quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

POR AÍ // Dom, sempre um presente

Gustavo Pereira
Colunista de Gastronomia do Gastronomix

Para um apaixonado por comida, o melhor presente é conhecer um restaurante que esteja na lista de prioridades. Há alguns anos, o presente inesquecível foi ir ao restaurante DOM do Alex Atala pela primeira vez.


A sensação de chegar ao restaurante foi como ir a Disney. Tanto se falavam do ambiente, da comida, do chef, do menu que eu tinha a expectativa mais elevada possível. Quem pôde me ver entrando no restaurante percebeu um sorriso largo, um olhar atento em tudo que o garçom descrevia e uma curiosidade absurda por cada detalhe da cozinha que se via atrás de um vidro. Ali, uma sinfonia afinada de cozinheiros super bem orquestrada pelo mestre Alex Atala se transforma num show a parte, bonito de se ver.
Infelizmente, fui tão decidido no prato que eu queria experimentar que decidi não pedir o menu degustação. Mas ainda quero voltar para conhecer essa viagem gastronômica. Recomendo sem nenhuma dúvida. Eu tinha ali uma missão, conhecer o purê tão famoso de Aligot do Chef. Por isso, optei por escolher meus próprios pratos.
Para falar um pouco do restaurante mais cobiçado do Brasil, considerado o nono melhor do mundo, precisa estar ali, sentir um pouco essa viagem por meio do redescobrimento da cultura brasileira. É principalmente uma viagem de conhecimento sobre os sabores do Brasil, uma realidade genuína que nos coloca em contato com ingredientes nacionais como açaí, jambu, tucupi.

Impossível não fazer uma reflexão e perceber o quanto estamos distante dessa cozinha, vivemos para massagear o ego da gastronomia mundial e nos esquecemos da nossa rica e vasta cozinha que nos tornou quem somos hoje, o que levamos de cultura para o mundo e isso deve ser celebrado pois é uma conquista de todos os brasileiros. Devemos sim ter orgulho desse país que tem uma das culinárias mais ricas do mundo.


Para começar nessa viagem pelo Brasil, minha entrada foi um espagueti de palmito pupunha puxado na manteiga de garrafa e que trazia um sabor suave e marcante ao mesmo tempo. Uma viagem ao norte por onde o chef busca o palmito pupunha apenas de cultivo sustentável em função da extração descontrolada sob o risco de extinção.
Para o prato principal e carro chefe do restaurante, fui de medalhão de filet mingon com o famoso purê elástico de aligot do Alex Atala. Um purê que mistura o queijo minas com gruyere e batata. Esse é um clássico para se comer de joelhos e rezando. É incrivelmente bem feito, completamente liso e para se comer em grandes quantidades.

E o espetáculo fica por conta do garçom que vem manuseando o purê com duas colheres até cair em seu prato de forma espetacular. Naquele momento, eu já estava satisfeito com tudo que eu presenciei, uma orgia gastronômica do começo ao fim.
Mas teve um sobremesa que pulou meus olhos por sua combinação de ingredientes e beleza estética. Pedi um ravióli de limão e banana ouro com essência de priprioca, uma erva da Amazônia. Um sobremesa leve, nada doce, porém deliciosa.

Sem dúvida, um restaurante para se ir várias vezes e ter contato com a cultura brasileira. Tanto aprendizado e conhecimento compartilhado a cada prato, a cada sabor, a cada novo ingrediente e é tudo nosso, muito brasileiro. Um orgulho nosso de cada dia. E viva a culinária brasileira e vida a nossa cultura.


D.O.M

Rua Barão de Capanema, 549
Jardins, São Paulo
Telefone: (11) 3088.0761
Site: www.domrestaurante.com.br/

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