quinta-feira, 23 de maio de 2013

30ml // Tá na moda. E daí?

Por Sandro Biondo
Colunista de Café do Gastronomix

Eu juro que ia falar do assunto mais à frente. Sabe como é, né, esperar para ganhar um pouco mais de intimidade com o leitor para só depois botar as asinhas de fora.
Mas alguns comentários em redes sociais acabaram trazendo o fetiche à tona. Então, voilá. Falamos do atual sonho de consumo da classe média, tal qual já foram o blue ray, o home theater, o aparelho de CD e... chega de linha do tempo, não preciso entregar a idade. Na sala da repartição, então, ela tem mais destaque do que a foto da presidenta. 

Você já captou: trata-se da tão desejada máquina Nespresso. Hoje todo mundo (ou quase) sonha em ter uma. Sim, elas são lindas, funcionais, não fazem sujeira. E para por aí. Café, que é bom, ela entrega uma bebida que vai de regular a boa. Nada mais que isso.

Se existe uma escala para classificar o índice de 'força' das suas cápsulas, de um a dez (a melhor, ao meu beber, é a Arpeggio, grau nove, de corpo e torra mais presente), nós também temos a nossa. A nota para a Nespresso seria seis, com alguma boa vontade, o que não chega a ser ruim.
A minha avaliação muito particular e contra a qual você está convidado a divergir, na área de comentários abaixo, é a de que café na cápsula enjoa. E tudo isso pela falta de frescor. Por mais selecionados os grãos; por mais criteriosa a torra e mistura dos blends; por mais bonitas que sejam as cápsulas á vácuo, não dá para exigir delas o aroma de um café moído e tirado (ou passado) na hora. O sabor fica tão restrito e 'preso' quanto o pó dentro da embalagem cintilante e psicodélica.

Entendam: não se trata de inveja. Eu também tenho a minha. E a coloco em seu devido lugar: serve o primeiro e o último café do dia no aconchego do lar. Os outros, principalmente aquele depois do almoço, é melhor tomar na rua, numa cafeteria de boa qualidade, com tudo como manda o figurino: bom grão no moinho, água mineral ou filtrada e a mão certeira do barista.
Agora, um toque para nossos queridos restaurantes. Gente, café Nespresso não é chique. Servir uma xícara mal tirada, que custa R$ 1,50 na loja por R$ 7,00, é enganação. Vocês até podem ter a maquininha de vocês, porque tem gente que gosta. Agora, substituir por um espresso de raíz (sim, estou criando esse termo agora), cuja operação custa muito mais caro, e ainda cobrar mais por isso, não dá. A gente pode até ser deslumbrado. Mas não é idiota.