quarta-feira, 30 de maio de 2012

AO PÉ DO OUVIDO// Voar sem tirar os pés do chão


Por Rosualdo Rodrigues
É difícil assistir ao clipe de De pés no chão no YouTube e não querer saber um pouco mais sobre a cantora Márcia Castro. O vídeo é engraçado, irreverente, mas chama a atenção também a música. Uma ótima versão de uma criação de Rita Lee dos tempos do Tutti-Frutti. Depois, quando a gente ouve o disco — também chamado De pés no chão — vê que a curiosidade não foi vã. Boa música e irreverência são características de todo o álbum… E do trabalho de Márcia.

De pés no chão, segundo disco da cantora baiana — o primeiro foi Pecadinho, de 2008 — é forte candidato a um dos melhores deste ano. Ela recria, com roupagem pop, músicas de compositores como Rita Lee, Tom Zé, Cartola, Jorge Mautner e Gonzaguinha. Só que, com exceção de Preta pretinha, de Moraes Moreira e Galvão, as escolhas dela fogem completamente do óbvio. São músicas pouco conhecidas que dão a De pés no chão um ar de disco de inéditas.

“Adoro essa pesquisa dentro do material rico que é a música brasileira, fundamenta meu trabalho. Faz parte dessa curiosidade em entender nossas matrizes e, ao mesmo tempo, me compreender também”, ela explica.

Além disso, os originais são lindamente transformados nas mãos e na voz de Márcia Castro. Ela diz que, pelo fato de não ser compositora, sente-se coautora no momento em que está construindo um arranjo. E assim recria, além da música de Rita Lee, 29 beijos (também de Moraes e Galvão), Crazy pop-rock (Jorge Mautner/Gilberto Gil), Catedral do inferno (Cartola/ Hermínio Bello), Pois é, seu Zé (Gonzaguinha) e Você gosta, de Tom Zé (inusitada parceria com Hermes Aquino, aquele de Nuvem passageira).

Uma melhor que a outra. Logradouro (Kléber Albuquerque e Rafael Altério) é quase uma exceção de música de autores da mesma geração que a cantora. E também uma das mais bonitas do disco  ("Você verá/ Eu vou ser feliz de dar dó/ Vou rir até desaprumar as parabólicas…")
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