AO PÉ DO OUVIDO// Covers de Amy e do que você não ouviu

Por Rosualdo Rodrigues

Aproveitando a semelhança física com Amy Winehouse, a cantora paulistana Miranda Kassin resolveu montar o show I love Amy só com o repertório da ínglesa problemática. Amy só se apresenta no Brasil em janeiro, Miranda já vem apresentando seu show em São Paulo há algum tempo, em pequenos espaços -- neste fim de semana, ela estará no Comitê, na Rua Augusta. Tem umaterinha ma bacana sobre isso no YouTube.

Mas, além de encarnar Amy nos palcos, Miranda tem um projeto paralelo com André Frateschi, que já rendeu um disco, Hits do underground. A ideia é fazer covers de bandas e artistas indenpendentes. E o bom de fazer um disco com regravações de músicas não tão conhecidas é que para muitos ele terá gosto de inédito. Hits do undeground é assim. Não é preciso ser conhecedor dos originais para se encantar com o trabalho da dupla.

Apesar das características particulares que diferenciam a música de Vanguart da de Os Mulheres Negras ou a de Wander Wildner da de Mombojó -- para citar alguns dos independentes que eles regravaram --, a dupla encontra uma linha que é sua, a de um pop melódico, harmonicamente rico, sem perder a pegada roqueira no momento em que ela se faz necessária. Isso dá unidade ao disco e, somado ao fato de serem Miranda e André dois ótimos intérpretes, transforma o resultado em algo mais do que uma mera coleção de covers.

Hits do underground tem o vigor da música de garagem, alternativa ou independente, como queiram, mas tem também uma elegância toda própria, quase um conceito. Ouvir a delicada voz de Miranda dizendo os palavrões de Artista é o caralho, de Rubinho Jacobina, ou de Fita bruta, de Wado, é no mínimo engraçado. Mas ainda assim convincente.