quarta-feira, 14 de outubro de 2009

AO PÉ DO OUVIDO // Quando crescer quero ser Francis Hime

Por Rosualdo Rodrigues

O assunto deste post seria o disco novo da Bebel Gilberto, mas ontem entrevistei Francis Hime (por telefone, matéria para o Correio Braziliense) e fiquei tão impressionado com a jovialidade, simpatia e disposição dele que não resisto a deixar Bebel para a próxima quarta-feira. Hime fez 70 anos recentemente e, para comemorar, está lançando um álbum duplo, O tempo das palavras... Imagem. Um dos CDs traz músicas inéditas dele com parceiros como Geraldo Carneiro, Olívia Hime, Moska, Edu Lobo e Paulo César Pinheiro. No outro, temas instrumentais que compôs para trilhas sonoras de diferentes filmes (Dona Flor e seus dois maridos, A estrela sobre, A noiva da cidade...), e que ele recria em arranjos para piano solo.

Nos dois discos, é evidente o vigor que Francis Hime mantém na criação musical. É incrível como, depois de tantas canções compostas, ainda há frescor na forma como suas melodias envolvem as palavras, ou como elas são criadas de maneira a deixar-se ocupar fácil e harmoniosamente pelas palavras – ele tanto põe música em letras prontas (caso das que compôs com Geraldo Carneiro) quanto entrega melodias para outros “letrarem” (como na que fez com Moska).

No disco instrumental, as composições se renovam no tête-a-tête dele com o piano, na habilidosa viagem que faz nas variações dos temas, criando algo com gosto de inédito, mesmo em se tratando de músicas conhecidas (caso das de Dona Flor, por exemplo). É tão sublime que não se vê o limite entre popular e erudito. Tão bonito que quase não dá para acreditar que só agora, aos 70 anos, Francis Hime tenha gravado seu primeiro disco de piano solo, embora estude o instrumento desde os 6 anos de idade.

E aí, quando você o ouve falando, entende o por quê de tudo isso. É notável o entusiasmo e boa vontade com que Francis Hime fala sobre seu processo de trabalho, sobre o disco, sobre os projetos que tem em andamento. A jovialidade está no tom da voz, na naturalidade com que transparece a paixão pelo ato de criar música. Pergunto se depois de 50 anos de carreira um músico corre o risco de estabelecer uma relação burocrática com seu trabalho, como outro profissional qualquer. Ele diz que não, que dá vontade de inventar mais, de fazer mais coisas diferentes.

Então, que faça muitas e muitas ainda. Eu já decidi: quando crescer (mais do que já crescci), quero ser Francis Hime.

3 comentários:

Sandra disse...

Hello =) Blog hopping...

Robério disse...

Engraçado que ontem coloquei o disco Sinfonia Brasileira, com algumas composições de Francis Hime e outros autores, para um cliente ouvir e comentamos a beleza dos arranjos, enfim muito bom disco.E hoje Francis Hime está aqui no Ao pé do ouvido.Sim, o cliente comprou o disco.
Abraço,
Robério

Anônimo disse...

Sempre adorei o Francis, gostei da dica, vou correndo atraz. Cida