sábado, 26 de maio de 2012

ABOBRINHAS // A vez dos orgânicos

 Luciano Milhomem
Colunista de Alimentação Natural do Gastronomix

Quando entrar setembro, a publicação de Primavera Silenciosa fará 50 anos. O famoso livro da bióloga norte-americana Rachel Carson foi pioneiro na denúncia dos agrotóxicos como nocivos à saúde humana e à vida selvagem. Dez anos depois de lançado, resultou no banimento do pesticida DDT nos Estados Unidos. Carson não viveu para ver a atual expansão do consumo de alimentos orgânicos, mas deixou como herança vasta produção e um grito de alerta em defesa do meio ambiente, grito que ainda ecoa mundo afora.

Para se ter uma ideia, reportagem do
Correio Braziliense, publicada há poucos dias, informa que o mercado de alimentos orgânicos movimentou R$ 50 milhões no Distrito Federal em 2011. O segmento avança entre 20% e 30% por ano em terras brasilienses. Ainda segundo o jornal, a produção agrícola livre de agrotóxicos e fertilizantes químicos ultrapassa 5,7 toneladas por ano no DF, a maior parte dela de legumes. Os orgânicos ainda representam apenas 2,5 dos alimentos comercializados por aqui, mas os produtores esperam chegar a até 30% desse mercado em dez anos.
Interesse há, inclusive no governo, em difundir o saudável hábito de consumir produtos ambientalmente corretos. Na próxima segunda-feira 28 até o dia 3 de junho, tem lugar em Brasília a VIII Semana dos Alimentos Orgânicos, parte de uma campanha do Ministério da Agricultura para esclarecer os consumidores sobre o que são os produtos orgânicos, a partir de uma abordagem que destaca os benefícios ambientais, sociais e nutricionais desses alimentos. Estão previstas atividades também em Alagoas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Acho que cabe o esforço de disseminar conhecimento sobre a alimentação natural. Há muito que se aprender sobre alimentos orgânicos. Eu mesmo só descobri há pouco tempo que não basta ser livre de agrotóxico para um alimento ser orgânico. Segundo especialistas do Ministério da Agricultura, para ser considerado orgânico, “o produto deve ser cultivado em um ambiente que considere sustentabilidade social, ambiental e econômica e valorize a cultura das comunidades rurais A agricultura orgânica não utiliza agrotóxicos, hormônios, drogas veterinárias, adubos químicos, antibióticos ou transgênicos em qualquer fase da produção.”


E como saber que aquele produto é realmente orgânico? A mesma fonte esclarece: “Conforme a legislação brasileira, em vigor desde janeiro de 2011, o consumidor reconhece o produto orgânico através do selo brasileiro ou pela declaração de cadastro do produtor orgânico familiar. Todo produto orgânico vendido em lojas e mercados tem que apresentar o selo em seu rótulo. Já o agricultor familiar precisa vender seus produtos diretamente, para que o consumidor possa estabelecer uma relação de confiança com ele ao comprar seus produtos na feira.”

Agora sei também que o Ministério da Agricultura conta, atualmente, com quatro certificadoras credenciadas, as quais fiscalizam as propriedades produtoras de orgânicos, responsáveis pelo uso do selo brasileiro. Cabe ao ministério, por sua vez, fiscalizar o trabalho dessas certificadoras.

O tema da alimentação ambientalmente correta é tão sério e relevante que já rendeu um filme no Brasil. O documentarista carioca Silvio Tendler lançou, no ano passado, O Veneno está na Mesa. Disponível na rede e distribuído gratuitamente por ocasião do lançamento, o documentário ilustra e denuncia o abuso dos agrotóxicos no Brasil e suas trágicas conseqüências tanto para quem produz quanto para quem consome alimentos.

Se faz bem a todos despertar para as vantagens da alimentação orgânica, para vegetarianos ou adeptos de uma dieta predominantemente vegetariana, o assunto merece ainda mais atenção.
Outras informações em:

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