quarta-feira, 25 de abril de 2012

AO PÉ DO OUVIDO// O Pará é o que há

Por Rosualdo RodriguesA música do Pará está em evidência nos últimos dias. Está na novela das sete, Cheias de charme (Ex-mai love, de Gaby Amarantos); na das seis, Amor eterno amor (Ai menina, de Lia Sophia); no filme Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios (em que aparece Dona Onete cantando carimbó); no disco de Felipe Cordeiro, Kitsch pop cult, que acabou de sair e foi bem recebido pela crítica; e no novo de Gaby, Treme, que nem saiu e já está causando com a dita música da novela.
Não é a primeira vez que os sons produzidos no estado do Norte descem país abaixo. Nos anos 70, Eliana Pitman foi buscar lá o que se tornou o maior sucesso de sua carreira, Mistura de carimbó – um pot-pourri de músicas de Pinduca. Nos 80, a lambada virou febre -- Beto Barbosa à frente da onda. Nos 90, surgiu a Banda Calypso. Por isso, eu ousaria dizer que, depois do Nordeste, o Pará é o ponto fora do eixo Rio-São Paulo com mais potencial para produzir música de consumo nacional.
Carimbó, lambada, guitarrada, brega, tecnobrega, a mistura do molejo brasileiro com os ritmos que vêm da América Central, como o zouk... A música produzida em Belém e arredores é muito marcada pelo ritmo e provavelmente daí vem o apelo que a faz pegar fácil onde quer que toque. É regional, mas é extremamente envolvente para "estrangeiros".
Isso é fácil de ver no disco de Felipe Cordeiro. A base dele são os ritmos locais, mas Kitsch pop cult ficaria deslocado na prateleira de música regional, pois é pop nacional, do bom, dançante, pensante e bem-humorado. Lia Sophia segue a mesma toada em Amor amor, seu terceiro disco, em que ela transforma antigos sucessos bregas, dando um toque de requinte (Ai morena não faz parte desse disco, creio que foi gravada especialmente para a novela).
Já Dona Onete, ou Ionete da Silveira Gama, é uma senhora conhecida por lá como a Rainha do Carimbó Chamegado — o carimbó com levada e letras sensuais — e lança em breve, aos 73 anos, Feitiço caboclo, o primeiro disco solo. Nele está Amor brejeiro, música que está na trilha sonora de Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios... É de se esperar, assim como vale ter expectativa em torno de Treme, de Gaby Amarantos, que a Som Livre promete para os próximos dias. Tudo indica que, depois desse, Gaby ficará conhecida como algo mais do que a "Beyoncé do Pará".

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