terça-feira, 15 de janeiro de 2013

AO PÉ DO OUVIDO// Viver a vida, besta!!!


Foto emprestada do faceafaceblog/blogspot.com/blogger
Por Rosualdo Rodrigues 

A música, por si, nos ajuda a viver melhor. Há sempre uma trilha sonora adequada a momentos de alegria, de tristeza, de relax; para namorar, malhar, pegar a estrada; para dançar, ficar quieto, ouvir durante a caminhada… Mas algumas canções vão além. Na letra, elas nos dão o recado sobre algumas formas de encararmos a vida. Digamos que parecem trecho de algum livro de autoajuda.

É o caso, por exemplo, de Como uma onda, que Nelson Motta e Lulu Santos decalcaram de um princípio budista e todo mundo repete até hoje como mantra: “Nada do que foi será do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará”. Não é à toa que a música costuma fazer parte do repertório de corais da terceira idade. Ela diz exatamente que não adianta buscar o passado, é preciso viver o presente, até porque ele acaba também.

Foto site oficial Marisa Monte


Quando Marisa Monte lançou o CD O que você quer saber de verdade, houve quem dissesse justamente isso, que ela tinha feito músicas de autoajuda. Marisa contestou, disse que fez músicas sobre bem viver. Ela conclama o ouvinte a valorizar o lado bom da vida em letras como as da música-título. “Solte os seus cabelos ao vento, não olhe pra trás/ Ouça o barulhinho que o tempo no seu peito faz…” Quer dizer: ligue-se no que realmente lhe interessa e leve a vida com leveza. Ideia reforçada em Seja feliz: “Tão longa a estrada, tão curta a vida/ Curta a vida”. Em resumo, faça sua dor dançar e curta a vida.

Outro clássico do gênero é  Epitáfio, dos Titãs: “Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer/ Devia ter arriscado mais e até errado mais/ Ter feito o que eu queria fazer”. Mais uma sobre a necessidade de se valorizar o momento presente. A letra é inspirada em texto do argentino Jorge Luís Borges, que aos 85 anos lamenta não ter aproveitado mais certos momentos da vida.


Foto do MySpace de Lulina
Há outras não tão conhecidas, mas que caberiam em uma antologia musical para momentos em que a vida exige de nós uma pausa para reflexão. Por exemplo: Nós, de Lulina (“A vida é desfazer nós/ Nós de nos mesmos/ A linha da vida fica maior/ Se você consegue tirar o nó…”). Enfim, ela diz mais ou menos (e com razão) que passamos a vida desfazendo problemas que nós mesmos criamos. Algo parecido com o que fala Leo Cavalcante em Dentro (“E você ainda diz que as circunstâncias não te deixam ser feliz/ Vá tomar as rédeas de si/ Em vez de querer ir pra outro lugar/A hora é agora e aqui/ Chega de brigar com o seu existir”.

Miranda Kassin também tem uma ótima em Aurora, seu primeiro disco solo. Para pensa se refere a essa gente que corre feito o louco o dia inteiro e nem olha quem está do lado. “É seu direito/ Seguir em frente/ Inabalado/ Sem olhar pro lado/ É sua sina/ Passar por cima/ Com toda vula/ Toca a buzina (… ) É seu problema/ O que você faz para ficar bonito nesse esquema”. E ela conclui: se você para pensa, se você pensa vê.

Se você conhece mais alguma, acrescente à lista nos comentários.

P. S. -- Este post é dedicado a pessoas queridas que aniversariam neste mês: Rodrigo Caetano, Sérgio Maggio, Tereza Albuquerque, Robério Rodrigues, Júnior Souza, Chico Lima Filho, Vicente Nunes, Vlademir Moura e aos que não lembrei, porque são muitos.