Colunista e Crítica de Gastronomia
do Gastronomix
Não sei se isso acontece com vocês. Mas quando eu penso em uma viagem
ou um passeio que já fiz, cada lembrança é associada a um sabor, cheiro ou a
uma experiência gastronômica. Da ida à Viena, quando fui conhecer a casa onde
meu pai morou na infância, está vivo o gosto da torta de chocolate que comemos
numa tarde de primavera em 2006 no clássico hotel Sacher.
Quando saí pela primeira vez com o Leo, meu cunhado, em Paris, tomamos
um chocolate quente inacreditavelmente bom e cremoso pertinho da Bastille. Poucos
dias depois, ele pediu a minha irmã em casamento.
No segundo ou terceiro dia da minha lua de mel em Buenos Aires, comemos
num boteco perto do estádio do Boca, o La Bombonera. O El Obrero tinha
sido fortemente recomendado por um amigo do Gustavo mas era escuro e cheio de
fotos de jogadores nas paredes. Ou seja, nada romântico. Lembro até hoje da
minha surpresa: foi o melhor bife de chorizo que já comi na minha vida.
Podia passar o texto todo citando as minhas lembranças. São inúmeras...
Mas o meu objetivo aqui é falar do que virou o meu hobby nos últimos anos:
estudar e organizar meus roteiros de viagem à partir da cozinha de cada lugar.
Além de buscar museus, shows e passeios, meus registros de viagens
passam pelas mesas de cafés e restaurantes. E eu sou da teoria de que, quando a
gente começa a planejar, já começa a viajar. Exatamente por isso, pesquiso
muito sobre a cena gastronômica de cada cantinho. Nesse momento, estou em pleno
processo de organização de uma viagem para Portugal que farei em novembro.
Por onde começar?
Definido o período das férias, além de economizar para pagar a viagem, a primeira coisa que eu faço é comprar guias. E não me prendo apenas aos de turismo. Sempre que possível, busco publicações específicas de gastronomia (nos Estados Unidos, por exemplo, o Zagat é uma ótima opção www.zagat.com).
Definido o período das férias, além de economizar para pagar a viagem, a primeira coisa que eu faço é comprar guias. E não me prendo apenas aos de turismo. Sempre que possível, busco publicações específicas de gastronomia (nos Estados Unidos, por exemplo, o Zagat é uma ótima opção www.zagat.com).
Para a minha viagem a Portugal, comprei na Amazon o Guia Michelin. Aqui
vale uma ressalva. Deve ser o guia de capa vermelha pois é ele que fala das
melhores hospedagens e restaurantes de cada cidade. O de capa verde é um guia
de turismo comum. E engana-se quem pensa que tudo o que tem no guia é
caríssimo. É claro que tem os estrelados (maravilhosos) mas também há outras
ótimas opções. E é fato: se está no Michelin, mesmo sem estrelas, é, no mínimo,
bom.
Normalmente, o ideal é começar a ler e se informar antes mesmo de
comprar passagens e reservar hotéis. Isso porque você pode decidir mudar algo
no vôo e, quando for fazer a alteração, perderá todo o desconto. Eu, por
exemplo, vou alugar um carro para descer do Porto a Lisboa. Pela TAP, comprei a
chegada por um lugar e a saída por outro para evitar um deslocamento
desnecessário. Essa mudança não alterou em nada o preço da passagem já que
comprei com antecedência de seis meses. E a decisão só foi tomada depois de
termos definido que passaríamos três dias na região do Douro.
De acordo com o guru das viagens, o jornalista Ricardo Freire (do blog
Viaje na Viagem), o melhor momento para reservar hotel é exatamente três meses
antes da data de hospedagem: quando as tarifas descontadas aparecem nos sites
de reservas de hotéis. São aquelas que exigem pagamento imediato mas que dão
desconto de 10% ou 15%.
Ou seja, cerca de 100 dias antes da viagem, gaste parte de seu fim de
semana ou algumas noites em sites de busca de hotéis para cruzar as cidades que
estarão no seu caminho e as melhores ofertas. Aqui, sempre uso o Tripadvisor (http://www.tripadvisor.com.br) e
o Booking (www booking.com) que dão as avaliações de quem já se hospedou e
também os preços. Confesso que, na imensa maioria das vezes, faço a reserva no
próprio site do hotel mas não sem antes conhecer os defeitos e as qualidades
apontadas pelos outros turistas.
Já o prazo de dois meses é, para mim, o marco para reservar os grandes
restaurantes. Pelo meu cronograma, por exemplo, sei exatamente que dias estarei
no Porto. Lá quero jantar no The Yeatman, cujo chef foi eleito em 2013 o melhor
de Portugal e a carta de vinhos ganhou prêmio da Wine Spectator. Como falta
apenas um mês e meio para minha ida a Portugal, é claro que eu já reservei.
Aqui, vale outra ressalva, em Nova York, o prazo ideal é de três meses, quando
são abertas as reservas no site Open Table (www.opentable.com).
Feitas as reservas dos principais restaurantes, é hora de começar a
buscar também os passeios e, se possível, também garantir as entradas para não
pegar fila. Isso não é um problema em Portugal. Mas na Itália, por exemplo, é
imprescindível comprar os ingressos do Coliseu antes.
Minha ideia é, antes de viajar, escrever aqui no Gastronomix o meu roteiro fechado com os pontos de destaque de cada
cidade e com os restaurantes escolhidos. E prometo que, quando eu voltar,
também contarei para os apaixonados por gastronomia as melhores experiências.
Quem sabe você se anima para a próxima viagem?
2 comentários:
Que delícia de texto! Quase tão bom como um pedaço de Sacher Torte ou um chocolate quente no Amorino!
Realmente seu texto é uma viagem!
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