Luciano MilhomemColunista de Alimentação Natural do Gastronomix
Foi-se o tempo em que a imagem de um vegetariano era a do bicho-grilo, pode-crer, meio (ou totalmente) hippie. O estereótipo cai por terra à medida que gente de todos os meios e estilos adere ao cardápio livre de produtos derivados de animais. Assim, um bom menu sem carnes em Brasília pode estar tanto no self-service macrobiótico de uma entrequadra quanto em um restaurante fino do Lago Sul, como, por exemplo, o Alice.
Foi no Alice que provei um dos mais saborosos pratos vegetarianos nos últimos tempos. Na verdade, seria injusto e até de mau gosto de minha parte descrever o meu almoço sem, antes, salientar o seguinte: não se vai ao Alice apenas para saciar a fome. Restaurantes como esse oferecem mais que um cardápio refinado. Convidam ao verdadeiro prazer da alta gastronomia – sem pressa, sem ansiedade. Slow food no melhor sentido do termo.
Há pouco ruído lá dentro. Sempre sorridente, Alice, a premiada chef e proprietária da casa, quer saber como me sinto, se estou apreciando os pratos, se o serviço está satisfatório. A atenção faz parte do menu. Gosto daquele ambiente tranqüilo, tão diferente das barulhentas praças de alimentação dos shopping centers. Não é todo dia que se pode sair da rotina e almoçar comme il faut: couvert, entrada, prato principal, sobremesa e mais, se eu quiser.
Risoto Primavera, boa opção para os vegetariano. E o Quindim... para todos
Quem resiste a um pão artesanal quentinho e macio com manteiga que se derrete sobre ele? Basta pedir uma Assiette de Fromages Espéciale – prato de queijos variados, frutas secas e, claro, o saboroso pão artesanal. É minha distração até que chegue a Salade Verte – em bom português, salada verde, com folhas variadas, croutons e suave molho de azeite extravirgem e mostarda de Dijon. Abro o apetite, que o espumante aguça ainda mais, enquanto aguardo o Risotto Printemps – ou Risoto Primavera, novidade no Alice.
O prato, especialmente dedicado aos vegetarianos, é elaborado com arroz arbóreo, cubos de legumes, tomate seco e manjericão. Chega quentinho e al dente. Uma delícia, que degusto calmamente, como tudo o mais. Noto que há outra opção sem carnes no menu: Raviolinni aux Fromages, Sauce Classique aux Tomates – raviolini de queijos ao molho clássico de tomates, com manjericão e parmesão. O risoto está ótimo. Vou provar o raviolini da próxima vez.
Já faz quase duas horas – uma eternidade para um dia útil – que estou ali e decido que vou experimentar a sobremesa. Há opções tentadoras. Já que ainda como ovos, por que não apreciar um quindim com calda de frutas? Boa pedida. Impecável. Dou-me conta, então, de que já passa das 14h. Preciso ir. Dispenso o café. Nada de licor. Vou dirigir e trabalhar o resto do dia. Já valeu a pena. Foi como um pedaço de domingo no meio de uma quinta-feira. A chef se alegra ao me ouvir dizer que apreciei tudo e me convida para voltar. Convite aceito. À tout à l’heure!
Alice Brasserie
SHIS QI 17 Comércio Local - Ed. Fashion Park
Lago Sul - Brasília (DF)
Telefones: (61) 3248 7743 e 3248 7699
Site: http://www.restaurantealice.com.br/
(*) Luciano Milhomem é jornalista, mestre em Comunicação pela UnB, bacharel em Filosofia
e não ingere carne de bípedes e quadrúpedes há três anos.
sábado, 21 de agosto de 2010
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