segunda-feira, 17 de maio de 2010

EU RECOMENDO // Dali Courtyard em Pequim


Por Cláudia Trevisan (*)
Convidada especial do Gastronomix


“Não é fácil encontrar o Dali Courtyard, mas uma vez conhecido o caminho, é impossível não voltar muitas vezes. Escondido em um obscuro hutong, como são chamadas as antigas vielas de Pequim, o restaurante é especializado na culinária da província de Yunnan, que fica no sudoeste da China, próxima do Tibete. No Dali, não só a comida é irresistível. Como o nome diz, o restaurante fica em uma típica casa chinesa com pátio interno - o courtyard -, que dá uma atmosfera única ao lugar. Durante o inverno, é possível olhar a neve a partir das portas envidraçadas das salas internas e, no verão, é uma delícia comer no pátio, ao som da água que cai de uma pequena fonte.

Yunnan é a província chinesa com o maior número de minorias étnicas, cerca de 25, cada uma com sua própria tradição culinária. A cozinha da região é formada por essas diferentes escolas e ainda traz influências do sudeste asiático, especialmente dos vizinhos Vietnã, Laos e Mianmar. Da China, Yunnan captou o espírito da província vizinha de Sichuan, marcada pelos pratos fortemente picantes.

Localizada no norte de Yunnan, a cidade de Dali foi a capital de um reino independente nos séculos 8 a 13, até a região ser ocupada pelos mongóis que dominaram a China a partir de 1271. Hoje, o local é um dos destinos preferidos dos mochileiros em busca de exotismo e tranquilidade no oeste chinês.

O restaurante não tem cardápio e serve um menu fixo, que tem algumas variações de acordo com o dia. O sistema evita a angústia da escolha e permite um mergulho nos diferentes sabores de Yunnan. Os garçons, que arranham o inglês, só perguntam se você tem alergia a algum alimento.

A entrada já vem com dois de meus pratos prediletos: um cogumelo escuro bem consistente e picante e uma incrível salada de “pele de tofu” com folhas hortelã. A “pele de tofu” parece uma massa bem fina cortada em tiras, com uma consistência e sabor diferentes do tofu tradicional.

A partir daí, a experiência gastronômica no Dali parece ser ilimitada - literalmente. Quando você acha que já viu tudo, mais um prato chega à mesa. Entre os mais surpreendentes está o camarão frito com folhas de limoeiro, que dão um sabor único ao crustáceo e também podem ser comidas.

O último prato é uma presença constante no cardápio: peixe assado temperado com cominho e servido com molho picante. Ele tem espinhos, como a maioria dos peixes servidos por aqui, já que os chineses os consideram mais saborosos. Mas isso não impede que seja desfrutado até o fim.

Entre o camarão e o peixe, são servidos frango ou carne, queixo de cabra assado, aspargos ou brócolis e um cogumelo que ocupa o primeiro lugar no meu ranking de melhores cogumelos do mundo. Apesar de escondido, o Dali fica em uma das mais badaladas regiões de Pequim, Gulou, que tem pelo menos 700 anos de história. A poucas quadras ficam as torres do Sino e do Tambor, que durante a era imperial eram usadas para marcar a passagem do tempo.

O Dali também está próximo da Nanluoguxiang, nome do hutong que se transformou em um dos endereços mais trendies de Pequim, com uma sucessão de lojas, bares e restaurantes descolados. O preço é mais alto que a média dos restaurantes chineses, mas ainda assim, o menu fixo sai por 100 yuans, o equivalente a R$ 27. Mesmo com muitas cervejas, a conta dificilmente ultrapassa os R$ 40.”

Dali Courtyard
67 Xiaojingchang Hutong
Gulou Dong Dajie - China
Telelefone: (86 10) 8404-1434

(*) Claudia Trevisan é jornalista desde 1987 e, atualmente, é correspondente do jornal Estado de S.Paulo na China. De Pequim, ela escreve o blog Tao da China. Confira:
http://blogs.estadao.com.br/claudia-trevisan/. Ela também já foi correspondente em Buenos Aires e Nova York e publicou dois livros: China, o Renascimento do Império e Os chineses.

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