quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

ALMANHAC // Pisco sour, o peruano de ascendência americana

Rosualdo Rodrigues
Colunista de Variedades do Gastronomix

O pisco está para o Peru como a cachaça para o Brasil. Portanto, o pisco sour, mais famoso drinque feito a partir da bebida, seria a caipirinha dos peruanos. E dos chilenos também. Sim, os chilenos garantem que o pisco sour foi criado lá. Só que o chef Martin Morales, no livro “Ceviche” embola ainda mais a história e garante: o inventor é um americano. E dá nome e data.

Segundo Morales, chef-proprietário do restaurante Ceviche, em Londres, um certo Victor V. Morris saiu de Salt Lake City, Utah, para se estabelecer em Lima e trabalhar numa ferrovia. Victor acabou abrindo o Morris’ Bar, onde criou uma variação do whiskey sour, usando uma bebida farta no local, o pisco. 

Ao que se sabe, os americanos já bebiam o whiskey sour (uma mistura de bourbon, suco de limão, açúcar e clara de ovo) desde 1870 (é dessa data a menção histórica mais antiga da bebida, encontrada Waukesha Plain Dealer, de Wisconsin).

O senhor Morris, portanto, nada mais fez que substituir o uísque por pisco. E agradou a sua clientela, formada por políticos, diplomatas, escritores e artistas, que trataram de divulgar a receita.

Quando Victor V. Morris morreu, em 1929, o Morris’ Bar fechou, mas muitos de seus funcionários, que já conheciam o modo de preparo do drinque, foram trabalhar em outros estabelecimentos e levaram a ideia.

Logo, até os chilenos estavam familiarizados com o pisco sour. Hoje, existem muitas variações do coquetel. O próprio Martin Morales criou uma receita, o Soho Pisco, especialmente para seu restaurante, que fica no Soho londrino.

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