sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

DRINK_ME // As musas do verão, por Derivan

Por Juliana Raimo

Derivan, nosso grande mestre da coquetelaria brasileira, além de estar sempre por dentro das mais novas tendências, não para quieto. Com 37 anos de carreira, está sempre em busca de novidades para nos apresentar e nos surpreender. Nessa onda, voltou sua atenção para as aguardentes feitas de frutas nacionais. A marca MusA, cem por cento brasileira, acabou de lançar uma linha inspirada nos produtos europeus. Alguns exemplos são as aguardentes de Ameixa (slivovitz), Pêra (poire), Tangerina (eau de vie), Banana Prata, Ouro e Envelhecida, entre outras.

Todas constituem ótimos digestivos e são perfeitas para o preparo de coquetéis à base de frutas. Inspirado na marca, Derivan criou as “Musas do Mestre Derivan”. Os nomes dos drinks foram inspirados na mitologia grega (musas do Olimpo) e dos deuses que as conceberam. Foram criados dez drinks dos quais vou recomendar três dos meus preferidos.

Por guardar uma recordação muito boa de uma cachaça que eu costumava tomar nas férias em Parati, vou recomendar o drink Zeus e Gaia, com a MusA de banana. O Calíope, com a MusA Poir (Pera) por achar que a pera trás algo chique e suave. E o drink Talia com a MusA - Slivovitz (ameixa) por ser uma caipirinha colorida e com muito sabor e originalidade.

ZEUS E GAIA (banana)


- 40 ml de Banana MusA – Ouro
- 1 fatia de laranja para decorar

Em um copo on the rocks, coloque gelo e em seguida os ingredientes, misture bem. Decore com uma fatia de laranja.

MUSA CALÍOPE (pera)


- 50 ml de MusA - Poire (pera)
- 15 ml de suco de limão siciliano
- 20 ml de licor Cointreau
- 1 fatia de pêra para decorar

Em um copo on the rocks coloque gelo e em seguida os ingredientes, misture bem. Decore com uma fatia de pêra.

MUSA TALIA


- 50 ml de MusA - Slivovitz (ameixa)
- 4 cubos de nectarina
- 3 lichias
- 3 uvas itália
- ½ colher (bar) de açúcar

Em um copo para caipirinha, coloque as frutas e o açúcar, macere bem. Incorpore o gelo e em seguida a MusA - Slivovitz, misture bem. Sirva com um mexedor.

- Aguardente de MusA, produção artesanal
A MusA é uma destilaria especializada na produção artesanal de aguardentes de frutas, com alambiques situados no Sul de Minas Gerais, entre Maria da Fé e Itajubá. Com clima e solo ideal para seu cultivo, é da Região da Serra da Mantiqueira que vêm as frutas utilizadas no preparo de cada uma das sete bebidas da marca.

- Onde encontrar a marca MusA em São Paulo:
Casa Santa Luzia (11)3897-5000
Cia do Whisky (11) 5055 6000 e 5092 4188

- Para outras cidades consultar:
Derivan Ferreira de Souza (http://www.derivanbar.com/)

- Fotos dos coquetéis: Mauro Holanda (http://www.mauroholanda.com.br/)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

AO PÉ DO OUVIDO // Sade e George Michael, ano 25


Por Rosualdo Rodrigues

Sade Adu e George Michael têm algo em comum. Ambos acumulam pouco mais de 25 anos de carreira e têm se mostrado econômicos no que fiz respeito a lançamento de discos. Cada um tem cinco álbuns, o que dá uma média de um para cada cinco anos – baixa para os padrões de artistas do cacife deles. Outra coincidência é que os dois estão, neste momento, com novidades no mercado.

Sade lança o sexto álbum, Soldier of love, e George, o DVD Live in London. O disco novo de Sade surge dez anos depois de Lovers rock. O grande intervalo, no entanto, não significou nenhuma mudança radical no som da cantora nigeriana. Soldier of love traz uma coleção de canções de amor que fluem como agradável trilha sonora para momentos intimistas, seja só, a dois ou em um jantar tanquilo entre amigos.

Após The moon and the sky e Soldier of love, as duas primeiras músicas e também as melhores, o disco corre meio igual. Há ecos de bossa, jazz, blues, folk, mas tudo dissolvido em um estilo próprio e inconfundível, ditado por aquela voz extra-macia de Sadu, cercada por arranjos e produção impecáveis. Quer dizer, não surpreende, mas também não decepciona.

Já o DVD do George Michael é surpreendemente muuuito bom. O show gravado na Earsl Court Arena é o que marcou os 25 anos de carreira do cantor e com o qual ele correu o mundo. O repertório passa pelos cinco discos de George e ele está em ótima forma, descontraído, cantando pra caramba. Tudo isso deve contribuir para o clima entre ele e plateia, que é bem caloroso, próximo, apesar da grandiosidade do espaço e o uso de muito aparato eletrônico. Aliás, a luz, no palco e na plateia, é espetacular, e as projeções imensas no fundo do palco é que fazem a movimentação de cena, tornando o show bem adequado para se ver em vídeo.

Outro detalhe: o DVD é duplo. O segundo disco traz um documentário sobre os bastidores da turnê feito basicamente de imagens e legendas com informações adicionais. Nos poupa da narrativa e daquelas manjadas entrevistas com o artista, músicos, fãs etc. Enfim, Live in London não é um daqueles DVDs que você põe para tocar e vai preparar alguma coisa na cozinha. Depois que ele começa a rodar, difícil é sair de frente da tevê.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

EU RECOMENDO // Viagem ao passado


Por Antonello Monardo (*)
Convidado especial do Gastronomix

“Muitas vezes, as lembranças gastronômicas é um conjunto de situações que ficam na memória por muito tempo. No inicio de novembro de 2009, viajei para a Itália, depois de seis anos de ausência. Aproveitei para visitar a Feira bienal Host de Milão, onde predominava o café e fui convidado para fazer o lançamento com mesa-redonda do meu livro Louco por café, no estande do amigo Riccardo Maltoni, que tem o maior acervo de maquinas para café espresso de época do mundo. Ali, ele montou um estande de 220 m2 expondo estas relíquias.

Depois da feira, eu e a minha esposa, Gabriela, alugamos o novo 500 Fiat para descer até a Calábria, passando por Parma, Rimini, Republica de San Marino, Assis e, finalmente, chegar a Reggio Calábria - minha cidade natal. No penúltimo dia, fui com Gabriela e a minha Irmã Cetty, na pequena cidade de Vallelonga na província de Vibo Valentia, (antigamente província de Catanzaro), para buscar informações sobre o meu avô, que veio para o Brasil no inicio do século passado, como milhares de italianos, substituindo a mão de obra escrava. Infelizmente, não teve sorte e faleceu logo. Esta historia faz parte do livro.

Ao chegar ao município, fomos muito bem recebidos, encontrando as informações que originaram a busca. Depois de uma volta rápida ao centro, por volta de 13h30, perguntei ao “vigile urbano” que nos acompanhou até a residência antiga do meu avô, um lugar onde poderíamos comer produtos típicos. Ele nos indicou, na saída da pequena cidade um restaurante o Agriturismo (turismo rural) La Melia. Chegando lá encontramos um casarão, entramos no restaurante e fomos perguntar ao garçom que se aproximou, se tinha a possibilidade de pagar com cartão de credito. O garçom falou que não utilizavam cartão. Nós nos olhamos como por dizer “... e agora?, vamos em outro lugar?”

Neste momento, um senhor distinto se aproximou, apresentando-se: “Sou o proprietário, Francesco Garisto, prazer! Qual é o problema? Eu falei: Queremos pagar com cartão, mas você não tem! Ele respondeu: Não tem problema, quando vocês voltarem na próxima vez me pagarão. Eu rebati: nós moramos no Brasil, não sabemos quando voltaremos. Fomos ao município para resgatar informações sobre o meu avô Domenico Monardo. Ele com curiosidade respondeu: Você por acaso é Antonello Monardo do café que mora em Brasília? Eu: Sim, sou eu! Ele na hora: Vocês são meus convidados!

Alem da prazerosa surpresa, tivemos o prazer de nos deliciar com pratos típicos da região. Na entrada: antepasto misto com embutidos e queijos, pimentões fritos com patadas e empanadas de flores de abobrinhas. Primeiro prato: tagliatelle com funghi Porcini, devido a época. De segundo prato: uma gostosa grelhada mista de carnes. O vinho foi da casa, de própria produção que combinava magistralmente com os ingredientes. Pena não que tínhamos mais tempo para poder curtir o haras. Resta o compromisso na próxima ida na Itália, dedicar alguns dias hospedando-se diretamente e aproveitar todas as delicias do lugar".

La Melia
Vibo Valentia - Itália
Site:
www.agriturismolamelia.com

(*) Antonello Monardo, 49 anos,é autor do livro “Louco por Café”, editado pelo Senac-DF. Seu site é
www.monardo.com.br e o endereço do blog que escreve é www.antonello-monardo.blogspot.com.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Fresca, drinks refrescantes


Por Juliana Raimo

Folheando meu livro de Martinis, encontrei três receitas de drinks denominados “Fresca”. O interessante é que misturam ingredientes não tão usados na coquetelaria convencional como manjericão, mel e vinho do porto.

Os coquetéis denominados “Fresca” foram inventados para serem tomados no verão, em copo longo com gelo e limonada. Aqui o autor do livro, Ben Reed, sugere serem servidos em copos martinis para dar um toque mais sofisticado.

Nesta onda de drinks “moleculares”, estas receitas abaixo trazem um pouco desta idéia de unir a gastronomia com a coquetelaria. Claro que este final de semana servirá para testar as receitas abaixo e aproveitar para convidar os amigos.

Basil and Honey Fresca (manjericão e mel)

j

Ingredientes
- 50 ml de vodka
-
5 ml de suco de limão
-
5 ml de suco de grapefruit
-
2 folhas de manjericão masserados
-
1 colh. de chá de mel
-
1 folha de manjericão para decorar

Orange and Pear Fresca (laranja e pera)


Ingredientes
- 50 ml de vodka
-
5 ml de suco de limão
-
5 ml de suco de grapefruit
-
1 fatia de laranja masserada
-
1 fatia de pera masserada
-
1 casca de laranja para zest e para decorar

Port and Blackberry Fresca (porto e blackberry)


Ingredientes
- 50 ml de vodka
-
15 ml de porto
-
5 ml de suco de limão
-
5 ml de suco de grapefruit
-
6 blackberrys (02 para décor)

P
reparo (para os três drinks)
Adicione todos os ingredientes em uma coqueteleira cheia de gelo, chacoalhe e sirva em copo martini previamente refrigerado. Decore e sirva.

- Fonte: Livro Martinis, Ben Reed

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

AO PÉ DO OUVIDO // E todo mundo grita êêêêêê

Por Rosualdo Rodrigues

O frevo Vassourinhas é, sem dúvida, um fenômeno. Composto há mais de 100 anos (a data presumível é 6 de janeiro de 1889), ele consegue até hoje ter o efeito de uma bomba de alegria quando lançado sobre uma multidão. Seja onde for, aos primeiros acordes, todo mundo grita êêêêê e até quem está quase que nas últimas ganha forças para acompanhar o grito e dar mais uns passinhos.

Lembro que, nos bailes carnavalescos de clube de minha infância e adolescência, o "conjunto" guardava Vassourinhas como trunfo, para soltar naquelas horas em que a galera já começava a dar voltas no salão meio que ligada no automático. O frevo funcionava como uma injeção de ânimo. De ponto quase morto, o baile passava pra primeira marcha e ia à quinta. Todo mundo gritava êêêêê e o carrossel humano no salão acelerava o andamento.

Um salto no tempo. Carnaval de 2010 em Brasília. A orquestra que acompanha o Galinho de Brasília (bloco daqui da capital que homenageia o Galo da Madrugada de Recife) toca um repertório de frevos de cortar coração de pernambucanos saudosos. “Volteeeei Recifeeee....”, “Olindaaaa, quero cantaaaar...” Mas aí, de repente, tome Vassourinhas, e todo mundo grita êêêêê e se agita mais ainda. Não por acaso, eles sempre tocam a música quando o bloco passa por baixo da tesourinha (viaduto, para quem não é de Brasília) do Eixo Rodoviário. Com o som amplificado pela acústica do lugar, o pessoal vai à loucura.

Não duvido que a cena tenha se repetido nas ruas de Recife, Olinda, Rio de Janeiro ou de Salvador (este ano comemorando os 60 anos do trio elétrico, que deve muito ao frevo pernambucano e, especialmente, a Vassourinhas, claro). Acho que nem os autores, Matias da Rocha e Joana Batista Ramos, tinham noção do poder da música que compuseram para o bloco pernambucano Vassourinhas, ou o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas. Há mais de um século. Isso é o que chamo de clássico.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

EU RECOMENDO // Praia, lagosta e glamour


Por Virna Dias (*)
Convidada especial do Gastronomix


“Bom um dos meus maiores prazeres na vida é comer bem. Por isso, segue umas dicas legais! Eu como uma boa nordestina, potiguar, indico um restaurante em Natal chamado Camarões. Os pratos são bem servidos, a vista legal e o preço ótimo! É bom lembrar q em Fortaleza tem o mesmo nome do restaurante, mas não é o mesmo!

Em Las Vegas comi a melhor lagosta da minha vida no Restaurante Nero's no Hotel Caesers. Uma outra dica interessante é o restaurante La Voile Rouge, em Saint Tropez, na praia. Comi um espaguete com caviar maravilhoso, acompanhado do vinho Rosé, Vin de Provance. Detalhe: um visual estupendo!”

Camarões
Av Engenheiro Roberto Freire 2610
Ponta Negra - Natal (RN)
Telefone: (84) 3209 24 24
Site:
www.camaroes.com.br

Nero´s
3570 Las Vegas Boulevard SouthLas Vegas (EUA)
Telefone: (702) 731-7110
Site:
http://www.caesarspalace.com/casinos/caesars-palace/restaurants-dining/neros-detail.html


La Voile Rouge
Boulevard Patelli
Ramatuelle, Saint Tropez (França)

(*) Virna Dias, camisa 10, defendeu a seleção brasileira de vôlei entre 1991 e 2004. Ainda permaneceu nas quadras, como jogadora de vôlei de praia até 2006. Ganhou medalha de bronze nas Olimpíadas de Atlanta (EUA - 1996) e nas Olimpíadas de Sydney (Austrália - 2000) e mais três títulos de Grand Prix (1996, 1998 e 2004). Virna deixou as quadras na temporada de 2008/2009.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

DRINK_ME // Drinks Exóticos e Welcome Drink


Por Juliana Raimo

Estou reunindo algumas informações que coletei ao longo de 2009 para fazer minha seleção de “best drinks by Juli”. Acredito que, no meio deste ano, já terei meu primeiro kit impresso. Além de organizar algumas dicas incríveis, quero presentear amigos que, assim como eu, adoram drinks.

Recentemente, estive num bar em SP que se chama Tapas Club. Bebi um excelente e exótico drink, preparado pelo barman Gus, que é um dos carros chefes do Tapas: O Corleone. Para a receita, vou arriscar a dosagem das bebidas segundo a minha experiência:

Corleone








Ingredientes
- 75ml Gin Beafeather
- 10ml Licor Limoncello
- 50ml Licor Cointreau
- ½ limão siciliano
- ½ limão tahitI

Para a crosta: açúcar e gengibre me pó

Preparo
Preparar na coqueteleira com gelo e servir em taça martini pré preparada com crosta de açúcar e gengibre.* Se desejar decorar com um “twist” de limão siciliano.

* Para a crosta, misture 1 colher de café de gengibre em pó e 2 colheres de café de açúcar. Misture bem e despeje em um prato de sobremesa. Umedeça a borda da taça martini com uma fatia de limão e pressione a taça no pires.

Outro drink que, com certeza, entra nesta categoria de Drinks Exóticos é o Ginger Martini que aprendi a fazer com o barman Bassetto do Sonique Bar. Relembrando a receita:

Ginger Martini


Ingredientes
- 50ml de gin
- 35ml de Gran Marnier
- 10ml de suco de laranja fresca (suco de ½ laranja)
- 10ml de suco de limão (suco de ½ limão)
- 1 colh. de café de *xarope de gengibre caseiro

Preparo
- Gelar um copo Martini (gelo no copo ou mantê-lo no congelador uma hora antes do início do preparo). Em uma coqueteleira com gelo coloque o gin, Gran Marnier, os sucos e ao final o xarope de gengibre. Chacoalhe bem e sirva em taça previamente resfriada.

* algumas horas antes do preparo do drink, colocar fatias de gengibre sem casca intercaladas com açúcar em um pirex pequeno (como uma lasanha). Depois de algumas horas você obterá um “caldo” de gengibre. Aproveite para fazer a sua seleção e montar os seus top 10 Drinks!

Dica para fim de semana:

Welcome Drink no Ping Pong pelo ano novo Chinês!
O Ping Pong, badalado restaurante londrino de comida chinesa no Itaim ,vai receber todos os comensais com o coquetel não-alcoólico Goji berries mango and mint neste sábado, véspera do Ano Novo Chinês (dia 13) e no grande dia 14 (domingo). A bebida leva goji berry, suco de manga e hortelã, sendo que a goji berry é um fruto típico chinês. É uma boa mistura para começar o ano com novas energias, já que o fruto também é conhecido por conter propriedades rejuvenescedoras.

Ping Pong
Rua Lopes Neto,15
Itaim Bibi, São Paulo
Telefone: (11) 3078 5808
http://www.pingpongdimsum.com.br/

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

AO PÉ DO OUVIDO // Sentimento pouco é bobagem

Por Rosualdo Rodrigues

Num país onde surge uma nova-cantora a cada semana, gastamos muito tempo discutindo se aquela moça que a Folha, a Veja ou o que seja apresenta como a grande revelação do momento é mesmo a graaaaande revelação do momento. Assim, acabamos esquecendo de usufruir tesouros escondidos no fundo do baú.

Digo isso porque por estes dias andei revirando discos e me deparei com uns antigos de Nana Caymmi. Fui ouvi-los e me maravilhei como se estivesse escutando aquilo pela primeira vez. Não que não soubesse que Nana Caymmi é uma cantora fantástica (até outro dia mesmo a gravação dela e Erasmo de Não se esqueça de mim tocava em Caminho das Índias). Também não faz tempo que Nana lançou um disco, Sem poupar coração. Muito bom por sinal.

Mas aquela Nana de Mudança dos ventos e Voz e suor (dois dos melhores discos dela) me deixou extasiado.Primeiro, porque me dei conta que Nana Caymmi é, como Maria Bethânia, do time das inimitáveis. Única. Você encontra novas-cantoras que lembram Elis Regina, Gal Costa, Marisa Monte (todas essas grandes intérpretes, sem dúvida). Mas nunca confunde a voz de uma novata com a de Nana ou com a de Bethânia.

Segundo, porque faz tempo que não ouço ninguém cantar os sentimentos com tanta intensidade. Nas interpretações de Nana Caymmi, a dor é dolorida mesmo e o prazer é o paraíso. Não tem meio termo. Ela escolhe as músicas a dedo – feeling para o repertório certo é uma qualidade que muitas boas cantoras não têm – e se entrega por completo a elas sem que isso, curiosamente, soe exagerado. Quando ela canta Mudança dos ventos sou capaz de jurar que Ivan Lins é o melhor compositor do planeta. Mas (sem tirar o mérito da composição) é o jeito de cantar de Nana Caymmi que torna aquilo tão bonito quanto é.

Com Nana Caymmi é assim. Emoção pouca é bobagem. E os sentimentos intensos que ela expressa fazem falta não só na música atual, mas nas relações em geral. Acho que foi isso que me surpreendeu ao ouvi-la. Tinha esquecido que os seres humanos já foram capazes de sentir tanta paixão.

P.S. – Voz e suor é um disco de voz e piano. Só Nana e César Camargo Mariano. Uma pequena obra-prima, só recomendável para quem não tem medo de ir fundo.

Dez canções de cortar coração na voz de Nana Caymmi:
1 ) Mudança dos ventos
2 ) Contrato de separação
3 ) Não me conte
4 ) Segue teu destino
5 ) Fruto maduro
6 ) Resposta ao tempo
7 ) Se queres saber
8 ) Meu silêncio
9 ) Tens (Calmaria)
10 ) O que é que eu faço

domingo, 7 de fevereiro de 2010

EU RECOMENDO // Na Europa e no Brasil


Por Carlos Marcelo (*)
Convidado especial do Gastronomix

“O clima e a imigração fazem de Curitiba uma capital brasileira com jeitão europeu. Ou, pelo menos, em alguns meses do ano e em alguns bairros da cidade, como na zona central. Pois bem: lá no centro histórico, há um restaurante surpreendente. É o Durski, que nasceu com a vocação de oferecer pratos da culinária polonesa e ucraniana, mas há dois ou três anos ampliou o cardápio para incluir receitas francesas e italianas.

Em que pese a quase-certeza da qualidade dos novos pratos por conta da credibilidade do chef Junior Durski (foto), eu não tenho duvidas: da próxima vez que for a Curitiba, irei ao Durski para bisar o banquete eslavo. Uma fantástica combinação que permite apreciar um pouco de cada receita - quase todas recheadas de consoantes: borstch (sopa de beterraba e repolho), holopti (charuto de repolho), platzki (panquecas de batata) e o inesquecível pierogi (com recheio de batata e ricota, mais linguiça defumada).

O atendimento também é de primeira, e a adega também é bem abastecida. A conta pode ficar bem elevada, mas, na relação custo-benefício, vale a pena. Mas atenção: o restaurante só abre para almoço aos sábados e domingos e convém fazer reserva.

Em Brasília, por sua vez, não há experiência mais brasiliense do que seguir até a região central da Asa Sul, "o centro histórico" da cidade por ali terem sido construídos os primeiros blocos de apartamentos residenciais, e pedir uma carne de sol completa no Xique-Xique.

Em menos de 10 minutos, as travessas de alumínio estarão na sua mesa, transbordando de carne no ponto certo, acompanhadas da imbatível combinação: feijão verde, arroz branco, paçoca, macaxeira, coentro e manteiga da terra. Uma porção serve dois adultos e, dependendo da fome, ainda vai sobrar muita comida - não se acanhe de pedir para os garçons (figuraças!) embalarem o que sobrou e levar para casa.

Para fazer o quilo, vale um passeio pelas cercanias - chance de admirar a Igrejinha projetada por Niemeyer, adornada pelos azulejos de Athos Bulcão e encravada na mais genial contribuição do urbanismo no século 20: a superquadra inventada por Lucio Costa, o criador de Brasília”.

Durski
Avenida Jaime Reis 254
São Francisco - Curitiba (PR)
Telefone: (41) 3225 7893
Site:
www.restaurantedurski.com.br

Xique Xique
CLS 107 bloco E loja 2
Asa Sul – Brasília
Telefone: (61) 3244 5797

(*) Carlos Marcelo é jornalista, paraibano, autor dos livros Nicolas Behr - Eu Engoli Brasília (2003) e Renato Russo - o Filho da Revolução (2009).

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

DRINK_ME // Warm Up no B4


Por Juliana Raimo

A casa B4 (trocadilho com a palavra “before”) se tornou uma grande atração no Itaim (SP) e consta com uma ótima carta de drink para animar os endinheirados. Está localizada na rua Amaury, no andar superior do restaurante Ecco. No lounge, projetado pelo arquiteto João Armentano, é possível pedir vários drinks, como o Watermelon Peper, o 007 e o Mandarim.

O primeiro (Watermelon Peper), leva gin Tanqueray Ten, triple sec curaçau, sirop de melancia, tabasco e açúcar de pimenta. A melancia, por ser suave e doce, fica excelente com um toque de pimenta deixando o drink mais interessante.


O drink 007 leva gin Tanqueray Ten, gotas de vermute francês Lillet, vodka Smirnoff Black e lemon twist. A novidade do tradicional Dry Martini é a vodka Black, que deixa o drink com cor inusitada.

Já o Mandarim mistura vodka Smirnoff Black, Cointreau, geléia de tangerina e laranjinha kimkam. Um drink para os que gostam de algo mais cítrico. Os drinques custam R$ 25 cada.

Quem aprecia uma bebida elegante pode usufruir de coquetéis a base de champanhe, como o Champagne Strawberry, que chama atenção pela sua cor vermelha. A bebida leva purê de morangos com gengibre, sherry brandy e espumante. O gengibre faz toda a diferença. R$ 21,00.


B4
Rua Amaury, 244 (andar superior do Ecco)
Itaim Bibi - São Paulo (SP)
Telefone: (11) 3071 2910
Funcionamento: terça a sábado, das 21h30 às 2h

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

AO PÉ DO OUVIDO // Os gremlins vão para Beyoncé

Por Rosualdo Rodrigues

Por ser este um blog de gastronomia, me esforço por falar na coluna de uma música mais, digamos, digerível (e que não se entenda por isso “música fácil”). Mas não me contenho em falar hoje sobre Beyoncé. Afinal, a mulher ganhou seis Grammys: canção do ano (a irritante Single ladies!!!), melhor performance vocal feminina pop, melhor performance vocal feminina de R&B, melhor performance vocal feminina tradicional de R&B, melhor canção R&B e melhor álbum contemporâneo de R&B.

Tudo bem, sabemos que o Grammy tem mais a ver com desempenho de mercado do que com qualidade musical. Mesmo assim dá certa indignação vê-la ser incensada pretensamente como o que há de melhor da música norte-americana enquanto dezenas de músicos maravilhosos são ignorados. E olha que não sou tão radical. Se estou na pista e toca Beyoncé, danço. E Halo é uma baladinha até bonitinha. Mas não acho que a música dela desça redonda.

Afinal, o que é essa maçaroca sonora de R&B, como chamam o gênero seguido por Beyoncé e cantoras afins? Tem mesmo a ver com o rhythm&blues original (leia mais no link abaixo)? Não se pode dizer que é uma evolução do gênero. Uma involução, talvez. É repetitivo, não se sustenta como música, tem que ter o circo da mídia em volta, os shows superproduzidos com coreografias em excesso. E ventilador no cabelo, claro.

Tem vozeirão? Tem. Dança pra caramba? Parabéns pelo preparo físico. Tem peitão, bundão?Inegável. Nada disso, no entanto, é prova de qualidade musical. Juro que me esforço para entender se essa opinião é decorrente de mero gosto pessoal ou de um olhar crítico, isento. Se a primeira opção for a correta, perdoem-me os fãs da cantora. Mas creio que, em vez de Grammys, ela merece uns gremlins. Muitos deles. Argh!

Link sobre rhythm&blues
http://www.millarch.org/artigo/o-curso-intensivo-para-conhecer-rhythm-blues

Link para paródia-tradução de Single ladies
http://www.youtube.com/watch?v=h3BT0uJQIZU