quarta-feira, 16 de agosto de 2017

ALMANHAC // Comer carne ou não? Seu tataravô não tinha essa dúvida

Rosualdo Rodrigues
Colunista de Variedades do Gastronomix

Seja por motivos ambientais, de saúde, éticos ou filosóficos, muita gente gente aboliu, hoje em dia, o consumo de carne vermelha. As justificativas são justas e têm cada uma sua carga de razão. Só não vale dizer a esta altura da história da humanidade, que o homem não é um animal carnívoro.

Achados arqueológicos dão conta de que há 30 mil anos de nossa era os humanos já comiam carne, fosse caçando ou roubando carcaças de animais mortos. O hábito alimentar está presente na história de quase todos os povos.

Se hoje a carne bovina e o grande centro do debate, outros tantos animais já foram ou continuam sendo “vítimas” da fome do homem. Antes de Cabral inventar o Brasil, os índios que aqui viviam, por exemplo, matavam, assavam e comiam paca, queixada, capivara, macaco, tatu…
Os africanos não dispensavam um naco de elefante, crocodilo, hipópotamo… Na Ásia, búfalos, felinos e até camelo entrava no cardápio. E nem vamos falar em aves e peixes que merecem - cada um - um capítulo à parte.

Em algumas sociedades, há a restrição por motivos religiosos. A exemplo da Índia, em que grande parte da população é vegetariana – há regiões e que se comem aves e peixes, mas o consumo de carne de boi é proibido porque esse é considerado um animal sagrado.

Na tradição judaica, a carne suína é tida como impura e, portanto, proibida. Mas no Torá, o livro sagrado dos judeus, há uma lei, a krasbut, que determina todos os procedimentos de abate de animais e preparo de carne, de modo a tirar todo o sangue, “porque sangue é vida, e esta pertence ao Criador”. Daí surge a chamada comida kosher.
Por falar em preparo, o homem não só é carnívoro, mas também sofisticado no hábito de comer carne. Daí que foi inventando: churrasco, picadinho, feijoada, filé Chateaubriand, filé Wellington, paillard, bife acebolado, rosbife, costelinha ao barbecue, parmigiana…

Enfim, da carcaça assada e devorada com as mãos à beira da fogueira até o steak tartare degustado em finíssimos restaurantes, é uma longa história — à qual veganos e vegetarianos estão tratando de dar novos rumos.

Fonte: “Carne & Cia”

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