Colunista e crítica de Gastronomia do Gastronomix
Me lembro no meu primeiro dia de aula de harmonização de bebidas no
curso de gastronomia. Todos estavam meio apreensivos. Mesmo aqueles que gostam
de tomar vinho ou cerveja. Afinal, cheio de pompa, o conceito ligado à
harmonização assusta ou, pelo menos, intimida.
Mas falando sem mistérios, harmonizar significa apenas combinar bem os
sabores. E serve não apenas para as bebidas. Por exemplo, nada harmoniza melhor
com arroz branco bem soltinho do que um bom feijão. Quando a gente pensa
assim, fica bem mais fácil começar a driblar os segredos das técnicas para
escolher o que beber com cada prato. Afinal, todo o fundamento da harmonização
está ligado ao benefício que a combinação pode trazer.
A ideia é, por exemplo, que o vinho ganhe mais corpo e elegância ao ser
aproveitado com um tipo de comida. E o mesmo lucro deve vir na mão contrária. A
receita também deve ficar melhor a cada gole na taça. Minha ideia aqui neste
texto é dar algumas pequenas e valiosas dicas para esse processo ser mais
prazeroso.
A lógica é simples. Comida mais pesada vai bem com um vinho mais
estruturado e encorpado. É o caso do cabernet sauvignon (um tinto com presença)
que combina com carnes gordurosas, assadas, cozidas ou grelhadas e também com
receitas que tenham sabores mais fortes como alho ou pimenta.
Já uma receita mais leve, com sabores mais sutis, deve ser acompanhada
por um vinho mais delicado. Nada como um sauvignon blanc com risoto de
frutos do mar. Ele tem uma pequena acidez e acaba interferindo positivamente no
sabor do prato.
No caso de dúvida, ainda vale a máxima: proteína vermelha com vinho
tinto e peixe com vinho branco. É claro que há inúmeras exceções, como vinhos
tintos leves para acompanhar peixes mais gordurosos, por exemplo, mas não se
arrisque caso não esteja seguro.
Além disso, uma ótima dica é a nacionalidade da comida. O malbec
(produzido principalmente na Argentina) vai mundo bem com churrascos e carnes
de mais personalidade como as que são servidas em todos o canto no pais
vizinho. Assim como massas casam com sucesso com vinhos italianos como os
produzidos em Chianti, na região da Toscana. Já o bacalhau é servido
primorosamente com vinhos do Douro (tintos ou brancos). Não tem como errar.
Mas se a insegurança ainda estiver presente, minha professora de bebidas
na faculdade, Rachel Alves sempre repetia que um bom champagne brut é a única
bebida capaz de acompanhar todo o jantar desde a entrada, passando pelo prato
principal e fechando a sobremesa. Como adoro um bom espumante, quem sou eu para
discordar...
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