terça-feira, 29 de junho de 2010

GASTRONOMIX // Ensaio sobre a fartura


A primeira vez que li sobre o restaurante português Farta Brutos foi no blog do Fernando Meirelles no dia 27 de agosto de 2007. O cineasta relatava o bastidor da adaptação para o cinema do livro de Saramago. Aliás, foi exatamente o primeiro encontro dos dois que me chamou atenção. Marcaram no Farta Brutos, a pedido do escritor português.

Lá, Saramago e sua mulher Pilar eram de casa. Nem olhavam mais o cardápio. Os donos sempre servem banquete. Da primeira vez que fui à Lisboa, naquele mesmo ano de 2007, fui ao Farta Brutos. Confesso que emocionado. Pedi para me sentar na mesa onde Meirelles e Saramago sentaram. E, para minha surpresa, o dono do restaurante quase nem me deixou olhar o cardápio. Pedi a ele o que tinha de melhor.

Veio a entrada. Queijo estrela, pães e azeitonas. Depois, dois tipos de bacalhau. Quando minha mãozinha alcançava o azeite, ele pulou na minha frente e disse daquele jeito português:

- Vocês, brasileiros. Querem botar azeite em tudo. O bacalhau já foi cozinho no azeite. Não precisa mais.

E não precisava. Estava divino e bem farto (nome justificado). Um dos pratos era de comer com a mão (bacalhau com ovo mexido). O dono me disse e eu, obedeci. Depois mais vinhos e sobremesa. Descobri mais tarde que, além de ser um dos restaurantes prediletos do único Prêmio Nobel de Literatura de língua portuguesa, era também o da diva Maria Bethânia e do presidente FHC.

Quando voltei à Lisboa, em março de 2010, fiz questão de passar lá. Não comi. Fiquei olhando aquela entrada e me lembrando daquela memorável noite.

O Farta Brutos é simples e fica na Travessa da Espera no charmoso Bairro Alto. A entrada é meio escondida com folhagem verdinha. Na parede, fotos de pessoas que passaram por lá. A simpatia impera. Há poucas mesas onde é possível comer uma típica comida portuguesa. Com certeza. Com fartura.

Travessa da Espera, nº 20
Bairro Alto, Lisboa
Telefone: +351 213 426 756
Fecha domingo e feriados

BLOG DIÁRIO DE BLINDNESS - FERNANDO MEIRELLES


segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Post 2: Sobre Saramago, bacalhau e ansiedade

"Farta Brutos. Que nome.

Cheguei às 22h30 e fiquei em uma mesa de canto comendo tremoço e aguardando o José Saramago e sua mulher, Pilar, que chegariam a qualquer momento, vindos de uma noite de autógrafos com Mário Soares.

O Farta Brutos é um dos restaurantes predileto de Saramago em Lisboa. O casal mora em Lanzaroti, uma ilha muito árida na Espanha, mas como estavam de passagem pela cidade justamente quando eu voltava de Pequim, resolvi fazer um pit-stop para encontrá-lo e ainda passar um dia na “Terrinha”, aonde nunca tinha estado. Para esse encontro vieram também o Don McKellar, roteirista, e o produtor, NivFishman, diretamente de Toronto.

O restaurante é um lugar muito pequeno, fica na Cidade Velha e tem umas sete ou oito mesas tocadas pelo casal de proprietários. Nas paredes, muitas fotos de gente conhecida e evidentemente muitas imagens do próprio Saramago. Ao chegar, ele cumprimentou os proprietários com a intimidade de alguém de casa. Tentou, mas não pediu os pratos: o dono do restaurante foi simplesmente mandando para a mesa o que achava que deveríamos experimentar. Não parava de chegar comida. Quando eu já estava satisfeito, fiquei sabendo que aquilo tudo era apenas a entrada. Então começaram a chegar os diferentes pratos de bacalhau. O nome do restaurante fez todo sentido (...)".

Veja post completo: http://blogdeblindness.blogspot.com/2007/08/sobre-saramago-bacalhau-e-ansiedade_27.html

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