Colunista de Café do Gastronomix
Até para falar mal é preciso ter critério. Sempre tive um pé atrás com
os cafés servidos em grandes redes, franquias, praças de alimentação de
shopping e outros americanismos que importamos como hábito.
O ato de tomar um café espresso se popularizou, embora o preço não seja
exatamente convidativo por aí. De qualquer forma, é bom que se possa encontrar
um café disponível a cada esquina. Mas olha o critério aí de novo: quantidade
nesse caso pouco tem a ver com qualidade propriamente dita.
Senão vejamos: você já deve ter se deparado com alguma cadeia de
lanchonete ou restaurante fast food que resolveu pegar essa onda e servir café
também. A lista não é pequena: McDonalds, Casa do Pão de Queijo, Koppenhagen,
Rei do Mate, Viena - só para citar algumas, assim, à queima-roupa. Até o
Spolleto já anexou um cafezinho para depois da massa em algumas localidades.
Haja globalização gustativa...
Em geral, o café servido nessas redes é apenas mediano, não nos
deixemos enganar. Às vezes, é ruim mesmo. Bom, de verdade, eu nunca tomei. Se
você já, por favor, avise onde foi, que eu serei o primeiro a correr pra
lá.
Em conversas rápidas com dois ou três baristas, descobri o porquê dessa
minha implicância. É que, parafraseando o tema da última coluna publicada aqui,
"café é ciência e artesanato". Em grandes redes, até pode caber
ciência, mas nunca artesanato. Tudo ali é varejo puro. Alcançou o resultado
mediano, já tá bom... Por isso não há cuidado com a seleção do grão, o
treinamento dos baristas, o apuro técnico que só é alcançado com muito
exercício e sensibilidade sensorial.
Não se trata de querer reverter essa lógica e exigir que a rede de
alimentação, seja qual for, se especialize num bom café. É apenas separar o joio
do trigo. Ou o cafezão do cafezinho.
PS: Saio de férias nas próximas semanas. Espero voltar com algumas boas
novidades cafeinômanas de além-mar. Até breve!
Um comentário:
Valeu, Biondo!
Sempre que falo sobre o Starbucks me sinto numa inquisição com direito a fogueira!
É engraçado mas muitas vezes as pessoas tem critérios de qualidade apenas na referência de localidade, se é estrangeiro: "É de fora, então é bom!" Por exemplo os vinhos: "se for francês pode comprar que é bom", mas isso não é verdade e assim se segue com os azeites.
Valeu pela reportagem que me redentou da fogueira da inquisição!
Boas férias!
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