segunda-feira, 31 de maio de 2010

EU RECOMENDO // Vinho, poetas e mosqueteiros


Por Rodrigo Leitão (*)
Convidado especial do Gastronomix


“Eu bebo vinho desde criança, por tradição familiar. Venho de famílias portuguesas, dos dois lados. Mas só me apaixonei pela bebida de Baco há uns 11 anos. Ainda bem! Caso contrário, teria deixado passar em branco uma das grandes experiências da minha vida, muito pelos vinhos, um pouco pela comida, mas especialmente pelas locações. Assim como vinho, gosto muito da literatura francesa dos séculos 18 e 19, dos iluministas aos românticos, de Victor Hugo a Baudelaire. Na minha infância, filmes com heróis de capa e espada povoavam meu imaginário. Não esqueço a primeira vez que vi “O Homem da Máscara de Ferro” (a primeira versão, em P&B, numa Sessão da Tarde). Mas você leitor deve estar pensando: “e o que isso tem a ver com essa seção do Gastronomix?”

Aparentemente, nada. Mas é que em uma das minhas viagens a Paris eu vivi uma experiência inesquecível, que juntou essas três paixões em dois locais bem interessantes. O primeiro deles foi numa casa chamada Maison Lapérouse. O segundo, num pub muito conhecido dos jovens estudantes da Sorbonne, o L’ecurie.

Era 1999 e eu tinha ido a Paris pra fazer duas coberturas, o primeiro vôo da TAM saindo de São Paulo e o pré-lançamento do Clio. Mas o jornal não tinha me dado diárias e como eu iria ficar uma semana na cidade, me desafiei a circular com apenas 300 dólares no bolso, pra depois escrever como se virar em Paris, comendo e bedendo razoavelmente bem, com cerca de 600 reais ou 250 euros (ao preço de hoje).

Numa das minhas extensas caminhadas (aquela cidade é um cenário a céu aberto!), eu vinha do Museu D’Orsay para o hotel, no Boulevard Saint Germain, e me deparei com uma casa diferente, na esquina, bem ao lado da Academia Francesa de Letras. Na porta estava escrito Lapérose – Maison du Vin. Como falo francês tão bem quanto aramaico, mas queria entrar de qualquer jeito, pedi a uma colega jornalista que viveu anos em Paris que servisse de intérprete.

Quando o maitre-sommelier nos atendeu, agredeci a minha amiga e adorei o fato de ele ser português. Baco tinha me colocado no lugar certo. A casa pertencia a uma empresária portuguesa e todos lá falavam um pouco da língua lusitana. O Sr. Antonio nos levou a um tour pelo ambiente, dividido em vários níveis entre dois andares, com as paredes ainda cobertas pela seda original e decorada com vários retratos feitos em nanquim e revelando os ilustres que freqüentaram a casa nos seus 50 anos de apogeu, entre 1820 e 1870.

Sarah Bernard, Baudelaire, Voltaire, Millet, Rossini, Manet, Alexandre Dumas, Delacroiax, Jules Verne. Essas e outras tantas personalidades da cultura, política e da moda freqüentavam a casa – e deixaram lá seus retratos ou sob as mesas prediletas ou nos reservados exclusivos. Várias repartições da casa são fechadas, com porta e ambiente para 2, 4, 6 e 8 pessoas.

Inaugurada em 1766, Lapérouse tem ao centro do salão principal uma mesa com 24 lugares, para degustações dirigidas. O maitre de então tinha uma árdua tarefa: abrir, horas antes, uma garrafa das que seriam oferecidas e provar aquele maravilhoso vinho. Dei sorte! Naquela noite haveria uma cerimônia de apreciação de um dos mais prestigiados vinhos de Bourdeaux, um Chateau Margaux 1982 (US$ 1.682,20 ao preço de hoje). Se eu tomei esse vinho? É claro, um cálice de licor dele, que valeu muito à pena.

Um jantar para casal na Maison Lapérouse, dos mais modestos, não sai por menos de 250 euros. Há alguns anos, a casa voltou a ser um endereço badalado. Recentemente, o estilista John Galliano listou a Maison Lapérouse entre os dois melhores restaurantes de Paris. Talvez pela aura, talvez pelo glamour ou simplesmente pelo berço.

A Maison Lapérouse surgiu no momento mais crítico da monarquia francesa. Em 1766, quando o rei Luís XVI resolveu transferir a corte para Versailles, o chefe da adega real, Monsier Lefévre disse que não iria e pediu ao rei para ficar com o estoque da adega como pagamento de seus serviços. Ele então abriu um restaurante à margem do Senna, no número 51 da quai des Grands Augustins. Da janela, você vê a catedral de Notre Dame.

Mais tarde, fui à missa na Catedral de Santa Genoveva, a padroeira de Paris. Estava num grupo de 14 pessoas. Todos famintos! Nenhum de nós conhecia aquela região, bem pertinho da Sorbonne. Passava das 19h30 e chovia fino quando avistei uma portinha despretenciosa e falei: “olha ali um pub!” Entramos no tal bar, chamado L’ecurie – fica na primeira esquina logo abaixo da igreja, no sentido rue des Ecoles.

Não se dá nada pelo lugar, à primeira vista. Pior ainda se você encontrar uma mesa vaga logo na chegada. Mas o local estava lotado e o gerente nos encaminhou para o andar de baixo. Também estava cheio, com casais, mesas de dois lugares. Então descemos mais um lance de escada, dessas espirais, de ferro, bem antiga (“deve ter uns 200 anos!”, pensei). Havia uma mesa grande e outras 4 menores. Ocupamos a maior delas, pedimos um vinho, o cardápio e começamos a conversar com o gerente. Qual não foi nossa surpresa, e minha ainda maior, ao descobrir que as escadas tinham mais de 200 anos. A casa fora aberta em 1624 e funciona ainda hoje, quase 400 anos depois.

Essa taberna tem história e por estar no centro de um bairro estudantil, você come e bebe a um preço justo, na casa de 30 euros por pessoa e a pelo menos 30 metros abaixo da rua. Como meu dinheiro não dava para comer no Lapérouse, jantei no L’ecurie. Boa a comida! Todos pedimos o mesmo prato, um cardápio fechado que, na época, custou 16 dólares. Hoje, calculo que chegue a 30 euros: Bavette steack na brasa a dijonaise (molho de mostarda Dijon). De sobremesa, creme de caramelo em formato de flã.

O vinho pode ser o da casa. Nessa região, geralmente, você bebe um bom Cote du Rhône a preços módicos. Mas nós optamos por um Pinot Noir da Borgonha, um Guyot, e bebemos umas 6 garrafas. O enólogo, Olivier Guyot, estava despontando nessa época como um dos jovens promissores da região. Cada garrafa custou U$$ 25. Hoje, no Brasil, você compra a safra 2005 por R$ 140. Eu lembro que o vinho foi sugerido pelo gerente porque a tradição da família produtora tinha a mesma idade do restaurante.

Mas o diferencial do L’ecurie não acaba aí. Dada a idade da casa, quase um calabouço enogastronômico, muitas histórias estão cerradas em suas paredes de pedra, nos 70 metros de profundidade a que chegam seus salões. Naquela antiga taberna, soldados do rei e mosqueteiros da rainha – que não se entendiam nunca! – travaram disputas memoráveis e dali fugiam incólumes das perseguições. Da mesma, forma, durante a Segunda Guerra Mundial, heróis da resistência francesa ali se reuniam para traçar planos de contra-ataque e de fugas de judeus perseguidos pelos nazistas.

Como isso acontecia? No último salão, 70 metros abaixo da rua, há uma mesa de 20 lugares e uma lareira ao fundo. A lareira é falsa e leva a um túnel que vai dar na margem do Rio Sena. Dela eles fugiam de barco ou a pé. Assim eu aprendi que não basta apenas degustar um bom vinho ou saborear uma receita maravilhosa. Essas duas práticas têm de estar vincluladas de alguma forma à história do local onde você as aprecia”.

Maison Lapérouse
51 quai des Grands Augustins
Paris - França
Tel : 00 33 (0)1 45 72 07 14

Restaurant L’ecurie
2 rue Laplace, esquina com a rue de la Montagne de Ste. Geneviève.
Paris – França
Tel: 08 99 697 109

(*) Rodrigo Leitão é jornalista há 23 anos e atualmente é editor e produtor na TV Band e colunista de gastronomia, na Rádio Band News FM de Brasília. Nos anos 80, integrou as bandas Finis Africae e Pânico! e teve músicas gravadas também por Banda 69 e Cássia Eller. Já atuou nas áreas de Economia, Política, Internacional e suplementos, quando passou a ter contato mais estreito com turismo e gastronomia, na qual atua há sete anos.
Rodrigo Leitão assina o blog www.gourmetbrasilia.blogspot.com

domingo, 30 de maio de 2010

GASTRONOMIX // Alcachofra, cogumelos e tomilho


Ser cuidado é bom demais. Ontem, meu amigo Rosualdo resolveu fazer um rigatone (massa “canudinho”) lá em casa na hora do almoço, já que o mancebo chegou de férias em João Pessoa e eu estou me recuperando de uma amigdalite e não posso sair de casa. Colocamos o papo em dia.

Desta vez, fiquei na espreita observando o delicioso molho feito com alcachofras, cogumelo shitake e tomilho. O som rolava e ele lá mexendo a panela, de onde brotava aquele cheiro. Olha, não costumo elogiar por elogiar, mas o resultado dessa combinação ficou simplesmente espetacularrrrrrr. Toda a massa foi consumida, assim como o todo o molho. Quase saiu briga para raspar a panela. Tente em casa e você verá o que estou falando. Felicidade é pouco!

Massa com alcachofra, cogumelos e tomilho


Ingredientes
- ½ xícara de cogumelo seco
- 1 xícara de caldo de carne (ele fez na hora)
- 2 colheres de sopa de azeite
- 1 cebola pequena picada
- 1 colher de sopa de tomilho fresco picado
(ou 1 colher de chá de tomilho seco)
- sal e pimenta
- 400 ml de creme de leite

Preparo

- Bom, comece hidratando os cogumelos com caldo de carne (simples: coloque uns 200g de cubos de carne em uma panela com cebola picada, tomate, um poço de azeite e sal. Adicione água e deixe ferver, mexendo para pegar sabor). Escorra-o e pique-os. Reserve o caldo

- Em uma frigideira, coloque azeite e refogue a cebola, até ela ficar transparente. Acrescente o cogumelo, o tomilho e o coração de alcachofra. Cozinhe por 5 minutos. Junte meia xícara de do caldo do cogumelo e cozinhe por mais 5 minutos

- Tempere com sal e pimenta. Acrescente o creme de leite e cozinhe por mais 5 minutos. Junte a massa recém-cozida ou coloque a massa no prato e depeje o molho por cima. Parmesão sempre cai bem. Bom apetite!

sábado, 29 de maio de 2010

GASTRONOMIX // Aristocampo, autêntico italiano


Na Itália, come-se bem. Sei que é redundante falar. Agora, o visitante precisa aprender a separar o joio do trigo. Nem toda massa é boa. E não é toda cantina ou trattoria que você vai comer e sair falando maravilhas. Calma lá. Pesquise e tome cuidado para não ser enganado. Fuja, com asinhas nos pés, do menu turístico. Mas se quiser arriscar, saiba que – provavelmente – você não estará degustando uma comida interessante. E vamos combinar: o que vale nestas viagens são os momentos prazerosos, né?

Caminhando por umas das ruas principais do bairro de Trastevere (Roma), Via della Lungaretta, você vai ver um pouco de tudo. De restaurantes tradicionais, passando por fast food, aos de menu turístico. E, no meio desse oásis, vai encontrar o Aristocampo - uma cozinha italiana autêntica e cheia de charme. Foi um dos melhores restaurantes que comi em 12 dias de jornada italiana.

A entrada é simples. Ao mesmo tempo, convidativa. Dizeres no quadro escritos a giz dão o tom do clima do restaurante. “Nós somos contra guerra e menu turístico”. E os funcionários se orgulham das comidas serem feitas com produtos frescos e com um ingrediente indispensável para uma boa comida: carinho.

O encanto e a simplicidade da entrada – com bacia com alcachofras, legumes e verduras frescas – são correspondidos com o interior. No Aristocampo, as mesas são próximas, uma tradição bem italiana, há garrafas de vinho penduradas no teto, cachos de pimentas secas com fotografias em preto e branco e mesas com toalha quadriculada vermelha e branca.

Pronto: prepare-se para o melhor. O que será servido. Peça também vinho da casa (500ml custa 6 euros)

Brusqueta de tomate e rúcula e manjericão (4 euros)
Bem temperadinha e bem servida.

Polpette ao sugo com torradas (10 euros)
Tenra, com molho picante e leve

Papardelle com molho de tomate fresco picante (10 euros)
Desculpe, só comendo. De uma leveza incrível. Massa feita pela casa.

Tiramissu, o Autêntico (5 euros)
O que é isso, meu São Genaro!!!!

Pecorino com geléia de figo (7 euros)Entradinha light, boa combinação

Involtini de berinjela com tomate e molho pesto (7 euros)
No ponto: salgadinha para quebrar o amargor

Strozzapetri all’amatriciana (tomate, bacon, cebola e pecorino – 9 euros)
Aquela combinação italiana perfeita. Massa al dente, molho quentinho

Espinafre cozido com limão siciliano (5 euros)

Não tive dúvida, depois de um jantar divino, eu e Daniel voltamos em outro dia para almoçar (quatro últimos pratos). Encarar o cozinheiro e atendentes logo pela manhã para ver se o bom humor nos temperos se dava do mesmo jeito. Mais outra experiência para saborear e lembrar. Tudo ao som de jazz.

Aristocampo
Via Della Lungaretta, 75
Trastevere – Roma
Telefone: (065) 8335530

sexta-feira, 28 de maio de 2010

DRINK_ME // A fada verde encanta e...


Por Juliana Raimo

...faz o que você quiser. Já diziam os poetas e escritores na metade do século 19. O absinto era a bebida deles, da criatividade, da libertação. Ele inspirou poetas e apareceu em trabalho de Pablo Picasso e Van Gogh. Era apreciado pelos excêntricos Oscar Wilde, Toulouse-Lautrec, Baudelaire, Allen Poe e pelo famoso Ernest Hemingway. Absinto é forte, bem mais do que vinho e causa um misterioso efeito sinestésico interessante.

O absinto foi assunto de muitos estudos de alcoolismo. Foi considerado caminho sem volta para insanidade. Em 1905, houve um caso de um famacêutico suíço que matou a família inteira sobre efeito desta bebida. Isto desencadeou a extinção da bebida em muitos países.

A história conta que foi o Dr. Pierre Ordinaire que descobriu, em 1789, a planta wormwood (artemisia absinthium) numa viagem. Ele misturou artemisia absinthium com outras ervas e álcool para criar seu 136 elixir de cura. Se tornou a magia da cura, apelidada de “La Fée Verte” ou "L’Heure Verte”.

Em 1797, as irmãs Henroid venderam a receita para o Major Dubied - que casou sua filha com o Sr. Henri Louis Pernod. Ele e seu filho Marcellin construíram a primeira destilaria de Absinto da família Pernod chamada "Dubied Père et Fils", que começou a comercializar a bebida em 1798. A reputação da fábrica quanto aos quesitos limpeza e perfeição era impecável.

É uma bebida com alto grau de álcool, chegando a 70%. O ingrediente mais importante é a erva Artemisa Absinthium. O óleo essencial na erva contém a substância química Thujone, considerada tóxica se ingerida em grande quantidade. É descrita como uma bebida liquorosa com um bitter no final.

Preparo

Tradicionalmente, se entorna água fria sobre um cubo de açúcar através de uma colher especial (ver foto). A água dissolve o açúcar e vai diluindo aos poucos a bebida que está no fundo do copo. O açúcar ajuda a mascarar o amargo. A mistura se torna mais opaca gerando uma cor verde esbranquiçada. Normalmente, é usada um dose de absinto para 3 a 5 doses de água.

A frase “beba com moderação!” nunca foi tão recomendada quando se bebe absinto. Adorei estas “fontes” de água para fazer quatro drinks ao mesmo tempo. Encontrei numa empresa que se chama www.alandia.de (é possível importar).

quinta-feira, 27 de maio de 2010

GASTRONOMIX // A Paella do Rosu


De molho por conta de uma amigdalite que me derrubou a semana inteira, vou perder a paella que o Rosualdo vai fazer hoje na casa de uma amiga para homenagear a mãe dela que veio de Natal. Tô quase chorando!!!! Nem acredito que não posso ir. Olha, adoro sopa, mas não aguento mais vê-la ou tomá-la. Tô louco por um pedaço de carne, um pãozinho quente e um galeto com fritas. O desespero está total.

Vou pedir para que ele passe a receita depois aqui pra gente. Participei do corte dos pimentões. É um prato trabalhoso, mas todo o suor vale muito, muito a pena. Fica uma delícia!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

GASTRONOMIX // Crostini de queijo, figo e molho asiático

Simplicidade é sofisticação. Pode reparar que as mulheres mais elegantes sempre usam roupas simples. Perua é sinônimo de excesso. Para cozinha, essa equação funciona da mesma forma. Menos é sempre mais.

Fiz outro dia uma entradinha super rápida e com ingredientes, que se deram muito bem . Os convidados do jantar devoraram a entrada por completo. O molho asiático de pimenta e coentro dá um toque bem bacana para esta entrada – que cai bem com espumante brut. Boa sorte!

Crostini de queijo frescal e figo com molho asiático

Ingredientes
- 1 pacote de pão de fôrma
- 4 figos
- 400g de queijo frescal cortados em quadrado

Molho
- 250 ml de vinagre de arroz
- 175g de açúcar
- 1 colher de chá de sal
- 2 dentes de alho picados
- 3 pimentas vermelhas sem sementes picadas
- 3 colheres de sopa de coentro

Preparo

Molho
Numa panela, coloque o vinagre para ferver com o açúcar. Vai formar uma espécie de xarope em três minutos. Coloque numa tigela e deixe esfriar. Misture os outros ingredientes e mexa bem.

Crostini
- Corte cada fatia do pão de forma em quatro. Tire a casca lateral. Vai ficar um quadradinho. Em forno preaquecido por 15 minutos a 200C, coloque os pães quadradinhos, com um fio de azeite em cada, em uma forma para deixar o pão crocante. Deixe por minutos.

- Retire os quadradinhos. O meio do pão tem de estar “ao dente” – nem tão macio, nem a ponto de torrada. Em seguida, monte cada crostini com o queijo em quadrado, o figo (por cima) e, por último, uma colher de chá do molho asiático. Fica uma delícia. Fácil, simples e apetitoso.

AO PÉ DO OUVIDO // Colunista volta na próxima semana

Voando hoje à noite de João Pessoa para Brasília, nosso querido colunista de música do Gastronomix, Rosualdo Rodrigues, chega a capital logo mais. E na próxima quarta, teremos novidades para nossos ouvidos. Tamanho da fonte

Abusado que sou, ocupando o espaço do amigo, resolvi publicar acima mais uma receita que fiz. É fácil de fazer e bem saborosa!

terça-feira, 25 de maio de 2010

GASTRONOMIX // Cadê a farinha da farofa?


Abro espaço hoje aqui para uma reclamação recorrente. É sobre algumas farofas de Brasília. Com a palavra, Claudio Ferreira – jornalista e farofeiro:

“Como descendente direto de nordestinos e apreciador de farofas há 40 anos, ando preocupado com os rumos da farofa de ovo. Sempre em busca da iguaria nos cardápios dos restaurantes da cidade, tenho me deparado com uma questão de infra-estrutura culinária: falta farinha na farofa.

Sim, a maioria das farofas de ovos em cartaz atualmente poderia ser chamada, sem medo de exagero, de "ovos mexidos com um pouco de farinha". São pedaços enormes de ovo - alguns do tamanho de uma lente de óculos - com muito pouca farinha em volta. Já tentei argumentar com garçons de vários estabelecimentos.

Alguns me dizem que os cozinheiros seguem o gosto de certos fregueses, que valorizam a farofa que tiver maior quantidade de ovo frito. Tudo bem, não dá para apenas dourar a farinha e salpicar um ovinho para intitular o prato de "farofa de ovos". Mas tijolos de ovo frito empilhados realmente não fazem uma verdadeira farofa.

Nordestinos de nascença, descendência ou adoção: que tal uma campanha pela volta da farinha à farofa de ovo? Enquanto isso, recomendo a farofa de ovos do Francisco, que prova ser possível o equilíbrio entre farinha e ovos. E para quem quiser variar o conteúdo da farofa, imbatível é a que acompanha o picadinho do Fred, na qual o ovo cede espaço para o bacon. Uma verdadeira areia do deserto!!!!”

E você, o que acha? Tem muito ovo na farofa?


Dom Francisco
Setor de Clubes Esportivos Sul
Telefones: (61) 3224 8429, 3226 2005 e 3323 5679
Site:
http://www.domfranciscorestaurante.com.br

Fred
405 Sul BL. B - LJ. 10
Asa Sul - Brasília
Telefone: (61) 3443 1450

segunda-feira, 24 de maio de 2010

EU RECOMENDO // Comida saborosa e justa em Brasília


Flavio Cadegiani (*)
Convidado especial do Gastronomix


“Acontece um fenômeno interessante em Brasília. É “cool” falar mal dessa tão incompreendida cidade. Implicitamente querer demonstrar conhecimento de outros locais, sejam lá quais são os motivos. São constantes os episódios deselegantes de comparação, na maior parte das vezes infundada. E uma das comparações que mais ocorrem – e posso rebater com amplo conhecimento de causa – é na questão gastronônica. Entre os inúmeros contra-pontos plausíveis e irrefutáveis, digo que é possível comer (muito) bem a preços justos.

Vamos começar com um brunch servido no Terraço Shopping aos fins de semana na creperia Le Formidable, onde há ampla variedade de saladas, quiches, suflês, tortas, filet mignon, pratos com peixes, risotos, alguns tipos de crepe, pães e algumas sobremesas, e todas as opções saborosas e de excelente qualidade, como sempre foi prezado pelo dono, David Lechtig. Toda a ampla e boa variedade em serviço de buffet por menos de R$ 30,00 por pessoa. Em qualquer self-service hoje em dia (não só em Brasília, mas em todas as grandes cidades do Brasil) não se gasta menos que isso.

Que tal um outro Buffet: o da Forneria Baco no Park Shopping. Embora o preço não seja tão barato (R$ 28,00 em dias de semana e R$ 37,00s no fim de semana – já com o cupom de desconto, amplamente ofertado pela simpática hostess), eu desconheço algum buffet de pratos mediterrâneos tão saborosos em qualquer outro lugar do Brasil. O atum em crosta de gergelim, o ceviche de salmão, as saladas maravilhosas com quinoa e outras iguarias, o jamon serrano, a burrata de mozzarela di búfala (must-eat!), as lasanhas, ora de funghi, ora de berinjela, o ravióli de lagosta, o polpetone, risotos, carnes, vitela, etc, etc, etc. All you can have. O preço está em desacordo com a proposta, a variedade e a qualidade dos ingredientes?

Alguém já provou um bolo de cenoura com cobertura de chocolate ou uma torta sufflair tão deliciosa quanto da Casa de Biscoitos Mineiros? E o petit-gateau? E a rosca húngara (um verdadeiro orgasmo gastronômico!)? E os salgados? E o brigadeiro? Agora, e os preços??? Algo em torno de R$18,00 o quilo do bolo de cenoura, R$ 32,00 o quilo da torta sufflair e R$ 3,80 o petit gateau. A proposta da casa é realizar salgados e doces tipicamente brasileiros, simples, utilizando os melhores ingredientes, com um toque de experiência, conhecimento e pesquisa da proprietária.

Eu desafio alguém a encontrar produtos tão bons e com preços tão justos em qualquer cidade do Brasil. Ah, e a calda de chocolate utilizada na torta sufflair, no bolo de cenoura e em outras receitas é segredo de estado. Só se sabe que demora horas e horas para ficar pronto e apenas dois funcionários conhecem a técnica secreta. O resultado é fantástico. As casas ficam na 210 Norte e na 106 Sul.

O que você me diz? Ainda persiste no pensamento clichê de que os empreendimentos gastronômicos em Brasília são caros”

Le Formidable Creperia e Bistrô
Terraço Shopping Lojas 138/141
Cruzeiro – Brasília
Telefone: (61) 3233 6027

Casas dos Biscoitos Mineiro
106 Sul
Asa Sul - Brasília
Telefone: (61) 3443 4311

Forneria Baco Park Shopping - Loja 132J/1
Guará - Brasília
Telefone: (61) 3233 6417

(*) Flávio Cadegiani é médico clínico geral da UnB, empresário e presidente da confraria Gastronomia Brasília. Filho de espanhol e de italiano, é um grande entusiasta da boa mesa e da incessante procura por boas surpresas gastronômicas em Brasília, no Brasil e no mundo.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

DRINK_ME // Tom Bullock e a Lei Seca


Por Juliana Raimo

Em 1917, um bartender de origem “african american”, chamado Tom Bullock (1873-1964)
, publicou um livro chamado The Ideal Bartender. Logo depois da publicação, o livro foi proibido pela Lei Seca por um período de 13 anos nos Estados Unidos.

- História:
A Lei Seca é uma denominação popular da proibição oficial de fabricação, varejo, transporte, importação ou exportação de
bebidas alcoólicas. Essa definição tornou-se famosa após sua edição nos Estados Unidos em 16 de janeiro de 1919, durante o segundo mandato de Woodrow Wilson. Seu cumprimento foi amplamente burlado pelo contrabando e fabricação clandestina. A Lei Seca foi abolida em 5 de dezembro de 1933, durante o primeiro mandato de Franklin Delano Roosevelt. Permaneceu ativa por 13 anos, 11 meses e 24 dias.

Esta semana estive em uma livraria+editora bem bacana em São Paulo chamada Loja do Bispo. Em busca de um presente para uma pessoa muito especial, me deparei com este livro de coquetéis antigos. Depois que li a palavra “proibidos” fiquei mais atraída ainda e, claro que tive de comprar.

Uma versão reeditada do antigo The Ideal Bartender (de 1917) é o livro que comprei chamado 173 Pre-Prohibition Cocktails, de Tom Bullock. Algumas receitas (quase extintas) que selecionei dentro do quesito “interessantes” e com ingredientes possíveis de encontrar no Brasil, foram:

1 – Absinthe Cocktail

Encha um mixing glass em ¾ de gelo em pedra, ½ dose de água, ½ dose de Absinto, 2 gotas de angostura bitter e uma colher de bar de Benedictine. Mexa todos os ingredientes e sirva em taça martini.

Obs: no próximo DRINK_ME, vou falar só de drinks com Absinto e suas polêmicas.

2 – Applejack Sour


Encha um mixing glass com pedras de gelo. Adicione 2 colh. de bar de açúcar dissolvidas em um pouco de água; 3 gotas de suco de limão e 1 dose de Apple Jack (cognac de maçã). Mexa bem e sirva em um copo martini com borda de sal.

3 – Brandy Scaffa
Num copo de vinho pequeno, adicione *Chartreuse (verde), Licor Maraschino e Old Brandy. Proporção 1:1:1. Está pronto para beber.

4 – Julep Cocktail

Num copo old fashioned, sobre pedras de gelo, adicione hortelã, bourbon, açúcar e água.

5 - Blackthorne Cocktail
Encha um mixing glass com gelo raspado, ¼ colh. de chá de suco de limão siciliano, 1 colh. de syrup (açúcar diluído em água), ½ de dose de vermouth, ½ de dose de Gin, 1 gota de angostura bitter, 2 gotas de orange bitter. Mexa e sirva em taça martini.

*Chartreuse é um licor
francês muito conhecido e cuja fabricação é um segredo não divulgado pelos monges da Grande Chartreuse, convento localizado nos arredores da cidade de Grenoble, na França. Diz-se que na sua composição entram inúmeras ervas, dentre as quais erva-cidreira, macis, canela e açafrão.

*Julep é um dos drinks mais antigos no mundo.

Loja do Bispo
Rua Melo Alves 278
Jardins – São Paulo
Telefone: (11) 3064 8673

173 Pre-Prohibition Cocktails
Tom Bullock - Howling at the Moon Press

quinta-feira, 20 de maio de 2010

GASTRONOMIX // Oh, Glória! Oh, Glória!


Ir à Goiânia sempre é uma festa. Pela cidade, pelas pessoas que estão lá, pelas baladas e, é claro, pela comida. A capital de Goiás oferece boas opções para quem quer comer bem e com preço acessível – embora tenha notado aumento nos preços de alguns cardápios em relação à última vez que estive por lá. Mas o que vale, sempre, é a gastronomia de qualidade.

Para ilustrar o que estou dizendo, quero apresentar a vocês o Glória. É onde Goiânia é mais carioca. E carioca das antigas. Vê-se pela decoração do lugar que aquele espaço tem o que os nascidos no antigo estado da Guanabara curtem: futebol, samba, chope gelado (chega à mesa a 2 graus) e feijoada. As paredes são recheadas com relíquias, pôsteres, camisas antigas de futebol, matérias de jornais e caricaturas de cantores da MPB.

Ir ao Glória é o puro convite para se esbaldar. Com música ao vivo, aos sábados, a partir das 14h, mas sem impedir a conversa da mesa, o bar/restaurante sempre lota. Mas os atendentes sabem disso. E, por isso, se esforçam para serem os mais atenciosos possíveis. Chegue por volta das 12h para garantir boa mesa.

A feijoada para duas pessoas custa R$ 37,50, mas serve três sem tanta fome. Para quem quiser petiscar, é só escolher: filé aperitivo (R$ 22,50), galeto no chope escuro com polenta (R$ 18,50) e asinhas de frango com molho agridoce picante (R$ R$ 14,00). No mais, é deixar a vida passar sem pressa. Como os boêmios gostam

Chope geladíssimo

Cozumel (cerveja+ suco de limão+ sal na borda)

Caldinho de feijão

Bolinho de bacalhau –
aí, é covardia, né?

Feijoada – pedimos uma versão mais ligth, sem tanta gordura.

Glória
Rua 101, 435
Setor Sul - Goiânia
Telefone: (62) 3224 9033
Site:
http://www.bargloria.com.br