Por Rosualdo Rodrigues
O novo disco de Gal Costa, Recanto -- que chega às lojas no próximo dia 6 -- , não é exatamente mais um disco de Gal Costa. Pode-se dizer que 44 anos depois de Domingo, álbum dividido entre ela e Caetano Veloso, a dupla volta a fazer um trabalho conjunto. Embora pareça mais dele do que dela. Caetano compôs todas as músicas, concebeu o disco, imaginou arranjos, conduziu a produção, tudo em torno da voz de Gal, é verdade...
O resultado é instigante, pra dizer o mínimo, mas Recanto pode agradar mais aos fãs do cantor e compositor baiano, principalmente dos que apreciam a fase mais recente dele, com a banda Cê, do que aos que curtem o repertório mais melodioso e convencional – e muitas vezes irregular -- a que Gal dedicou seus últimos discos.
A sonoridade seca, meio rock’n’roll, meio eletrônica, remete a Cê e Zii e Zê, ambos ; o discurso provocativo de músicas como Neguinho e o funk Miame maculelê também é a cara de Caetano. Mas Gal, justiça seja feita, segura com dignidade – e com voz afinadíssima, como de hábito -- a parte que lhe cabe, dando uma colaboração essencial para que o disco seja o que é.
Outro motivo pelo qual Recanto não pode ser considerado mais um disco de Gal é que, de fato, ele é um corte na sequência de lançamentos medianos que ela vinha fazendo. É um disco por vezes sombrio, áspero, estranho, mas que extrai justamente dessa estranheza sua beleza pouco óbvia. Beleza talhada pela riqueza criativa de Caetano, mas que se explicita na voz de Gal.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
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3 comentários:
Vou ouvir e depois digo o que penso. Não confio muito na opinião de quem se diz "crítico" de música.
Não só confio como avalizo as opiniões musicais do Rosu. Opinião de quem lê críticas aqui e acolá: ele é o crítico mais sensato que conheço!
Who the BLEEP is Célia Porto?
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