quarta-feira, 13 de agosto de 2014

COLHERADA // O árbitro do jantar

Erika Klingl
Colunista e Crítica de gastronomia do Gastronomix

Um amigo meu, jornalista também, tem a definição perfeita para o que seria um bom atendimento em um restaurante. O garçom deve ser como um juiz de futebol. Quanto melhor o desempenho do árbitro, menos o notamos no decorrer da partida. O atendimento do garçom deve ser assim também.  Ele deve estar atento e pronto para intervir quando o cliente precisar mas não pode se intrometer nas jogadas, quer dizer, no andamento da refeição ou da conversa.

É claro que essa definição se encaixa menos nos botecos quando o garçom é quase um atrativo do local, como é o caso dos rapazes do Beirute, por exemplo. Mas em bons restaurantes é imprescindível investir em atendimento. Os garçons devem saber a composição dos pratos, acompanhar o trabalho da cozinha, estar atentos se as taças ficaram vazias e não podem pressionar os clientes a escolher alternativas diferentes de bebidas ou comidas porque são mais caras ou são os pratos do dia.

Me lembro de um dia que fui comer um menu degustação do chef fluminense Thomaz Troisgros, convidado de um restaurante que já nem existe mais. Um dos primeiros pratos era um delicioso capuccino de cogumelos com espuma de trufas. Na hora de receber a minha caneca com a entrada, o garçom me disse: “não sei como vocês conseguem comer essas coisas com cheiro de pum!”. Preciso dizer mais alguma coisa
Esse é, claro, um caso extremo. Mas você tem que concordar que na maioria das vezes é preciso quase implorar pela atenção do pessoal do salão. Para mim, quem melhor se encaixa no quesito bom atendimento na cidade é o Gero, do Iguatemi. Tanto que a casa recebeu o título de melhor serviço da cidade, segundo a Veja Comer e Beber 2014. Os funcionários se esforçam, sem parecer, para atender todas as demandas dos clientes.

Lembro aqui alguns exemplos negativos para citar. Mas antes disso, vale uma ressalva. A situação fica extrema mesmo nos fins de semana e feriados. Ninguém questiona a qualidade dos produtos do Daniel Briand. A fórmula do café da manhã de lá é uma delícia e tudo está sempre muito fresco. Mas não é fácil conseguir ser atendido.
E chegar cedo não é a solução já que a comida pode demorar quase uma hora para ir à mesa aos domingos de manhã. Queixa semelhante eu ouvi do Ernesto Café quando escrevi sobre a deliciosa pamonha de lá. Atendimento confuso, demorado e pouco atencioso foram alguns dos pontos destacados pelos leitores do Gastronomix.

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