Dois mil e treze mal começou e já saiu “um dos melhores
lançamentos do ano”. É lindo lindo lindo o CD/DVD Mujer divina – Homenaje a Agustín Lara, de Natália Lafourcade. Ela
é uma cantora e compositora que tem se destacado na música pop mexicana desde
2002, quando lançou o primeiro disco. Ele, Agustín Lara (1900-1970), o
homenageado, é autor e/ou intérprete de clássicos da canção romântica latina,
como Solamente una vez, Granada, Mujer
divina, Farolito, Maria bonita e Pensa
em mi – dessas, só as duas primeiras não entram no repertório do disco.
Inusitada à primeira vista, a junção entre canções hoje vistas
por muitos como cafonas e a veia pop de uma artista superantenada – Natália é
conhecida por fazer muitas parcerias e participar de variados projetos – resulta
em um disco que tanto pode funcionar como apresentação do antigo compositor a
um público mais jovem quanto como um agradável revival para os fãs de Lara que
não sejam tão puristas..
Natália optou
por trabalhar livremente com as músicas de Agustín Lara. Tanto que assinala
algumas como adaptação. Apesar de toda liberdade e modernização dos temas, ela mantém
o essencial na obra original, que é o sentimento exposto à flor da pele.
Outro trunfo do disco é a presença de muitos convidados
masculinos, que aproximam as recriações do seu criador, que era, acima de tudo, um
intérprete, digamos, pungente. Na lista, figuram nomes como Gilberto Gil (Farolito), Miguel Bosé (Si no pueden quererte), Rodrigo Amarante
(Azul), Jorge Drexler (Oración caribe) e Devendra Banhart (Amor, amor de mis amores), além de
outros pouco ou nada conhecidos entre o público brasileiro.
Mas é a única mulher convidada quem cria o momento mais
emocionante do DVD. La fugitiva tem outra
versão no DVD, com Kevin Johanssen, mas o dueto de Natália com Lila Dows, na
mesma música, no DVD, é imbatível (de chorar, eu diria). Uma performance não só bonita de ouvir, mas também
de ver na bela fotografia em preto e branco, com intervenções colorizadas, que
dão um ar envelhecido ao vídeo.
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