Da entrada à sobremesa, descrições minuciosas de cardápios
também ajudam a deixar o público salivando, mesmo que desconheça boa parte dos
pratos citados por Hortense. Quase todos eles são receitas tradicionais da cozinha
regional francesa, afinal, é para reaver o gosto de infância, a simplicidade da
cozinha rústica, que o presidente resolve acatar a sugestão de amigos e
contratar a conhecida professora de culinária para ser sua chef privada no Palácio
do Eliseu.
Pommes-de-terre Julia |
As imagens apetitosas, as demonstrações de técnicas e o
rigor da chef em conseguir os ingredientes perfeitos podem inspirar os
apreciadores da boa mesa, mas Os sabores
do palácio pode frustrar cinéfilos
que se interessam mais por um roteiro bem desenvolvido e personagens de alma exposta do que por gastronomia.
Digamos que o calor do fogão que produz as maravilhas culinárias de Hortense
não chega a aquecer a trama.
Le chou farci au saumon braisé aux petits lardons |
O filme de Christian Vincent – que estreou no Brasil dentro
da programação do Festival Variluz de Cinema Francês e pode entrar em circuito
brevemente – se detém nas questões profissionais da chef; no confronto entre
ela e o colega que comanda a chamada cozinha central; nas tentativas de Hortense
de contornar as pessoas que cercam o chefe de estado e chegar a ele. Mas ignora
completamente a personagem fora desse ambiente, e termina por deixá-la opaca (mesmo com o bom desempenho de Catherine Frot).
Bendita trufa! |
O filme pode ganhar alguma força se o interpretarmos como
uma amostra de como a fria e sólida estrutura do poder não deixa espaço para a criatividade,
a leveza, a imaginação e o prazer, mas não é bastante. Falta a Os sabores do
palácio elementos que o façam ser lembrado menos pelas belas imagens de comida
do que por uma história envolvente ou por personagens realmente marcantes.
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