terça-feira, 27 de setembro de 2011

GASTRONOMIX // Um tapinha não dói! E vários?


Cheguei ao Clos de Tapas já sabendo que – apesar de pouco tempo de casa - era um restaurante referendado. Queridinhos da mídia especializada em gastronomia, a dupla brazuco-hispânica, Ligia Karazawa e Raúl Jiménez, está dando o que falar em Sampa.

Não só pela vanguardista trajetória de ambos os chefs, que têm passagens pelos renomados Can Fabes, Casa Marcial, El Bulli, El Center de Can Roca e Mugaritz (em San Sebastiban), mas também pelo novo conceito de tapas que estão querendo implementar no Brasil.

O som da cozinha ecoa no salão e a experiência de comer no Clos ora surpreende, ora frustra um pouco a expectativa, ora encanta. É sem dúvida necessário sentir e passar pelo tapeo, até porque a opinião em relação a sabores é muito individual.

Vale a pena lembrar que, por trás do Clos de Tapas, há um selo sinônimo de qualidade e sofisticação em São Paulo: o olhar atento do restaurateur Marcelo Fernandes, que transita no bastidor de sucessos como o D.O.M. e Kinoshita.

Feitas as observações iniciais, passemos ao ambiente. A decoração é minimalista, desde a logomarca impressa em local discreto, passando pela bela árvore que fica na frente da grande caixa de vidro com pé direito alto e com direito a mezanino para drinks e beliscagens.

Tudo de muito bom gosto. Mesa, louça de cerâmica, cadeiras de traços simples e painéis nas paredes. O atendimento está a altura. E a cozinha, lá no fim do corredor, perto da escada em formato de cadeia de DNA: UAUUUU!!! Linda, com vidros amarelos e um time de 14 pessoas sendo orquestrado, no dia em que fui, pela agitada chef Ligia. Em 15 minutos em pé, ao lado da cozinha, vi a pequenina fazer de tudo um pouco. Seus musicistas-cozinheiros caprichavam.

O Clos funciona assim. Você pode escolher a tapa que quiser, individual, ou o menu de seis (R$ 134,00) ou nove etapas (R$ 184,00). As opções são diversificadas, com pegadas da cozinha molecular, sem deixar a brasilidade de lado no uso dos ingredientes e combinação de sabores. A carta de vinhos tem mais de 150 rótulos começando por garrafas a R$ 66,00.

Entradinha 1

Manteiga trufada com castanha do pará, pães (azeitona, integral e baguete) e conserva com pepino, cenoura, maxixe e pimenta biquinho feita em casa. Bem criativo e interessante. Você se serve com uma pinça! Sem frescura, tudo a ver com a proposta de tapas.

Entradinha 2

PF do Clos - toritilhas de arroz, caldinho de feijão e farofa de couve. Faltou um pouco de sal na farofinha.

Tapa 1

Uma floresta tropical deliciosa. O nome - e a sensação do prato - é o tronco, uma casca super crocante de mandioquinha, desidratada e defumada, servido com mini folhas e flores com um purê de mandioquinha e cubos de presunto. Uma combinação perfeita de sabor, criatividade e modernas técnicas de cozinha.

Agora, a experiência sensorial: o prato é servido em meio a um show de pirotecnia...rs. Musgos esfumaçantes e casquinhas de madeira em meio a um gelo seco. Alguns acham o jogo cênico dispensável. Curti!

Tapa 2

Ceviche com sopa de peixe, repolho roxo e manjericão
Confesso, era minha maior expectativa. Via a foto do prato em todos os blogs e revistas de gastronomia. Achei belo e inovador. Minha expectativa porém foi frustrada. Tanto é que deixei boa parte do líquido colocado na hora pelo garçom. O sabor do peixe na sopa rouba o paladar. O manjericão some.

Tapa 3

Pirarucu, caldo de galinha, bombom de cogumelos e uramaki.
O peixe de água-doce estava divino, com sabor intenso, e combinou bem com o caldo de galinha em formato de gota. O bombom derrete na boca e dá vontade de comer mais e mais.

Tapa 4

Arroz de pato com fios de laranja e esferas de beterraba. Um prato super gostoso. Deu vontade de mais um porção da tapa!

Tapa 5

Filé com creme de alho assado e farofa de migas
Pra mim, foi o melhor. E olha que não sou carnívoro! O creme de alho é UAU! A carne estava suculenta, no ponto, e misturando um pedaço dela com o creme de alho e esfregando na farofa... Hummmm! Realmente alto nível.

Tapa 6

A rolha e o vinho
Biscoito de amendoim com sorbet de vinho do porto, gelatina e calda de uva.
Um verdadeiro show de técnicas a la Adriá. Uvas em diversas texturas e sabores. Nota 10 para o sorbet e 6 para o biscoito de amendoim. A calda parecia suco de uva de caixinha.

Sai de lá quase espancado. As tapas, na verdade, são pequenas porções de pratos executados com carinho (visível na cozinha) e com as modernas técnicas da gastronomia atual. Deu pra sentir porque a dupla está dando o que falar. E aperfeiçoando aqui e acolá, o Clos veio pra ficar.

Clos de Tapas
Rua Domingos Fernandes, 548
Quase na esquina com Jacques Felix
Vila Nova Conceição – São Paulo
Site:
www.closdetapas.com.br

Um comentário:

jwl disse...

Faaaaaaala Rodrigo,

Qto tempo não comento nada mais saiba que estou por aqui desde do começo.
É encher os olhos e a boca d'agua. Em breve vou a Sampa irei conferir.
Valeu!!!

Will