quinta-feira, 11 de julho de 2013

30ml // Cada um no seu quadrado

Sandro Farias
Colunista de Café do Gastronomix

Até para falar mal é preciso ter critério. Sempre tive um pé atrás com os cafés servidos em grandes redes, franquias, praças de alimentação de shopping e outros americanismos que importamos como hábito.

O ato de tomar um café espresso se popularizou, embora o preço não seja exatamente convidativo por aí. De qualquer forma, é bom que se possa encontrar um café disponível a cada esquina. Mas olha o critério aí de novo: quantidade nesse caso pouco tem a ver com qualidade propriamente dita.

Senão vejamos: você já deve ter se deparado com alguma cadeia de lanchonete ou restaurante fast food que resolveu pegar essa onda e servir café também. A lista não é pequena: McDonalds, Casa do Pão de Queijo, Koppenhagen, Rei do Mate, Viena - só para citar algumas, assim, à queima-roupa. Até o Spolleto já anexou um cafezinho para depois da massa em algumas localidades. Haja globalização gustativa...
Em geral, o café servido nessas redes é apenas mediano, não nos deixemos enganar. Às vezes, é ruim mesmo. Bom, de verdade, eu nunca tomei. Se você já, por favor, avise onde foi, que eu serei o primeiro a correr pra lá. 

Em conversas rápidas com dois ou três baristas, descobri o porquê dessa minha implicância. É que, parafraseando o tema da última coluna publicada aqui, "café é ciência e artesanato". Em grandes redes, até pode caber ciência, mas nunca artesanato. Tudo ali é varejo puro. Alcançou o resultado mediano, já tá bom... Por isso não há cuidado com a seleção do grão, o treinamento dos baristas, o apuro técnico que só é alcançado com muito exercício e sensibilidade sensorial. 

Não se trata de querer reverter essa lógica e exigir que a rede de alimentação, seja qual for, se especialize num bom café. É apenas separar o joio do trigo. Ou o cafezão do cafezinho. 
Daí você dispara: e as redes de cafeterias, como Starbucks, Franz Café e Café do Ponto, por exemplo? Para não parecer antipático, até admito que, com (muita) sorte, você pode tomar um bom café. Mais que isso é exigir demais. Quer qualidade? Procure uma cafeteria gourmet, com máquinas de primeira linha, grãos selecionados e baristas de verdade.  Toda capital de estado que conheço tem pelo menos três ou quatro que entregam uma bebida honesta.

PS: Saio de férias nas próximas semanas. Espero voltar com algumas boas novidades cafeinômanas de além-mar. Até breve!

Um comentário:

Eduardo disse...

Valeu, Biondo!

Sempre que falo sobre o Starbucks me sinto numa inquisição com direito a fogueira!
É engraçado mas muitas vezes as pessoas tem critérios de qualidade apenas na referência de localidade, se é estrangeiro: "É de fora, então é bom!" Por exemplo os vinhos: "se for francês pode comprar que é bom", mas isso não é verdade e assim se segue com os azeites.
Valeu pela reportagem que me redentou da fogueira da inquisição!
Boas férias!