
Junho chegou ao fim e eu quase ia esquecendo, mas ainda dá tempo de falar em forró, já que em Brasília as festas juninas costumam se transformar em julinas e podem até entrar agosto adentro. Na verdade, quero falar sobre Fé na festa, o disco mais recente de Gilberto Gil, no qual ele mais uma vez se dedica ao gênero. Um disco maravilhoso, pelos motivos que exponho na crítica abaixo, escrita originalmente para o Correio Braziliense. E como música boa não tem época definida, Fé na festa é forró para o ano todo.
Aí vai o texto:
Nem os universitários que cultuam o pé-de-serra nem as megabandas eletrônicas. As experiências mais interessantes de atualização do forró estão em discos conceituais como este Fé na festa. Gilberto Gil não é forrozeiro, mas para ele a música difundida por Luiz Gonzaga é, além de influência, uma referência afetiva. Ao longo da carreira, o baiano tem assimilado o forró sem prendê-lo a um nicho, mesmo ao fazer discos como As canções de Eu, tu, eles (2000) ou São João vivo (2001), especialmente voltados ao gênero.

Fé na festa resulta num álbum musicalmente colorido como as festas juninas, mas que extrapola o caráter de disco de época. Aliás, uma das músicas resume bem o que acontece quando Gilberto Gil cai no forró: “Não posso fazer feio, não/ Isso eu aprendi com o rei” (Aprendi com o rei, de João Silva). Gil aprendeu mesmo, e não podia fazer mais bonito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário