quinta-feira, 27 de junho de 2013

30ml // Café é ciência e artesanato

Por Sandro Biondo
Colunista de Café do Gastronomix

A frase de efeito acima não foi criada por mim, caro leitor. Até gostaria, já que a considero definidora e definitiva. Ouvi de Hugo Wolff (foto acima), que está entre os bons produtores de cafés gourmets no Brasil, durante uma palestra no Objeto Encontrado que, aliás, é o local em Brasília onde se pode tomar o ótimo grão Wolff.

Falei algum tempo atrás de minhas aventuras em terras australianas em busca da xícara perfeita de espresso. Eles não plantam nem colhem, mas sabem beber café como poucos. Lá, felizmente, o hábito americano de tomar ‘chafé’ a litros não pegou. O sotaque é mais europeu, de degustação mesmo. 
Nessa jornada, passei por uma das melhores cafeterias de lá, a Plantation (foto acima), em Melbourne. Durante rápida conversa, o barista me sugeriu provar um blend que, na sua opinião, estava entre os melhores cafés do mundo. Não disse de onde era, mas pediu para eu tentar adivinhar.

Não deu em outra: o café era brasileiro, uma mistura dos grãos Bourbon Vermelho e Amarelo. Não fiz feio: acertei o país. Adivinhar o blend já era um pouco demais para alguém como eu, que escrevo de atrevido, mesmo. 

Essa cantilena toda foi para dizer que, sim, o Brasil é a terra do café. Da minha conversa com o Hugo Wolff, citado lá acima, ficou claro que o país que sempre investiu na quantidade está cada vez mais afiado no que diz respeito à qualidade dos grãos.  “O clima, a topografia, a latitude, a abundância de água e recursos naturais fazem do Brasil o local mais propício para o cultivo. Basta saber cuidar do grão para que ele se mostre em toda sua potencialidade na hora de servir na xícara”, ensina. 
Não é à toa que o interesse pelo assunto cresce na mesma medida que a expansão das cafeterias gourmets pelo país. Brasileiro ama café. E sabe fazê-lo melhor do que ninguém. Seja o do coador de pano na roça, ou o espresso super extraído de uma máquina italiana. O que importa é bater no peito e dizer: dá licença, que de café a gente entende.

Em tempo:  o café Wolff, que citamos aqui, vem recebendo notas acima de 85 na classificação internacional utilizada para medir a qualidade do café. Acima de 80 já é pra lá de bom...

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