segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

EU RECOMENDO // Feliz e simples – como deve ser


Rogério e Martim, golden retriever de três anos

Por Rogério Menezes (*)
Convidado especial do Gastronomix

“Ok, há controvérsias a respeito da ideia de que a velhice nos possa trazer certa sabedoria a respeito da vida (e da morte). Mas talvez, de fato, a ação inexorável do tempo nos torne menos imunes aos modismos. Trocando em miúdos: frequentamos lugares, restaurantes, por exemplo, porque de fato queremos - e não porque vorazes formadores de opinião nos queiram enfiar goela abaixo espeluncas de segunda como se fossem a quintessência da alta gastronomia.

Aos 57 anos recém-completados, não tenho mais o direito de cair nessas arapucas midiáticas. Frequento apenas restaurantes que quero frequentar, que me tragam certa, digamos, relação custo-benefício: preços não exatamente estratosféricos, aliados a pratos feitos com delicadeza e esmero.

Coisas da idade, a (minha) questão gastronômica básica é: de que adianta freqüentar restaurantes onde poderei dividir olhares com celebridades dessa e de outras estações (se é que ainda existem celebridades que durem mais de uma estação) se a comida ali servida é banal ou excessivamente, perdão pelo eufemismo, elaborada?

Por essas e outras, gosto muito de certo restaurante de Brasília, no qual o risco de encontrar deputados corruptos, peruas a bordo de bolsas Louis Vuitton, ou jornalistas políticos com acesso a fontes privilegiadas nos podres poderes, é quase zero. Refiro-me ao Felicitá (na esquina da 306 Norte). Existe há vinte anos, tem garçons zelosos e atenciosos, preços sem riscos de nos enfartar, e, na minha modesta opinião, oferece uma das melhooooores pizzas da capital federal.

Voltei lá, levado por amigos queridos que sabem o quanto prezo as pizzas servidas nesse lugar, no dia do meu mais recente aniversário - 6 de janeiro. Estava tudo, como sempre, muito bacana. Prova inconteste de que, tratando-se de gastronomia praticada com alguma competência, importa menos, bem menos, a clientela célebre, ou não célebre, - e mais, bem mais, a qualidade dos pratos servidos.

Resumo dessa opereta, caro leitor: simplifiquemos as nossas existências”.

306 Norte bloco A loja 2
Asa Norte - Brasília
Telefone: (61) 3274 5086

(*) Rogério Menezes é jornalista e escritor. Autor do romance Um Náufrago que Ri (Record, 2009), escreve crônicas semanais no blog O Lobo no Ar (
http://olobonoarriodejaneiro.blogspot.com )

3 comentários:

Anônimo disse...

ai, o que é aquele picadinho com ovo da foto?!!!! eu quero.
DANI

Paulo Mesquita disse...

Saudades de ler as crônicas do Rogério!
Aliás, Rodrigo, pode colocar aí que ele tb é autor do Três Elefantes na Ópera, livro que reúne um série de crônicas que ele escreveu pro correio ali pelo início dos anos 2000.

Anônimo disse...

Obrigado pelas saudades, Paulo. Mas devo corrigir uma informação sua. Três Elefantes na Ópera é o meu segundo romance, publicado em 2001 pela Record. A seleção de crônicas (60) publicadas no CB resultou no livro A Solidão Vai Acabar Com Ela (Versal 2003). Abs