AO PÉ DO OUVIDO//Para quem gosta dos standards

Aqui vão quatro sugestões de discos para quem gosta dos standards, como são chamadas aquelas músicas (na maioria americanas) que todo mundo grava, mas nunca cansam:

At last — The best of Etta James, de Etta James

Numa época em que chovem jovens cantoras assumidamente inspiradas nas antigas vocalistas do soul e do blues, vale a pena voltar a ouvir ou conhecer o vozeirão e a personalidade vocal de Etta James, que, enquanto esteve em atividade, de 1960 até meados da década passada, deu contribuição valiosa à história da black music. Esta coletânea reúne 25 clássicos do repertório da cantora, como I just want to make love to you, Tell mama e, lógico, a canção que dá título à compilação; ou outras já gravadas por muitas vozes, mas às quais Etta deu interpretações antológicas, caso de Stormy weather e These foolish things.

A fine american songbook selection, de Ian CalamaroIan Calamaro se impõe uma missão não muito fácil: interpretar músicas ouvidas e reouvidas em algumas das melhores vozes masculinas e femininas de diferentes gerações. É bem-sucedido, no entanto, no esforço de soar apenas como si mesmo, dando uma agradável naturalidade às interpretações. Também tem a seu favor os arranjos eficientes do experiente saxofonista Hector Costita. No repertório, standards com os quais a maior parte do público está mais que familiarizado, como Cry me a river, My funny Valentine, All the way, St. Louis blues, Georgia on my mind e I’ve got you under my skin.

What matters most, de Barbra Streisand

As canções de Alan e Marilyn Bergman sempre estiveram presentes no repertório de Barbra Streisand. Aos 69 anos, a cantora reafirma o fascínio pela obra da dupla com um álbum duplo. O primeiro traz 10 canções dos Bergman inéditas na voz de Streisand (como The windmills of your mind, Solitary moon e What matters most), interpretadas com a habitual precisão no uso da voz e na pronúncia das palavras. O segundo é uma coletânea de outras 10 gravadas antes por ela (caso da clássica The way we were, do filme Nosso amor de ontem, e Papa, can’t you hear me?, do musical Yentl).


Light my fire, de Eliane Elias
Eliane Elias já tinha feito nome como pianista, nos anos 1980, quando decidiu se lançar também como cantora, na década seguinte. As primeiras experiências na nova função foram pouco empolgantes, mas Light my fire mostra notável evolução da vocalista. Como intérprete, Eliane passeia com competência por repertório que vai de Dorival Caymmi a The Doors. A qualidade do lado instrumental é garantido tanto pela habilidade da pianista quanto pela presença de músicos de primeiro time, como Romero Lubambo (violão) e Paulo Braga (bateria). Gilberto Gil aparece como convidado, no vocal e no violão, em três faixas.