quarta-feira, 23 de maio de 2012

AO PÉ DO OUVIDO// Jogada perfeita em Campo

Por Rosualdo Rodrigues
Costumam ser saudáveis exercícios de criatividade os chamados projetos especiais ou paralelos, esses discos em que músicos se descomprometem com o tipo de música que fazem habitualmente e partem para novas experiências. É o caso do álbum Campo, lançado sob a chancela de Gustavo Santaolalla e Juan Campadónico, produtores do
Bajafondo, projeto de tango eletrônico formado por músicos uruguaios e argentinos. Fora isso, os dois têm vasto currículo paralelo, o que faz com que Campo não chegue a ser um disco inesperado, ainda que surpreenda positivamente.

Santaolalla já levou dois Oscar, pelas trilhas sonoras de Babel e Brokeback mountain e criou a música para outros filmes de sucesso, como Linha de passe, Diários de motocicleta, Amores brutos e Biutiful. Campadónico já integrou as bandas de hip-hop Peyote Asasino e Plátano Macho, fez trilha para teatro, jingles publicitários e produziu discos de Jorge Drexler e para a banda de rock El Cuarteto de Nos – inclusive o recém-lançado Porfiado, também muito bom.
Em Campo, eles deixam de lado a marca Bajafondo (embora a base sejam os músicos do grupo) e o clima de lounge music para criar uma fusão de música eletrônica, pop, rock e cumbia, a que batizaram de "subtropical music". Outro diferencial é a presença de convidados especiais nos vocais.
Como Martín Rivero, uruguaio que foi vocalista da banda Astroboy e hoje segue carreira solo. A ele cabe a voz nos momentos mais pop-rock do disco (Cumbio, Devil waits for me e Heartbreaks). Tem também a sueca Ellen Arkbro cantando “un pasito para lá, um pasito para cá”, na malemolente Marcha tropical, e Veronica Loza, que já pôs voz em discos do Bajofondo, em El viento, que começa meio etérea, mas logo se alinha com o clima mais hard do disco.

A dupla de produtores não precisa se alongar muito para dar sentido a essa mistura. Campo é um disco sucinto, apenas 10 canções --- ora  em inglês, ora em espanhol -- que passam correndo. O resultado é perfeito, um desdobramento natural do que eles fazem no Bajofondo e em suas ecléticas carreiras solo. Tanto pode ser agradável música de fundo quanto, levantando-se mais o volume, dar margem à dança.
Campo ainda não ganhou edição brasileira, mas pode ser ouvido integralmente na internet.

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