quarta-feira, 12 de outubro de 2011

AO PÉ DO OUVIDO// Para quem não teme a tristeza

Por Rosualdo Rodrigues

E, como eu disse cinco posts atrás, quem curte k. d. lang vai curtir também Mary Gaulthier, uma cantora folk norte-americana de vocal e personalidade musical fortes como lang. E que gosta de meninas, como ela -- informação que seria dispensável não fosse o fato de Gaulthier ser militante e ter seu nome associado à causa gay lá nos Estados Unidos.

Aos 49 anos, a cantora tem a seu favor uma história com lances dramáticos, como ter sido abandonada pela mãe ainda bebê e adotada por uma família católica (da qual fugiu na adolescência), ter passado por clínicas de recuperação por causa do vício em drogas e aos 18 anos, em pleno aniversário, ter passado uns dias na cadeia.

“A seu favor” porque experiências como essas costumam deixar a alma de qualquer um mais curtida e, em se tratando de cantores-compositores como ela, isso se reflete na música, na intensidade do canto, nos pontos de vista expressos nas letras... Pelo menos The foundling, álbum que lançou no ano passado, o único de Gaulthier que conheço e que bastou para que eu me encantasse por sua música, tem tudo isso.

Denso e doce, o disco é feito todo de belas melodias, que oscilam entre o folk e o country e nos remetem, em alguns momentos, a artistas da magnitude de Leonard Cohen e Bob Dylan. Canções que têm uma certa carga de tristeza e melancolia e tiram daí sua beleza... A começar pela faixa que dá título ao disco, de tom autobiográfico, ao falar sobre uma criança “abandonada, não amada, não abençoada”.

E pensar que essa moça começou a carreira em 1997, já tem oito discos e nenhum apareceu por aqui (pelo menos que eu saiba). Entre eles, Drag queens in limousines (1999) e Between daylight and dark (2007). Este ano ela lançou The foundling alone, com versões acústicas das músicas do disco do ano passado, gravadas durante a preparação para o álbum. Como diz o clichê, "vale a pena conferir". O meio de chegar a todos eles é virtual – baixando.

Um comentário:

Roberio disse...

Oi Rosualdo.Vou baixar e ouvir.Certamente é um belo disco.Abraço, Roberio