quarta-feira, 7 de novembro de 2012

AO PÉ DO OUVIDO// Partimpim conta até "tlês"


 Por Rosualdo Rodrigues

Adriana Calcanhotto parece se divertir muito procurando um quê de infantilidade em músicas feitas, em princípio, “adultas”. E diverte quem ouve os discos de Adriana Partimpim, que, como todos sabemos, é ela mesma.  Pois, para quem gostou da brincadeira, tem mais. O terceiro álbum de Partimpim, Tlês, saiu e traz músicas como Lindo lago do amor, Taj Mahal, Acalanto... “São canções que a gente já conhece, mas do jeito Partimpim, com a banda Partimpim, eu achava que seria engraçado de fazer. Por isso que eu fiz o Tlês”, diz ela.

Há também versões “do jeito Partimpim” para De onde vem o baião (Gilberto Gil), Passaredo (Francis Hime e Chico Buarque) e o samba bossa nova O pato (Jaime Silva e Neusa Teixeira). “O pato ensina a fazer samba. É assim: ‘Quem quem, quem quem/ Quem quem, quem quem/ Quem quem, quem quem/ O pato...’. Pronto, se você sabe isso você sabe samba”, brinca a cantora. E Taj Mahal, o que tem de infantil? “É a canção mais linda de amor contando a mais linda história de amor. E na hora de contar a história é ‘dedê dederedê/Dedê dederedê/Dedê dederedê/ Dedê’. Ou seja, cada um pode inventar sua história de amor com essa história”.

Mas Tlês traz também composições criadas especialmente para ele, a começar por Salada russa, assinada por Adriana e Paula Toller. Partimpim já tinha gravado Oito anos, de Paula, no primeiro disco. Desta vez, a vocalista do Kid Abelha escreveu algo já pensando na intérprete. “Ela mandou a letra no meu e-mail, e gostei muito. Aí resolvi botar uma música. Botei de manhã e de tarde fui para o estúdio e de noite a gente gravou. Foi muito rápido.”

Também inéditas são Por que os peixes falam francês?, feita por dois integrantes da banda Partimpim, os guitarristas Domenico Lancellotti e Alberto Continentino, e Também vocês, de Partimpim e João Callado, convidado especial na faixa, uma canção de ninar que seguia a ideia inicial de Adriana, que era fazer um disco somente de canções de ninar (ideia abordata ao longo do processo de produção). É dedicada a Lucinda Veríssimo. “Ela é a neta do Luís Fernando Veríssimo. Sou grande fã dele e mais de uma vez li crônicas, textos dele, nos quais ele se refere ao medo que tem dos monstros embaixo da cama”, explica Adriana.

Tles, como os discos anteriores de Adriana Partimpim, é, em princípio, um disco infantil, mas com o livre trânsito que estabelece entre canções de diferentes "idades", é capaz de fazer qualquer adulto tirar de dentro da manga aquela criança que, dizem os manuais de autoajuda, todos nós mantemos dentro de nós. 

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