quarta-feira, 27 de março de 2013

AO PÉ DO OUVIDO// A sereia de Jaboticabal

Por Rosualdo Rodrigues

Belo disco esse Amor inventado, o primeiro solo de Karina Zeviani. “Faz lembrar trilha de filme misturando Norah Jones com Tarantino e Win Wenders, lona de circo mambembe, pipoca doce em volta do chafariz da praça”, está no release de divulgação. Uma definição tão precisa quanto pode ser no caso de um disco de muitas nuances.
Buiu, a música que abre Amor inventado, lembra outra Karina, a Buhr. Mas, na segunda, Amor inventado, já é outra coisa. E assim por diante. O timbre pode lembrar aqui Wanessa da Mata, ou Zizi Possi ali. Ela pode ser confundida com alguma cantora estrangeira na canção pop Miguelito, mas em seguida aparece com um lirismo bem brasileiro na “cantiga” Maria Rosa.
São só impressões de quem busca um apoio na tentativa de entender o novo que ela consegue realmente ser (com leveza, sem qualquer pretensão de soar, digamos, vanguardista). No fim, é Karina Zeviani, uma voz linda, um canto natural; compositora capaz de criar melodias que, com alegria suavidade e até senso de humor, envolvem ou despertam o interesse do ouvinte à primeira audição; uma artista capaz de caminhar em diferentes direções sem que isso faça desse disco de estreia uma atordoada metralhadora giratória.
Muito provavelmente, isso é conseqüência dos nove anos que essa paulistana de Jaboticabal passou no exterior. Karina teve temporadas em Nova York, Londres e Paris, e nessas andanças fez vocais para o Nouvelle Vague, na França, e para o Thievery Corporation, nos EUA. Amor inventado é produto da cabeça dessa cidadã do mundo que descarta deslumbramento e mantém os pés fincados em sua aldeia. É clichê, mas cabe aqui: brasileiro e universal.

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