amoras.

Bush Basil (não alcoólico - r
ende dois drinks)

- 500ml de água mineral
- 50ml de suco de limão tahiti
- 1 maço de manjericão
- 6 fatias finas de pepino fresco (+04 para guarnição)
- 2 fatias finas de limão tahiti (+02 para guarnição)

Modo de preparo

Adicione o maço de manjericão, o pepino e as fatias de limão em uma coqueteleira. Macere os ingredientes. Adicione a água, o suco de limão o pedras de gelo sobre a mistura e chacoalhe vigorosamente por 10 seg. Sirva em um copo alto com pedras de gelo até o topo, filtrando o líquido (com coador de bar). Finalize com folhas de manjericão e as fatias de limão e pepino.

Agora só falta reunir os amigos e se divertir!

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

NOTÍCIAS // 3 restaurantes na casa Cor Brasília 2015

Além das ótimas opções para montar a sua casa e ver coisas bonitas,  Casa Cor Brasília 2015 traz  três restaurantes para aplacar o paladar de quem bate uma boa perna pelos espaços. São eles:

CRU BALCÃO CRIATIVO

O chef Lui Veronese preparou menu especial com opções como ostras frescas ou em tempura, salada de baby beef e ceviches. Já como pratos principais, o filé com baroa, o atum selado com tagliatelle de pupunha e o risoto de camarão com creme de dendê. Aos fins de semana, a tradicional Paella do Oliver.

MARIA AMÉLIA 
A cafeteria Maria Amélia fará o bolo bem casado em camadas, além de salgados, tortas, bolos.

PIZZA PARQUE 

A Pizza Parque serve os especiais da casa, como Salmão defumado com rúcula, Cogumelos frescos, Mortadela com emmental e Brie e nozes com molho especial de cranberry.  Todas as pizzas servidas serão em porções individuais.

Casa Cor Brasilia 2015
Comercial da QI 9 do Lago Sul, lote D. Antigo Inacor (Instituto Nacional do Coração)
De terça a domingo (e feriados), das 12h30 às 22h
Ingressos: R$ 44,00 (inteira), R$ 22,00 (meia para estudante e pessoas com 60 anos ou mais). Crianças até 11 anos não pagam.
Informações: (61) 3248.4638/3248.6902

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

NOTÍCIAS // Carnívoros, mais uma Parrilla na capital

Brasília acaba de ganhar mais um espaço dedicado aos prazeres da carne. É o Parrilla 413, especializado no típico churrasco argentino e uruguaio. A parrilla consiste em assar ou grelhar alimentos sem espetar ou colocá-los direto no fogo. Nesse processo, o sabor e a suculência são preservados. A casa já entra com a opção de pratos executivos na hora do almoço (entre R$ 16,00 e R$ 28,00). Serão servidos desde o peixe até o bombom de alcatra com dois acompanhamentos, entre arroz de brócolis, mandioca cozida ou feijão tropeiro.

Quem preferir os cortes do menu tradicional, as sugestões são o carré de cordeiro, que pode ser uruguaio R$ 59,00 ou da Nova Zelândia R$ 74,00 e também o bife do parrilleiro R$ 48,00. Há também o “assado de tira” R$ 25,00 e o vacio (fraldinha) R$ 65,00. Para acompanhar as carnes, arroz do parrilleiro (R$ 12,00) e a farofa com ovos R$ 8,00. Para adoçar o paladar, panqueca de doce de leite com sorvete (R$ 15,00) e abacaxi grelhado na parrilla com cointreau (R$ 9,00).

Parrilla 413413 Sul, bloco C, loja 13Telefone: (61) 3204-4662

terça-feira, 22 de setembro de 2015

NOTÍCIAS // Tapas italianos no Fortunello

A ideia é ótima. Para um happy hour então. E nesse calor...Comer em pequenas porções e experimentar tapas diferentes. O Fortunello está com este novo serviço. O chef Miguel Ojeda resolveu inovar no seu cardápio e implementou um balcão de delícias como enroladinhos de aliche e azeitonas, folha de couve recheada com couscous marroquino, ratatouille com champignon, espetinho caprese. 

Além disso, a casa ainda mantém uma parte com frios, queijos, azeitonas e pães feitos em casa. Cada unidade desses “bocadilhos” custa R$ 3,00 e duas por R$ 5,00. Para acompanhar esses gostosuras, ele criou também o tinto de verão, um drinks com vinho, limão siciliano, soda e gelo. Super refrescante nesse calor! 

Fortunello Ristorante
206 Sul, Bloco A, s/n – 6
Telefone: (61) 3297-3232

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

EU RECOMENDO // Um japonês em Amsterdam

Gustavo Pereira
Convidado especial do Gastronomix


“Toda vez que planejo uma viagem para Amsterdam meus amigos dizem para não deixar de ir ao Momo, um restaurante japonês super conceituado e premiado em Amsterdam. Confesso que faço propaganda dele para quem vai visitar a cidade, porém toda vez que ligo para reservar uma mesa está sempre lotado.

Nessa quarta vez pela cidade, como de costume, liguei para o Momo e estava lotado por todo o período que eu ficaria por lá. Mas não fiquei triste, afinal não sou um apaixonado pela cozinha japonesa. 
No meu último dia em Amsterdam, numa tarde de quarta-feira, fazendo um calor de 40 graus na sombra, passei em frente ao restaurante Momo. Hesitei algumas vezes para entrar, até que achei melhor arriscar e tentar uma mesa, afinal eu estava sozinho e a chance de conseguir um lugar seria maior.

Pronto. Lá estava eu sentado sozinho e com medo de errar na escolha do prato. No restaurante, muitas mesas vazias, pois o almoço estava quase se encerrando. O restaurante é bem bonito e descolado, mas nada pretensioso. Sentei numa mesa perto do balcão onde se pode ver a preparação dos pratos.
A garçonete muito simpática me sugeriu o prato da casa que é a unanimidade no almoço, um pato grelhado com legumes frescos num molho feito a base de leite coco e especiarias. E, para acompanhar, uma tigela de arroz. Antes do prato chegar, fui recepcionado com um missoshiru, que é um dos pratos mais básicos da culinária japonesa feito por uma base de caldo de pasta de soja. No caso do Momo, ele ainda é servido com vôngole.

Se você tem preconceito assim como eu por missoshiru, pode esquecer quando tomá-lo no Momo. Ele é perfeitamente equilibrado e suave, e cria o desejo de quero mais.
Só não pedi outro porque a expectativa pelo prato principal era grande. E em nada me frustrou quando ele chegou. A textura do pato e o seu cozimento estavam no ponto certo, assim como os legumes. O sabor singular do molho levemente picante equilibrava com o sabor agridoce do pato. Tudo estava incrivelmente bem temperado e na cocção perfeita.

Como manter o preconceito por uma milenar gastronomia oriental depois de saborear pratos tão incrivelmente preparados? Impossível. O restaurante Momo conseguiu despertar um novo paladar em mim.
Calma, a sobremesa também foi um espetáculo a parte, para encerrar o almoço, escolhi uma cheesecake de caramelo com castanhas e servido com sorvete e café. É de comer rezando.

Agora se você é fã da culinária japonesa vai se deliciar por lá, e se você não é fã e estiver por Amsterdam dê essa chance ao seu paladar assim como eu fiz. E aproveite muito. Depois me conte sua experiência”.
MOMO - Hobbemastraat 1
Telefone: +31 (0)20 671 7474
info@momo-amsterdam.com

(*) Gustavo Pereira é chef gastronômico e publicitário.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

RECEITAS // Ravióli de Abóbora

O chef paranaense Rafael Rupp preparou uma receita bem especial para o restaurante curitibano Veg e Lev (www.vegelev.com.br). Confira o passo a passo:

RAVIÓLI DE ABÓBORA
MASSA
Ingredientes
- 500 gr Trigo Semolina
- 0,230 ml Água (levemente morna)
- 1 col de chá (rasa) de sal

Modo de preparo
- Misture o trigo e o sal adicione a água aos poucos, amasse até não ficar pedaços soltos. Abra a massa em uma mesa com um rolo até estar  fina. Divida a massa no tamanho da forma de ravióli e coloque o recheio,caso não utilize forma poderá abrir uma parte da massa sobre a mesa e distribuir um pouco de recheio sobre a massa deixando um espaço entre eles em seguida coloque outra parte de massa sobre a que esta recheada e modele os raviólis com o auxilio de um cortador de massas corte os raviólis e feche com um garfo, adicione farinha para não grudar ,em seguida cozinhe a massa em 3 litros de água, ao retirar  se possível coloque em água gelada para cortar o cozimento.  

RECHEIO
Ingredientes
- 1 Abóbora cabotiá  pequena
- ½ colher de chá de cravo em pó
-  ½ colher de chá de canela em pó
- Azeite
- Sal  a gosto
- Pimenta do reino a gosto
- Nozes mariposa

Modo de Preparo
- Corte a abobora em  pedaços pequenos com casca, aqueça uma panela adicione azeite, em seguida acrescente a abobora e refogue por alguns minutos, adicione um pouco de água para cozinhar a abobora em seguida acrescente o sal, pimenta, Canela e o cravo. Quando estiver ao ponto de amassar com um garfo desligue a panela e amasse até formar uma pasta. Nozes mariposa adicione um pedaço dentro de cada ravióli.
MOLHO
Ingredientes
 - 150 gr de Macadâmia
- Água
- ½ Cebola pequena
- Sal Q.B
- Azeite
- Tomilho
- Salvia
- Alecrim
- Fécula de batata
- Noz moscada(opcional)

Obs: Lembrando que este é um molho base(branco) podendo ser adicionado espinafre, cogumelos e ervilha por exemplo ou o que preferir isto vai enriquecer seu molho.

Modo de Preparo
 - Deixe a macadâmia  de molho por 8 horas, depois escorra a água. Leve a macadâmia para o liquidificador com 1 lt de água e bata tudo, para um melhor resultado divida este processo em três partes, depois de bater você vai precisar coar para obter o leite de macadâmia, coloque uma panela para aquecer adicione o azeite e em seguida a cebola deixe murchar sem que escureça a cebola, em seguida adicione o leite quando já estiver quente acrescente as ervas  deixe ferver por alguns minutos para liberar o aroma das ervas. Caso queira um molho mais espesso pode-se adicionar fécula de batata dissolvida em um pouco de água.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

EU RECOMENDO // Um francês surpreendente em Berlim

Gustavo Pereira (*)
Convidado especial do Gastronomix

“Comer em Berlim hoje em dia é apreciar não só a gastronomia local, como nas últimas décadas, mas valorizar as cozinhas asiáticas ganharam muita popularidade por lá. Não é a toa que um dos mais renomados chefs de Berlim é o queridinho do presidente dos EUA Barack Obama. Mas, esta resenha não é pra falar da gastronomia local, e nem da influência da gastronomia asiática na Alemanha. E sim para falar da gastronomia francesa por lá. Inusitado, não?

Não, afinal a França está tão pertinho da Alemanha. Mas, sim surpreendente. Pois é possível comer uma excelente comida francesa sem estar em Paris por exemplo. Embora a culinária francesa não seja de grande destaque em Berlim, dediquei minha primeira noite na cidade a conhecer um restaurante tipicamente francês. 
Um grande amigo meu me indicou a Brasserie Lamazére. Quando entrei no restaurante tive a mesma sensação de quando entro nos restaurantes de Paris; vou comer bem. Um lugar encantador, embora pequeno, mas bem charmoso e perfeito para um encontro a dois.

Pelo que pude perceber naquela noite, todos que ali estavam queriam impressionar suas parceiras e se dar bem. O restaurante tem cara de primeiro encontro e todas as mesas estavam regadas a muito vinho francês.
Nos colocaram numa mesa no fundo do restaurante e trouxeram uma “lousa” com o menu dos pratos do dia. Cinco opções de entrada, quatro opções de pratos principais e quatro opções para sobremesa. Embora o menu não fosse vasto, a dúvida foi inevitável.  Tudo parecia incrivelmente irresistível só de ler, a expectativa só foi aumentando o nível de exigência.
De entrada pedi um “vol au vent” com pão doce e com ovo mole dentro que era de comer rezando. A massa parecia um mil folhas de tão crocante e leve. Uma mistura de sabores e aromas que vinham de dentro do “vol au vent” que logo encheu a mesa que eu estava e foi inevitável que roubassem alguns pedaços para experimentarem.

Depois dessa entrada, o prato principal teria de ser incrível para não frustrar as expectativas que já estavam nas alturas. Pela escolha, sabia que não poderia ser ruim. Fui na sugestão do garçom que disse que a especialidade da casa era carne de porco. Escolhi então o confit de porco, com purê de maça, croquete de morcela e figos com redução de vinho do porto. 
Para quem não sabe o que é morcela, é uma salsicha preta contendo sangue de porco e outros ingredientes. Lendo assim até parece estranho, mas o que se viu depois foi um prato completamente vazio. Até o croquete era muito saboroso. Todos os ingredientes se harmonizavam entre si e criavam texturas e todos os seus sabores spicy, doce, forte, suave deixavam o prato leve e super interessante. Sem dúvida uma experiência incrivel.

Depois dos acertos com a entrada e o prato principal, preferi recorrer novamente ao garçom para que ele me ajudasse com a sobremesa, afinal eu tinha apenas mais um tiro certeiro. Novamente minha decisão foi pelo prato mais requisitado do restaurante. Arroz doce com caramelo e amêndoas.

Simples, não?
O garçom trouxe a sobremesa, mas explicou que ela deveria ser degustada com todos os elementos juntos. Claro, que teimoso como sou, decidi experimentar só o arroz doce, depois só o caramelo e por fim só as amêndoas. Realmente, o doce perde muito a sua força e fica quase que sem graça. 
Na segunda vez, coloquei tudo junto e misturado e a explosão de sabores foi de ajoelhar. Não só foi o melhor arroz doce que comi na minha vida, como todos aqueles sabores juntos me remeteram a minha infância em Minas Gerais, em que eu aguardava ansioso pelo arroz doce da minha avó que estava sendo feito num fogão a lenha. Desculpa vó, com certeza o seu era muito bom também, pois me trouxe boas memórias, mas esse daqui fica pra história.

Por fim, nem o café se salvou dos elogios. Veio acompanhado de “madeleines” quentinhas e fresquinhaas.
Como não se apaixonar por este lugar. Um restaurante para ficar na memória. E com certeza aqueles casais do começo da resenha não devem ter ouvido “não” de suas prospects. Um jantar que termina muito bem é o começo de uma noite incrível para um primeiro encontro.


Bon appétit.

Brasserie Lamazére
Stuttgarter Pl. 18
Berlim – Alemanha
Telefone: +49 30 31800712
Site: www.lamazere.de

(*) Gustavo Pereira é chef gastronômico e publicitário. 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

NOTÍCIAS // Simon Lau reabre Acquavit

O chef Simon Lau reabriu o tão aguardado Acquavit, localizado na antiga Casa de Chá do Jardim Botânico, no Lago Sul. E mais: na parte inferior da casa, funciona o Simon Lau Smørrebrød – um local para as pessoas se divertirem com os famosos pães dinamarqueses cobertos por recheios.  O preço do smørrebrød varia de R$ 15,00 a R$ 25,00, dependendo do sabor. Atualmente, são seis opções:
1. SMORREBROD DE BATATA (R$ 15,00)
maionese de tucupi, cebola frita, cebolinha e flores de jambu
2. SMORREBROD DE AVOCADO (R$ 15,00)
cebola roxa, couve marinada com limão siciliano

3. SMORREBROD DE CAMARÃO (R$ 22,00)
maionese clássica, limão siciliano e dill
4. SMORREBROD DE GRAVAD LAX (R$ 25,00)
salmão, molho da casa de gravad lax, quiabo e dill
5. SMORREBROD DE ROSAT BEEF (R$ 20,00)
molho remoulade e cebola frita

6. SMORREBROD DE BOUEF TARTAR (R$ 20,00)
gema crua de ovos orgânicos, alcaparras e raiz forte

Além disso,  são servidos dois tipos de doces. A mousse de chocolate Amma 70% (R$ 10,00) e a rosquinha de canela e cardamomo (R$ 10,00)
Acquavit // Simon Lau Smørrebrød
Jardim Botânico – antiga casa de Chá, em frente ao Orquidário

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

DRINK_ME // Tigre Cego, sanduiches e drinks autorais

Juliana Raimo
Colunista de Drinks do Gastronomix
Da parceria de Pablo Muniz e seus sócios com vários amigos, a Vila Madalena ganhou mais um bar – sanduicheria, o Tigre Cego. Ambiente despojado com objetos de design espalhados por todos os cantos junto a um projeto de arte gráfica e de grafitti que dão uma super personalidade ao espaço.

O projeto é assinado pelo escritório de arquitetura Sub Estúdio e as luminárias, feitas com bacias de metal e lâmpadas penduradas, por Alisson Louback. A identidade visual ficou a cargo da dupla de designers Bora Lá e o estilista Fause Haten desenhou os uniformes da equipe, com inspiração no nome do local, “o tigre”.
Do pão aos molhos, tudo é preparado na cozinha da casa, que faz parte de um novo cenário que nasce no bairro e que vai além do chope e música ao vivo.
Além dos deliciosos sanduíches 100% artesanais - como o Brisket (R$34 na versão grande, R$23 na pequena), que leva peito de boi assado por 10 horas à moda texana, servido desfiado com cebolas caramelizadas no vinho tinto e provolone defumado, maionese de jalapeño ou de pimenta biquinho – o menu de drinks foi criativamente elaborado para surpreender tanto quanto a comida.

Das minhas passagens por lá provei também o suculento Pulled Pork (R$34 ou R$22), preparado a partir da costela suína e servido com cebolas no vinagre e açúcar mascavo, divino! As porções do combinado de batatas - batata rústica, batata doce e mandioquinha fritas (R$19) - que acompanham os sanduíches, crocantes e bem temperadas, fazem você querer voltar lá todos os dias.
Por ser apaixonado por coquetelaria, Pablo junto ao barman Lucas Araújo, criou drinks pensados para harmonizar com as comidas do bar que vão de releituras dos clássicos aos coquetéis autorais.

O Cosmopolitan, Mojito e o Bloody Mary aparecem em versões frozen, batidas com gelo, semelhantes às raspadinhas, servidas em taça dry (R$22 com bebidas nacionais ou R$26 com importadas).
O Gin-Tônica Tigre Cego é a versão caseira do drinque (R$22 ou R$26, foto à direita), na qual a tônica é substituída por um xarope de quinino feito lá mesmo, acrescido de limão siciliano e água com gás. Um drink perfeito "pré balada".
Adorei a versão com tequila do Bloody Mary “Maria Cega”, que une tequila infusionada com pimenta jalapengo e os temperos home made com uma borda de sal super fina que não faz pesar o drink. (R$ 22/26,00).
Junto a um delicioso sanduíche pedimos o Thai Breath (R$ 22/26,00), Gin infusionado com capim limão, abacaxi, água de côco, chá de jasmin, vermute seco e gengibre. Apesar de eu particularmente não ser fâ de abacaxi no drink, este veio na medida certa trazendo equilibrio de sabores e refrescância.
E por último, provamos um drink de infusão caseira com rum Havana que foi o Asian Dark’n Storm (R$26), com ginger beer feito na casa e gelo britado. Um sabor inusitado que trás uma sensação de “amortecer a boca” a cada gole com uma acidez equilibrada.

A conclusão é, para quem quer comer deliciosos sanduíches artesanais, beber excelentes drinks em um ambiente despojado com gente bacana, este bar é um dos spots em São Paulo que você não pode deixar de anotar na agenda!

Tigre Cego
Rua Girassol, 654 - Vila Madalena , São Paulo,  tel + 55 11 3586-8370
Horário de funcionamento: 
de 3a a Sábado das 12h às 15h e das 19h às 0h e Domingo das 13h às 0h