quinta-feira, 26 de junho de 2014

AO PÉ DO OUVIDO// Nunca houve uma mulher como Debbie

Rosualdo Rodrigues
Colunista de Música do Gastronomix

Não sei se alguém notou, mas esta coluna vez em quando passa por uns apagões. Apesar das lacunas, resiste. Fora do ar desde janeiro, volta hoje com uma nova proposta: misturar ainda mais música e gastronomia. Comentários musicais e experiência culinárias dividirão espaço.
E não só isso, afinal, ao pé do ouvido, tudo pode ser dito. Então vou me permitir falar de qualquer coisa que me inspire. Ou seja, vamos bater papo sem compromisso como se estivéssemos à mesa após uma bela refeição. Ou na cozinha, com um copo de vinho na mão, enquanto um de nós prepara uma comidinha.
Inspiradora e inspirada, Debbie Harry me ajuda a reinaugurar os trabalhos. Estou com essa mulher na cabeça nos últimos dias porque tenho ouvido o álbum duplo lançado para comemorar os 40 anos do Blondie, a banda da qual ela é vocalista e a imagem mais forte.
Blondie 4 (0)Ever traz um disco de inéditas, Ghosts Of Download, e outro com uma apanhado de sucessos do grupo, Greatest Hits Deluxe Redux. Quem acha que não conhece o Blondie nem Debbie Harry deve ir direto para o segundo. Vai esbarrar em Heart of Glass e descobrir que estava enganado – um clássico, a música acaba de ganhar ótima versão por Bob Sinclair.
No de inéditas, vai ver como uma banda consegue se manter na ativa por quatro décadas (com estratégicas paradas) sem parecer enfadonha. Em Ghosts Of Download, a fórmula do Blondie se mantém atualizada graças à elasticidade que permite à banda ir além do conceito mais óbvio de pop-rock.
Desde sempre, Debbie e companhia souberam absorver o que encontravam de novo pela frente e com que se identificavam. E a maturidade não esmaeceu esse espírito antropofágico.
Para o álbum dos quarentinha, o grupo de hip-hop panamenho Los Rakas; a líder da banda de rock nova-iorquina Toilet Boys, Miss Guy; e o grupo Systema Solar, grupo de Colômbia, de som afro-caribenho, temperam a receita clássica do Blondie, que mostra seu fôlego sozinho na maioria das faixas.
Gosto particularmente daquelas mais apropriadas à pista de dança, como Rave e a irresistível Mile High, grudenta, alto astral, feliz como deve ser uma comemoração. Principalmente para quem, como Debbie Harry, se aproxima dos 70 ainda linda e com um vigor musical de deixar com inveja muitas das divas do momento.

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